Em tradução livre do inglês para o português, o termo “woke” tem um significado literal de “acordei”, passado do verbo wake, que significa “despertar”. Na gíria norte-americana, ser ou estar “woke” é uma forma de expressar posições políticas. Neste campo político, portanto, o termo passou a ser chamado de “agenda woke” e se tornou bandeira político-partidária para expor posicionamentos contra a discriminação e a injustiça social. O termo, segundo análises de especialistas, também pode soar como insulto aos conservadores. Mas afinal, de onde surgiram esses movimentos e o que é a “Agenda Woke”?
O historiador e doutor em Ciências Sociais pela Unesp Thiago Fidelis explica que embora o termo “woke” exista desde meados do século XX, a expressão foi popularizada no início do século XXI e intensificada nos últimos anos. “Sendo a agenda associada às pautas progressistas e de defesa de grupos minoritários, tendo início no movimento negro e expandindo-se para outras áreas, como a comunidade LGBTQIAPN+”, afirma. Na análise do doutor, a “Agenda Woke” traz à sociedade temas que, segundo ele, normalmente são esquecidos. “Negligenciados por serem extremamente incômodos, uma vez que essas minorias são, de maneira geral, discriminadas por possuírem características distintas das pautas indicadas como normativas”, analisa.
Conceito
A psicóloga especialista em psicoterapia clínica cognitivo-comportamental Mara Lúcia Madureira vai à mesma linha e afirma que a “Agenda Woke” é uma proposta de mudança nas práticas políticas e nas orientações socioculturais rumo ao reconhecimento de opressões estruturais e correção de desigualdades sociais, discriminação racial, orientação sexual, gênero, ecologia e diversidade nos cargos de decisão. “Trata-se de um esforço para agregar valores humanitários à consciência social e implementar alterações em normas e processos de promoção da diversidade, equidade e inclusão, bem como mudanças culturais e ambientais nos espaços institucionais e na esfera cultural”, afirma.
Ser “woke”, para a psicóloga, significa ter consciência sobre desigualdades, opressões, privilégios e questões ambientais. “Além de possuir disposição para questionar e agir na promoção de mudanças e implementação de políticas inclusivas”, analisa. Na avaliação de Mara, a “Agenda Woke” é importante para os avanços sociais. “Embora não garanta resultados sem ações efetivas e permanentes”, reforça. Para a especialista, reconhecer e combater desigualdades e injustiças sociais é dever das civilizações modernas. “No entanto, quando as orientações assumem caráter excessivo, com pautas mal articuladas, incapazes de conviver com outras estruturas sociais, o resultado costuma ser desastroso”, alerta.

