Implanon: o novo contraceptivo do SUS

O Ministério da Saúde incorporou o contraceptivo Implanon à Rede de Atenção à Saúde Sexual e Reprodutiva para ampliar o acesso de mulheres em fase reprodutiva aos métodos contraceptivos de longa duração e alta eficácia. Com uma meta de distribuir 1,8 milhão de implantes até 2026, o anúncio da distribuição do Implanon foi feito em julho deste ano. A distribuição sem custos, segundo o anúncio, também deve ser feita pelos planos de saúde para mulheres entre 18 e 49 anos. Mas afinal, o que é este método contraceptivo para distribuição gratuita que na rede privada custa até R$ 3 mil para implantação?
O ginecologista e obstetra José Luis Crivelin explica que o Implanon é um anticoncepcional por via transdérmica (implantação subcutânea) que age no sistema reprodutivo para bloquear a ovulação. “O Implanon só tem progesterona e tem uma liberação gradual e diária do hormônio, o que leva a um bloqueio no eixo hipotálamo-hipófise-ovário (HHO) impedindo que a mulher ovule”, explica. O fato de não ovular leva a prevenção da gravidez e torna o implante, portanto, um método eficaz de planejamento familiar. “É altamente seguro, pois não depende da paciente e não tem o risco de esquecimento ou de interação medicamentosa com outros remédios”, afirma Crivelin.
Na rede particular, de acordo com Crivelin, o implante mais a colocação fica ao redor dos R$ 3 mil. “Se avaliar que ele tem uma duração de três anos e está em torno de R$ 1 mil por ano, sai menos de R$ 100 por mês. Hoje, um anticoncepcional de última geração está saindo ao redor de R$ 80. Então, não é considerado caro comparando com os anticoncepcionais de última geração”, compara. Já pela liberação do SUS, a paciente não terá custo – o mesmo pode acontecer com a autorização dos convênios.
O ginecologista e obstetra do Serviço de Planejamento Familiar (PF) da Fundação Faculdade Regional de Medicina de Rio Preto (Funfarme), Jacyr Macagnani, ressalta que o Implanon também traz outros benefícios. “Além da prevenção de gravidez sem planejamento, existem também os efeitos benéficos não contraceptivos, como tratamento da endometriose e dos sangramentos uterinos aumentados, diminuindo assim os tratamentos cirúrgicos.”
Segundo o ginecologista da Funfarme, o Implanon é indicado também para mulheres com contraindicações para estrogênio, como doenças trombóticas (formação de coágulos que podem levar a trombose, embolia pulmonar e outras complicações).
Com implantação por meio de profissionais habilitados, o Implanon, segundo Jacyr, é eficiente também para reposição hormonal, “para mulheres com útero em associada com estrogênio para prevenção do câncer de ovário”, explica. De acordo com Jacyr, o Implanon já é oferecido pelo município para mulheres em situação de rua e no PF da Funfarme, segundo o especialista, o implante ainda será inserido assim que for entregue pelo SUS. “Nossa equipe está apta para inserir”.
O atendimento da PF é feito as segundas, quartas e sextas-feiras, com ações educativas e oferecimento de métodos disponíveis. Outros métodos oferecidos pelo SUS são compostos por preservativos, pílulas, injetáveis, DIU de cobre e de longa duração, vasectomia e laqueadura (procedimentos cirúrgicos irreversíveis).
O Implanon é o único implante hormonal subcutâneo com registo sanitário na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso pelo SUS e pelos planos de saúde.
“É comum a confusão com implantes hormonais utilizados para reposição hormonal, com finalidade diferente”, alerta o ginecologista e professor da faculdade de medicina Faceres, Gabriel Dumbra.
A diferença do Implanon para outros métodos (pílulas e injetáveis, por exemplo), segundo o professor, é que o implante hormonal é considerado um método contraceptivo de longa duração (LARC). “Um dos métodos contraceptivos reversíveis mais eficazes: não depende da motivação da paciente para manter a eficácia, apresenta boa adesão, principalmente, nas pacientes que se esquecem de tomar pílulas contraceptivas e não se adaptam com outros métodos”, afirma.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), gestações não planejadas, por falta de um método contraceptivo eficaz, estão associadas as complicações materno-fetais. “Nesse sentido, métodos eficazes são importantes para planejar as gestações e prevenir complicações”, afirma Gabriel Dumbra.
O efeito contraceptivo do Implanon, por meio da inibição consistente da ovulação e por alterações no muco cervical que dificultam a passagem dos espermatozoides, também, segundo o médico, é mais eficaz em certos grupos, como em adolescentes. “Os implantes contraceptivos são um grande instrumento, já que o índice de gravidez não planejada pode chegar a 80%. Além destas, pacientes no pós-parto e em situações de vulnerabilidade também são beneficiadas”, ressalta.
Apesar da eficácia, o Implanon também tem contraindicações. Por isso, segundo o professor, é importante uma avaliação específica com ginecologista para a escolha correta. “Entre as contra indicações absolutas temos pacientes com câncer de mama atual e a própria gestação. Poucas contraindicações, uma vez que não contém estrogênio”, afirma.
Para o médico, a distribuição no SUS e nos planos de saúde é uma vitória para as mulheres. “Sua eficácia e a possibilidade de planejar o melhor momento para gestação traz liberdade para a mulher, praticidade e maior segurança. O Implanon, nesse sentido, é um ótimo método para auxiliar as pacientes no planejamento familiar”, conclui.