Ficar sentado por muitas horas na mesma posição, sem mexer as pernas, especialmente durante longas viagens aéreas, pode causar problemas circulatórios, prejudicando o retorno do sangue venoso para o coração. Essa falta de movimento, entre outros fatores, pode levar ao desenvolvimento de um quadro chamado trombose venosa profunda (TVP). A condição é caracterizada pela formação de coágulos sanguíneos, geralmente nos membros inferiores.
Além de causar dor e inchaço nas pernas e pés, nos casos mais graves, esses coágulos podem se desprender e entrar na corrente sanguínea, provocando um bloqueio repentino das artérias, afetando órgãos vitais como o coração, cérebro e pulmões, facilitando a ocorrência de casos de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e embolia pulmonar, potencialmente fatais.
“Durante voos prolongados, a pressão do ar no avião pode causar uma hipóxia prolongada, ativando o sistema de coagulação do sangue e facilita a formação de coágulos. Além disso, a posição sentada dos passageiros, especialmente em classe econômica, com pouco espaço entre as poltronas, restringe os movimentos e pode levar à redução do fluxo sanguíneo nas pernas, aumentando o risco de trombos”, explica a médica angiologista e cirurgiã vascular Lussandra E. R. Sardinha Vaccari, especialista do Austa Hospital.
Outro fator importante que favorece problemas de saúde relacionados à circulação sanguínea durante voos longos é a desidratação. “Geralmente, devido à dificuldade de ir ao banheiro durante a viagem, os passageiros bebem pouca água e às vezes ingerem bebidas alcoólicas, o que agrava ainda mais o quadro”, afirma Lussandra.
“Quanto mais hidratado o passageiro estiver, menor será a viscosidade do sangue, ou seja, o sangue ficará menos grosso e mais fluido. Por isso, é importante evitar o consumo excessivo de álcool, pois ele pode causar desidratação”, reforça o médico José Dalmo de Araújo Filho, angiologista e cirurgião vascular do Instituto de Moléstias Cardiovasculares (IMC).
“A recomendação durante o voo é sempre ingerir bastante líquido e evitar o consumo de bebidas alcoólicas e cafeinadas”, acrescenta a cirurgiã vascular, Jane Ferreira.
