Criado a partir de um gesto simples de partilha, o grupo Meninas do Bem completa em 2025 dez anos de atuação em Rio Preto. Ao longo dessa trajetória, a iniciativa cresceu, se estruturou e hoje se tornou um dos mais importantes braços de apoio a famílias em situação de vulnerabilidade social, com atenção especial a mulheres gestantes, bebês, crianças, idosos e famílias inteiras que enfrentam dificuldades no dia a dia.
O projeto nasceu em 2013, quando a coordenadora responsável e idealizadora Denise Maria Ferreira, hoje com 46 anos, descobriu que estava grávida de sua filha, Ruth Maria. Recém-chegada à cidade e em meio à construção de sua casa, Denise recebeu de amigos e até de desconhecidos uma rede de apoio que garantiu todo o enxoval da bebê. “Ela teve um quarto completo, berço, roupas, fraldas. Fiquei quase um ano sem precisar comprar fralda. E tudo isso graças a pessoas que me ajudaram no momento em que mais precisei”, relembra.
A experiência acendeu em Denise a vontade de retribuir. Com apoio de agentes de saúde do bairro, começou a doar para outras mães os itens que sua filha já não usava. Logo percebeu que as necessidades iam além da chegada de um bebê: muitas casas tinham outras crianças sem roupa para ir à escola, famílias precisando de móveis, eletrodomésticos ou até de itens básicos, como cama e fogão. Foi nesse processo que o trabalho ganhou corpo. Em 2015, um grupo no WhatsApp, criado para organizar as ações e batizado de Meninas do Bem em tom carinhoso, consolidou a iniciativa.
Foco de atuação
O objetivo central do grupo é claro: ajudar famílias a se reestruturar, para que, no futuro, não precisem mais de ajuda assistencial. A maior parte dos pedidos chega pelas mãos de mulheres, que são o elo de contato com a equipe. Em cada caso, o grupo busca oferecer não apenas o auxílio emergencial, mas também oportunidades que abram novos caminhos. “Se precisa de uma cesta básica, nós providenciamos. Se é um medicamento ou um leite especial, corremos atrás. Se a pessoa precisa de um emprego, tentamos intermediar. A ideia é sempre ajudar naquele momento de urgência, mas também pensar em como essa família pode melhorar a longo prazo”, explica Denise.
A pandemia de Covid-19 foi um divisor de águas. Até então, o grupo atuava principalmente com doações de roupas, calçados e itens pontuais. Com o aumento do desemprego e da fome, a demanda por alimentos explodiu. O Meninas do Bem passou a organizar a entrega de cestas básicas, legumes e, além disso, desenvolveu um projeto de reeducação alimentar com receitas simples e aulas práticas de cozinha. A ação visava ensinar famílias a preparar refeições nutritivas e fortalecer a imunidade em tempos de crise. “Foi um trabalho que revolucionou nossa atuação. Não se tratava só de matar a fome, mas de ensinar a se alimentar melhor”, destaca a coordenadora.
Atualmente, o Grupo Meninas do Bem atende cerca de 50 famílias cadastradas, o que representa aproximadamente 55 crianças, 18 idosos e dezenas de adultos em situação de vulnerabilidade. “Nós cuidamos da família como um todo, seja pai, mãe, filhos ou até avós que criam os netos. É um núcleo completo, que precisa de apoio integral”, explica Denise.
O trabalho vai muito além da entrega de doações: todos os meses, no dia da distribuição das cestas básicas, o grupo também promove palestras com informações práticas e orientações escolhidas pelos próprios beneficiados. “Queremos não apenas ajudar, mas também oferecer formação, conhecimento e novas perspectivas de vida para essas pessoas”, reforça a coordenadora.

