Momentos de estresse agudos, crises de ansiedade, irritações, medo, pressão, depressão ou situações de desgastes emocionais são fatores para desencadear o aumento momentâneo da pressão arterial – conhecida como hipertensão emocional. Os sintomas, segundo especialistas ouvidos pela Bem-Estar, se assemelhem aos da hipertensão arterial crônica, mas apresentam quadros diferentes e exigem atenção especial. O controle do estresse associado, principalmente a atividades físicas são caminhos de prevenção e cuidado da condição.
A cardiologista e coordenadora do curso de Medicina da Faceres, Daiane Cassaro, explica que o aumento da pressão arterial por questões emocionais pode surgir em episódios pontuais, como em momentos de tensão no trabalho, notícias negativas, expectativas por acontecimentos desagradáveis ou mesmo durante quadros de depressão. "Nesses casos, a pressão arterial tende a se elevar como resposta ao estresse, retornando a níveis normais quando a situação é superada", orienta a especialista.
Segundo a cardiologista, durante uma situação ou crise de estresse, o organismo libera hormônios como a adrenalina e cortisol, "o que faz com que o coração bata mais rápido e os vasos sanguíneos se contraírem, o que eleva temporariamente a pressão arterial", detalha Daiane.
A médica afirma ainda que, embora sejam passageiros, os momentos de pressão arterial elevados podem atingir o sistema cardiovascular, "em pessoas predispostas, o aumento súbito da pressão pode favorecer arritmias ou até o rompimento de pequenos vasos", ressalta.
A principal diferença entre a hipertensão crônica e a pressão alta emocional, segundo a cardiologista, está no fato de que no caso de elevação por emocional os picos de pressão não permanecem elevados continuamente. "Na hipertensão arterial sistêmica, a pressão se mantém alta mesmo em repouso. Já na hipertensão causada por favores emocionais, o aumento ocorre diante de gatilhos específicos e depois retorna ao normal", orienta a especialista.
Doença silenciosa
O médico cardiologista Augusto Sardili alerta: uma coisa importante e crucial é entender que a hipertensão, via de regra, não dá sintoma. "É uma doença silenciosa", ressalta. Segundo o especialista, a hipertensão pode trazer alguns sintomas, mas nem sempre pode ter um sintoma de alerta. "Alguma dor de cabeça, dor na nuca, uma tontura, isso tudo pode ser um sintoma de uma pressão elevada? Pode, mas não é uma correlação necessária. Muitas vezes o paciente tem uma pressão alta e não tem sintoma", alerta Sardilli.
Sendo uma doença sem muitos alardes, a orientação do especialista é estar atento. "O problema não é você ter um dia estressante, o problema é você ter todos os dias estressantes, pois quer dizer que você possivelmente pode ter picos pressóricos (pressão alta) mais frequentes", esclarece. O cardiologista acrescenta que quando esses episódios são associados a outros fatores, os cuidados devem ser redobrados. "Quando você soma com estresse crônico, noites mal dormidas, má alimentação, sedentarismo e, ainda pior, tabagismo, muito café e exageros com o álcool, tudo isso são fatores que vão culminar numa piora do controle da depressão", detalha o médico.
Entre as principais formas de prevenção, segundo Sardilli, é fazer pelo menos uma atividade física regular, "não precisa ser uma atividade física para ser atleta, mas fazer uma atividade para a saúde, uma caminhada, exercícios de relaxamento, respiração, meditação, reduzir o consumo de café, tudo isso tudo pode ajudar a diminuir o estresse", orienta. O médico complementa: "Se você entender que fica com ansiedade e agitação quando vê notícias do jornal, do celular, evita essas informações para não sofrer. É crucial também ter uma boa noite de descanso", afirma.
Outra dica do cardiologista é saber a dizer não. "Às vezes, a gente tem que aprender a falar não. Falamos sim e conseguimos fazer, mas essa sobrecarga de trabalho e de tarefas também acaba movendo na piora do nosso estresse", ressalta. Ele também recomenda medir a pressão regularmente. "Tenha o hábito de, esporadicamente, medir a pressão. É a forma que a gente tem de saber se a pressão está ficando alta ou não porque se esperar sintoma pode passar batido", alerta.

