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Setembro Vermelho pela conscientização sobre a saúde cardiovascular

SaúdeSetembro Vermelho pela conscientização sobre a saúde cardiovascular
O mês é voltado para conscientizar sobre a importância do cuidado e prevenção – segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a cada 90 segundos um brasileiro morre em decorrência de problemas cardiovasculares

Sobre a autora

Responsáveis por mais de 400 mil mortes por ano, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, as doenças cardiovasculares estão na mira de um mês inteiro de conscientização sobre a importância da prevenção e cuidado com o sistema cardiovascular. O Setembro Vermelho é dedicado à conscientização sobre estilo de vida, alimentação e hábitos considerados fatores de riscos para doenças cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC), arritmia, insuficiência cardíaca e doença arterial periférica, que podem levar a morte.

Moacir Fernandes de Godoy, médico cardiologista da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp) e do Hospital de Base, explica que todas as doenças cardiovasculares citadas acima, basicamente, têm a mesma base em comum: “hipertensão, diabetes, colesterol alto, tabagismo, sedentarismo e obesidade”, alerta. Condições e hábitos que o médico afirma serem fatores de riscos. “E quanto maior for a quantidade deles (condições e hábitos) presentes, mais probabilidade de manifestação das doenças. Se cuidarmos dos fatores de risco estaremos, portanto, prevenindo todas as doenças ao mesmo tempo”, ressalta.

Infarto

Segundo o Ministério da Saúde, o infarto agudo do miocárdio é considerado a maior causa de mortes no País, com uma estimativa de 300 mil a 400 mil casos todos os anos e uma morte a cada cinco a sete ocorrências. Segundo o cardiologista Augusto Sardilli, entre as causas estão os fatores de riscos citados no início do texto. “Sedentarismo, alimentação muito ruim com a comodidade de alimentos fast food e aplicativos que facilita comidas rápidas, mas na maioria das vezes muito calóricas e pouco nutritivas, tabagismo que é um terrível hábito intimamente relacionado com doenças cardiovasculares, excesso de consumo de álcool e estresse”, detalha o médico.

A somatória desses fatores, segundo Augusto Sardilli, pode cominar na obstrução de artérias do coração, “o que vai levar ao impedimento do fluxo de sangue do músculo do coração e consequentemente ao infarto agudo do miocárdio”, explica. Em casos de sintomas, a recomendação, segundo o cardiologista, é procurar o hospital imediatamente. “Dor no peito de forte intensidade e de caráter opressivo, queimação que pode irradiar para os braços, mandíbulas, pescoço, precedida por esforço físico ou estresse é crucial procurar atendimento o mais rápido possível porque quanto maior for o tempo sem remédio, maior o risco de dano ao músculo do coração”, orienta.

Acidente Vascular Cerebral

O acidente vascular cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame, segundo Augusto Sardilli, tem as mesmas causas do infarto com a diferença do órgão atingido. “Na maioria das vezes, o infarto e o AVC são causados por uma obstrução da artéria – da artéria que nutre o coração ou da artéria que nutre a massa encefálica, o cérebro, no caso do derrame”, esclarece. Com sintomas diferentes do infarto, o AVC também necessita de atendimento urgente. “O rosto ficou meio torto, está com fraqueza em um dos lados do corpo, do lado direito, na perna direita ou esquerda, dificuldade para falar, todos esses sintomas estão relacionados com derrame e quanto antes esse paciente procurar pronto-socorro e diminuir as chances de dano”, recomenda.

O cardiologista afirma que o AVC também está intimamente relacionado ao mau controle de doenças recorrentes, como hipertensão, colesterol elevado e diabetes, somados ao descuido, em muitos casos, com o tratamento do Sistema Único de Saúde (SUS). “Infelizmente, o Brasil tem um índice muito elevado de má adesão ao tratamento e o Brasil tem um programa de Farmácia Popular que os medicamentos, pelo menos os básicos para hipertensão, colesterol e diabetes, são oferecidos sem custo. Falta mesmo é informação e o paciente entender que ele precisa tratar”, afirma Augusto Sardilli.

As orientações do cardiologista servem também para as doenças arteriais periféricas, as quais são obstruções (placas de gordura) nas artérias que irrigam membros, como braços e pernas. “Pacientes que em repouso não sentem dor, mas vão caminhar sentem dor forte ou as percebem que as extremidades estão frias, isso pode ser sinal de má circulação”, orienta. “Se o paciente tem placa de gordura impedindo o fluxo de sangue na coxa, na artéria femoral, há chances de ter também no coração com risco de infarto ou no cérebro com risco de derrame. Então, é importante procurar auxílio, pois há riscos até de amputação de membros”, alerta.

Arritmias

De 2012 a 2022, o número de mortes atribuídas às arritmias cresceu 52%, chegando a quase 12 mil óbitos anuais, segundo o cardiologista e eletrofisiologista do Instituto de Moléstias Cardiovasculares (IMC) Adalberto Menezes Lorga Filho. A arritmia, segundo o médico, é um termo que engloba qualquer tipo de variação anormal do ritmo cardíaco e pode ser secundária a problemas cardíacos prévios como infarto, insuficiência cardíaca e doenças congênitas cardíacas como também pode ser decorrente de alterações elétricas primárias do coração. “Algumas vezes de origens genéticas (familiares de primeiro grau com morte súbita antes dos 35 anos e desmaios, principalmente relacionado à atividade física, são alerta para investigação) e outras que não apresentam causas específicas, sendo chamadas de idiopáticas”, explica.

As arritmias podem ser de dois tipos: as bradiarritmias, que provocam o alentecimento dos batimentos e as taquiarritmias, que aceleram os batimentos de forma anormal. O quadro clínico, segundo o médico, pode variar entre mortes súbitas e formas assintomáticas. Os sintomas mais frequentes, segundo o especialista, são palpitações, cansaço, tonturas, ameaça de desmaios e desmaios (mais graves). No caso de assintomáticos, conforme o médico, as arritmias são diagnosticadas por exames de rotinas, daí a importância da prevenção. “O tratamento pode variar muito, podendo envolver remédios, mudanças de hábitos de vida, ablação (mapeamento elétrico do coração por cateteres para identificação e eliminação do circuito ou foco da arritmia), marcapassos (coração lento), desfibriladores (evitar mortes súbitas), etc”, diz o cardiologista.

O caminho da conscientização e prevenção

Como prevenir doenças cardiovasculares? O coração precisa de movimento. “Caminhar, correr, pedalar ou nadar 30 minutos por dia faz uma grande diferença”, afirma o cardiologista Moacir Fernandes de Godoy, da Famerp e do Hospital de Base. Ele também destaca a importância de dormir bem (cerca de sete horas por noite), controlar o estresse e abandonar o cigarro para uma prevenção eficaz. E a alimentação? A chave é comer comida de verdade. Segundo o médico, quanto mais frutas ricas em fibras, verduras, legumes, azeite e peixes, melhor. Já frituras, gorduras saturadas e embutidos devem ser evitados, pois aumentam o risco de problemas cardíacos.

No caso específico dos produtos ultraprocessados, o cardiologista afirma que não são comidas de verdade e apesar de matar a fome, não nutrem e sobrecarregam o coração. “Normalmente, são ricos em sal, açúcar, gordura ruim e pobre em fibras, vitaminas e minerais. Os refrigerantes, mesmo do tipo diet, salgadinhos, bolacha recheada, embutidos, bacon, fast food, pães e bolos industrializados, margarina, macarrão instantâneo e doces prontos são inimigos declarados do coração”, ressalta.

Com a receita pronta para prevenção das doenças cardiovasculares, o caminho é evitar também excesso de sal, açúcar refinado e as “gorduras pesadas”, presentes nas carnes gordurosas como a picanha, a costela, cupim e pele de frango. “Incluem-se ainda, pastel, coxinha, batata frita, salgadinhos de pacote, manteiga, leite integral, queijos amarelos, hambúrgueres e pizza”, enumera.

O álcool, mesmo em pequenas doses, aumenta a pressão arterial, favorece arritmias e pode contribuir para a ocorrência de insuficiência cardíaca. “Já o cigarro é um dos principais inimigos do coração, causando inflamação e favorecendo o entupimento das artérias”, conclui.

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