Surdez silenciosa
A apresentadora Adriane Galisteu relatou durante o podcast PodCringe que perdeu 60% da audição por conta de uma doença chamada de otosclerose. Ela afirmou que o problema começou há 11 anos, com mal-estar da surdez, perda do equilíbrio e pressão no ouvido. Mas afinal, o que é essa doença que pode deixar a pessoa surda? Para falar sobre otosclerose, a Bem-Estar conversou com quatro especialistas sobre causas, tratamentos e reabilitação.
O médico otorrinolaringologista e professor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp Vagner Antônio Rodrigues da Silva explica que a otosclerose afeta uma estrutura interna do ouvido chamada cápsula ótica - um osso que envolve o labirinto e a cóclea, responsável pela audição. “Em grande parte dos casos, ela se caracteriza pela formação anormal do tecido ósseo que não permite a movimentação adequada do estribo (o menor osso do nosso corpo), prejudicando a audição”, disse.
Segundo a médica otorrinolaringologista da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP) Larissa Ramos Ribeiro, o estribo é importante para levar o som de fora até o ouvido interno. “Quando esse osso fica preso ou endurecido, o som não consegue passar direito e a pessoa começa a perder a audição aos poucos.”
A otosclerose pode se manifestar inicialmente com sintomas como tontura e zumbido no ouvido. Em cerca de 80% dos casos, a doença afeta ambos os ouvidos, mas isso pode variar. “A condição pode se manifestar de forma simétrica ou assimétrica, variando de paciente para paciente”, explica o professor Vagner Antônio Rodrigues da Silva, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.
O otorrinolaringologista Luciano Maniglia acrescenta que, embora o mais comum seja o comprometimento bilateral, há casos em que apenas um ouvido é afetado. “Normalmente, acomete ambos os ouvidos, mas pode ser unilateral e até apresentar tempo de evolução diferente entre os lados”, afirma.
Hereditariedade
A otosclerose tem origem hereditária e está associada a fatores genéticos, como explica o professor Vagner Antônio Rodrigues da Silva, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. “A doença tem um forte componente genético, com quase uma dezena de genes conhecidos associados”, destaca o especialista.
Além disso, a condição é mais comum em mulheres, como ressalta o otorrinolaringologista Luciano Maniglia. “É mais frequente em mulheres, numa proporção de dois para um, com perda auditiva geralmente observada entre a terceira e a quarta décadas de vida”.
O acompanhamento fonoaudiológico é uma etapa essencial no diagnóstico e no processo de reabilitação de pacientes com otosclerose, como explica a fonoaudióloga Karen Carolina Kojima Pereira, da Unimed.
“O fonoaudiólogo irá realizar exames auditivos, como a audiometria e timpanometria, os quais visam identificar o tipo e o grau da perda auditiva para que o médico possa realizar o diagnóstico e traçar o tratamento”, afirma.
Além de colaborar no diagnóstico, o profissional da fonoaudiologia também participa da escolha do modelo de aparelho auditivo mais adequado, com base nas características da perda auditiva, e acompanha todo o processo de adaptação do paciente. “Após a indicação do modelo, serão realizados os ajustes necessários para melhor adaptação e reabilitação da audição do paciente”, explica Karen.
Nos casos mais severos, quando há surdez instalada, o trabalho do fonoaudiólogo é ainda mais importante para manter a qualidade de vida do paciente e restaurar sua capacidade de comunicação. “Após a adaptação do aparelho auditivo, o fonoaudiólogo irá realizar o acompanhamento da perda auditiva, realizando os ajustes necessários de acordo com o grau da perda”, completa.