Começar um novo ano é também uma oportunidade de renovar o olhar sobre si e sobre o mundo. Em um tempo marcado por excesso de estímulos, velocidade e cobranças, a leitura surge como um dos exercícios mais potentes de pausa, reflexão e reconexão. Livros não apenas informam — eles reorganizam pensamentos, despertam emoções e ampliam horizontes.

Nesta seleção especial, personalidades de Rio Preto compartilham obras que marcaram suas trajetórias pessoais e profissionais. As indicações revelam muito mais do que preferências literárias: apontam caminhos possíveis para 2026 com mais consciência, saúde mental, criatividade, empatia e pertencimento.

“Sociedade do cansaço”

Byung-Chul Han

Indicação de Vladimir Miguel Rodrigues, professor e escritor

“O filósofo sul-coreano propõe uma reflexão sobre o panorama atual da sociedade ocidental, marcada pela supervalorização do desempenho no trabalho e da autoexploração. Uma leitura essencial para pensarmos sobre as consequências de uma vida voltada unicamente para a produtividade, a qual tem consequências terríveis para a saúde mental, como temos visto à nossa volta. O pensador cita caminhos para a superação dessa condição, que são muito úteis para resoluções de ano novo, como a valorização do ócio, o silêncio e a contemplação, ou seja, mais tempo para as reuniões familiares e de amigos, para o esporte e para aquelas atividades que nos fazem bem e nos distanciam das obrigações do trabalho”.

“Espectros”

Wilson Daher

Indicação de Pérsio Luís Marconi, advogado, professor, escritor e pesquisador linguístico

“A obra traz contos do médico psiquiatra e dramaturgo, Wilson Daher, de profícua carreira literária. Neles, o autor mergulha na intimidade dos personagens, trazendo à tona partes do inconsciente dos mesmos. O apelo aos sentidos é um presente de profundidade, no qual o leitor vislumbra estímulos à reflexão e ao bem-estar.”

“AI 2041 – Dez Visões para o Futuro”

Kai-Fu Lee e Chen Qiufan

Toufic Anbar Neto, médico-cirurgião, diretor da Faceres, escritor e membro da Arlec

“Este livro mistura ficção e análise científica para mostrar como a inteligência artificial transformará nosso cotidiano nas próximas décadas, da educação à saúde mental, do trabalho às relações humanas. O diferencial é que Kai-Fu Lee não fala apenas de tecnologia: ele discute como cada inovação pode ampliar autonomia, criatividade, tempo livre, bem-estar e qualidade de vida, desde que seja usada com consciência e ética. Para quem começa 2026 querendo entender o futuro sem medo e com mais protagonismo, o livro é um convite inspirador a imaginar caminhos possíveis e assumir o controle da própria relação com a tecnologia.”

“Médico de Homens e de Almas”

Autora: Taylor Caldwell

Indicação de Valéria Braile, cardiologista, diretora clínica do Hospital Beneficência Portuguesa e membro do conselho administrativo da Braile Biomédica

“Quando li ‘Médico de Homens e de Almas’ logo após me formar, ainda não conhecia plenamente o peso do jaleco. O livro me ensinou que a Medicina vai muito além da técnica: ela exige um olhar de amorosa compaixão para quem sofre, mesmo em ambientes onde tudo é rápido, técnico e protocolar. A obra me marcou por mostrar que não podemos nos acostumar com a dor do outro. Cada paciente carrega uma história, uma vida, uma fragilidade que merece ser vista. Ao mesmo tempo, o livro ensina que ninguém sustenta esse tipo de compaixão sem reconhecer a própria vulnerabilidade. Para 2026, essa leitura segue atual porque lembra que cuidar exige humanidade. Não se trata apenas de salvar vidas, mas de preservar dignidade. É esse equilíbrio entre ciência e sensibilidade que continuo buscando todos os dias no exercício da Medicina.”

“Anacreon et Sapho – Poesies”

A. Quantin, Paris, 1882

Indicação de Durval de Noronha Goyos Jr., jurista e escritor

“Safo, nascida em Lesbos, Grécia, em 630 a.C., tida por Platão como a décima musa. Foi defensora do papel social das mulheres. Num poema, escreveu, “Contigo, sob a pedra fria, descerá toda a sua memória, perdida aqui embaixo para sempre... Você atravessará o império sombrio sem que um morto lhe digne a sorrir”. Noutro, “o desespero me leva a tudo ousar...” Antes do classicismo grego, desenvolveu uma métrica que leva o seu nome; criou uma escola para mulheres e foi a pioneira da crítica literária, conforme os versos: “Virtude é beleza. O belo somente o é, se admirado. O valoroso é imediatamente belo”. Embora o termo feminista tenha sido criado apenas em 1837, Safo é indisputavelmente a musa dos direitos das mulheres. A essencialidade da causa permanece da maior relevância contra a misoginia patriarcal; a discriminação institucionalizada; o ódio de gênero e a violência dele decorrente”.

“Pense como um artista: ...e tenha uma vida mais criativa e produtiva”

Will Gompertz

Indicação de Sandra Antunes, professora e artista plástica

“O livro é um convite ao processo criativo que o artista produz com facilidade. Uma reflexão do pensamento e da criatividade; assunto que me move enquanto artista plástica e atelierista. É preciso muita criatividade para absorver as mudanças inerentes ao futuro. Deixo ainda uma indicação literária para crianças: “A Árvore Generosa”, de Shel Silverstein.”