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ORQUESTRA SINFÔNICA DE RIO PRETO

LifestyleORQUESTRA SINFÔNICA DE RIO PRETO
Tombada como patrimônio imaterial em 2020, a orquestra tem trajetória de oito décadas marcada por desafios, mas também por conquistas significativas que refletem a dedicação de seus maestros e integrantes

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Em 2024, a Orquestra Sinfônica de São José do Rio Preto (OSSJRP) celebra 82 anos de história, encantando o público rio-pretense e de várias outras cidades com suas apresentações emocionantes. O concerto de estreia aconteceu em 12 de janeiro de 1942, em meio à 2ª Guerra Mundial. Apesar das adversidades e da falta de apoio da prefeitura na época, o evento esgotou todos os ingressos e lotou o antigo Cine Teatro Rio Preto.

Reconhecida como uma instituição sem fins lucrativos, a OSSJRP é atualmente formada por 50 profissionais, entre músicos e técnicos especializados. A orquestra tem a flexibilidade de se apresentar em formação completa ou em formato de Grupo de Câmara, com um número reduzido de músicos, para atender a diversas necessidades de contratação.

“Muitas pessoas imaginam que a OSSJRP pertence à prefeitura, mas não é verdade. Somos uma entidade do terceiro setor e podemos ser contratados para eventos particulares, os quais são nosso ‘carro-chefe’. Nosso papel na comunidade é tornar a vida das pessoas mais agradável e saudável por meio da música”, afirma o maestro titular Gilmar de Assis.

Desde sua fundação, quando era incomum uma orquestra sinfônica tocar música popular, a OSSJRP mantém um repertório diversificado, priorizando a música clássica. Entre as obras mais executadas e que não podem faltar em suas apresentações estão o Hino Nacional, o Hino do Município, “Danúbio Azul” de Strauss, “Serenata Noturna” de Mozart e “Aquarela do Brasil”, entre outras.

Ao longo de sua trajetória, a OSSJRP teve o privilégio de se apresentar ao lado de maestros e solistas de grande renome, incluindo músicos que alcançaram projeção internacional. Entre eles, Artur Ranzini, Gianella di Marco, Benito Juarez, José Viegas Neto, José de Souto Cirne, Dario Sotelo, Welson Tremura, Rafael Fuchigami, Antônio de Sousa, Ana Poloto, Cláudio Colmanet, Pio Sagrillo, Gilmar de Assis, Marcos Fregnani-Martins, Araceli Chacon, Fernando Manivela, Tony e Kleber, Luiz Carlos Ribeiro e Roberto Farat.

“Os esforços de importantes músicos da época foram fundamentais para o surgimento da OSSJRP, destacando o violinista Luiz Biela de Souza Valle, o violoncelista Artur Ranzini e o flautista Deocleciano de Souza Viana. Ranzini foi prontamente empossado como Maestro Titular, e Biela, como Spalla. Dez anos depois, em 1952, o flautista Viana compôs o Hino Oficial do Município”, revela Assis.

De acordo com o maestro, dentre os fatos marcantes, na década de 1970, a OSSJRP foi sede de um grande projeto do governo do estado de São Paulo, chamado “Núcleos Orquestrais do Interior Paulista”. Durante esse período, a orquestra recebeu subsídios do estado e também do município. No entanto, após algum tempo, o projeto não teve continuidade. No final da década de 1990, a orquestra lançou um projeto inovador de formação musical gratuita em escolas públicas. E entre 2001 e 2002, estabeleceu uma parceria com uma emissora de TV para realizar concertos em várias cidades do interior do estado.

PATRIMÔNIO HISTÓRICO

Oficialmente reconhecida como “utilidade pública” nas esferas municipal e estadual, em dezembro de 2020 a Orquestra Sinfônica foi tombada como patrimônio imaterial de Rio Preto. “O tombamento histórico é um reconhecimento do legislativo da importância da OSSJRP e uma garantia de preservação; no entanto, até o momento, não recebemos nenhum centavo de apoio financeiro para nossa manutenção”, ressalta Assis.

Segundo o maestro, atualmente a orquestra não conta com apoio fixo, dependendo exclusivamente da renda gerada por trabalhos musicais particulares e de contribuições esporádicas provenientes de leis de incentivo fiscal de empresas, as quais são extremamente bem-vindas.

As empresas têm a oportunidade de contribuir mensalmente direcionando uma parte do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) que precisam pagar, sem custos adicionais. Essa opção é viabilizada pelo Programa de Ação Cultural, que integra a Lei de Incentivo Fiscal, permitindo que as empresas destinem até 3% do ICMS mensal a projetos culturais aprovados pela Secretaria Estadual de Cultura. “Atualmente, há um projeto aprovado que permite que empresas destinem parte do imposto de renda para a manutenção de nossas atividades”, acrescenta o maestro.

O empresário do agronegócio, Mauricio Bellodi, defende ser fundamental preservar essa tradição, ressaltando a importância de uma cidade como São José do Rio Preto, considerada uma metrópole regional, manter uma orquestra sinfônica. “O fato de a orquestra ter sido tombada como patrimônio da cidade é um reconhecimento, por parte do poder legislativo, dessa importância. É muito importante que uma orquestra sinfônica, além do apoio público, também receba o apoio da iniciativa privada, incluindo as entidades empresariais”, destaca.

Serviço

RECONHECIMENTO

A escritora e poeta Rosalie Gallo y Sanches, membro e presidente de honra da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura (Arlec), conta que auxiliou o Maestro Gilmar nas tratativas para o seu estágio na Itália, realizado há cerca de dez anos, sob a orientação do Maestro Claudio Colmanet, recentemente falecido. Ela revela que Colmanet estabeleceu um vínculo afetivo e profissional com a Arlec, assim como com a Orquestra sob a regência do Maestro Gilmar.

Rosalie destaca que, com a contribuição da Orquestra Sinfônica sob a direção do Maestro Gilmar, a regência do Maestro Colmanet e sua notável atuação como violinista, além da parceria com Pio Sagrillo, um músico italiano especializado em gaita de fole e piano, a Arlec recebeu apoios importantes para diversas apresentações.

Em Rio Preto, a parceria com o Riopreto Shopping Center, entre outras, e com o Instituto Italiano de Cultura, em São Paulo, possibilitou a realização de apresentações no Teatro Sérgio Cardoso, na capital paulista, e em várias cidades do interior. “Em nossa cidade, muitos concertos gratuitos no Teatro Municipal Humberto Sinibaldi Neto lotaram a plateia”, pontua a artista.

“Como membro da Arlec e presidente de honra, expresso minha profunda gratidão aos Maestros. Quanto ao reconhecimento da orquestra como patrimônio de Rio Preto, parabenizo o Maestro Gilmar pelo reconhecimento de seus incansáveis esforços em manter viva esta importante instituição. Além disso, como pessoa envolvida diretamente na promoção da cultura, considero o tombamento da Orquestra um passo digno de aplauso, que deve ser encarado como uma iniciativa sólida, responsável e otimista para a cultura, não apenas local, mas em um contexto mais amplo. Desta forma, a comunidade avança na escala de valores culturais, e todos os apoiadores poderão perceber suas semeaduras resultarão em frutos positivos em um futuro próximo”, conclui Rosalie.

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