Fibromialgia
Lady Gaga, que fez show no Brasil recentemente, já havia cancelado apresentação no País devido à fibromialgia
A fibromialgia é uma condição de saúde crônica caracterizada por dores musculoesqueléticas generalizadas, sensibilidade em vários pontos do corpo, distúrbios do sono, fadiga persistente e alterações de memória e humor. Apesar de seus sintomas debilitantes, a doença ainda é cercada de incompreensão, tanto na sociedade quanto em parte da comunidade médica. De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), cerca de 3% da população brasileira vive com fibromialgia. A condição atinge majoritariamente as mulheres: de cada 10 pacientes, sete a nove são do sexo feminino. Por ser uma síndrome crônica, ela pode causar um impacto significativo na vida pessoal, social e profissional do paciente, tornando tarefas cotidianas exaustivas.
“Mulheres entre 30 e 60 anos são as mais afetadas. O risco também aumenta em pessoas com histórico familiar de fibromialgia, traumas físicos ou emocionais, doenças autoimunes e estresse crônico”, alerta Ricardo Tunes, ortopedista e autor do livro “Vence dor – desvendando os mistérios da dor”.
A cantora americana Lady Gaga é uma das figuras públicas que falou abertamente sobre a sua batalha contra a fibromialgia. Em 2017, estava programada para retornar ao país e se apresentar no Rock in Rio, mas cancelou sua participação de última hora. O motivo? Uma grave crise de dores provocadas pela fibromialgia. O cancelamento causou frustração entre milhares de fãs que viajaram de diferentes regiões do Brasil e do mundo para vê-la ao vivo.
O diagnóstico é feito com base nos sintomas e no exame clínico. Não há exames de sangue ou imagens que confirmem a fibromialgia. “O médico avalia o histórico do paciente, a presença de dor generalizada por mais de três meses e a exclusão de outras doenças com sintomas parecidos”, explica Ricardo.
O caso de Gaga gerou grande repercussão e trouxe visibilidade à doença, ajudando a desmistificar a ideia de que ela é “psicológica” ou exagerada. Embora ainda não exista cura, os sintomas da fibromialgia podem ser controlados com uma combinação de medicamentos, atividade física regular, terapias complementares, reeducação do sono e acompanhamento psicológico.
“Terapias cognitivas e acompanhamento psicológico e com fisioterapia também ajudam bastante. Em algumas situações o tratamento cirúrgico com cirurgias de descompressão de nervos periféricos pode trazer uma boa resposta para as dores. Com tratamento adequado, é possível controlar bem os sintomas, melhorar a qualidade de vida e manter uma rotina mais equilibrada.”, destaca Maurício Leite, ortopedista e cirurgião de mão e punho.
O entendimento da doença pelo paciente sempre é importante, para poder compreender as várias situações que terá que enfrentar. “No tratamento da fibromialgia, os exercícios físicos elevam o nível de serotonina, melhoram o sono e melhoram a depressão. Já os medicamentos são usados com bons resultados. Em algumas pessoas, episódios de dor intensa desencadeiam uma alteração permanente no sistema nervoso central”, completa o reumatologista Rafael Navarrete, coordenador da Comissão de Dor da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).
Manter uma rotina de sono regular
Praticar exercícios regularmente
Reduzir o estresse
Ter uma alimentação equilibrada
Evitar o excesso de café e álcool
Buscar apoio emocional
Fonte: Ricardo Tunes, ortopedista
Os principais sintomas:
Dor generalizada e persistente por pelo menos três meses
Fadiga extrema, mesmo após uma noite de sono
Distúrbios do sono, como insônia ou sono não reparador
Dores de cabeça frequentes
Problemas de memória e concentração (conhecido como "fibro fog")
Sensibilidade aumentada à dor e ao toque
Fonte: reumatologista José Eduardo Martinez, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR)