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Saúde de excelência com DNA rio-pretense

EntrevistaSaúde de excelência com DNA rio-pretense
Com estrutura de alta complexidade e referência em ensino e pesquisa, a Funfarme atende pacientes de todo o País e segue ampliando seu impacto sob nova gestão
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Dr. Horácio José Ramalho

Sobre o autor

Aos 72 anos, Horácio José Ramalho retoma um dos cargos de maior responsabilidade na saúde do interior paulista: a diretoria executiva da Fundação Faculdade Regional de Medicina de São José do Rio Preto (Funfarme). Médico formado pela Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp), com especialização em nefrologia, Horácio Ramalho iniciou sua trajetória clínica e acadêmica ainda nos anos 1970. Ao longo do tempo, aliou sua vocação médica ao espírito de liderança, presidindo instituições de referência como a Sociedade de Medicina e Cirurgia de Rio Preto e a Unimed Rio Preto.

Em abril deste ano, Horácio voltou a assumir o cargo de diretor executivo da Funfarme, onde já atuou entre 2008 e 2016. A fundação é responsável por manter o maior complexo hospitalar do interior do Estado de São Paulo — composto por unidades como o Hospital de Base, Hospital da Criança e Maternidade, Hemocentro, Ambulatório de Especialidades, Instituto de Reabilitação Lucy Montoro e Hospital Municipal Dr. Domingo Marcolino Braile.

Natural de Taquaritinga, Horácio é casado com a cirurgiã-dentista Vera Lúcia Costa Ramalho, pai de Rodrigo José Ramalho, também médico nefrologista, e Renato Ramalho, publicitário.

Leia a entrevista a seguir:

BE – O senhor tem uma carreira consolidada em nefrologia, mas sempre se mantém à frente da gestão hospitalar. O que o motiva?

Horácio Ramalho – Formei-me médico pela Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp), em 1976, e me especializei em nefrologia. A medicina é minha vocação, a qual sempre exerci, inclusive tendo a alegria de ser professor da mesma faculdade em que me formei. Além de exercer a medicina, descobri que poderia fazer mais pela população e busquei ser atuante, participativo e, naturalmente, fui desenvolvendo o espírito de liderança, o que meu levou a ter a honra de presidir, em 1989 e 1990, a Sociedade de Medicina e Cirurgia de Rio Preto, uma das mais antigas do Brasil, que completa 100 anos em 2026. Foi uma experiência muito enriquecedora, porém, desafio maior viria depois quando presidi a Unimed Rio Preto, de 2003 a 2006, que encontrei em uma situação crítica. A gestão à frente de uma das maiores cooperativas médicas do interior paulista me forneceu conhecimento inestimável, sobretudo, para saber compartilhar responsabilidades com as lideranças e envolver os colaboradores para alcançar nossas metas e objetivos. Após encerrar a gestão na Unimed, a vida me reserva um desafio ainda maior, gigantesco: dirigir o maior complexo hospitalar do interior do Estado de São Paulo, a Funfarme, uma verdadeira cidade. Felizmente, contei com um time de diretores e lideranças irretocável e, em nossa gestão, de 2008 a 2016, a Funfarme cresceu e conquistou ainda mais relevância não só na saúde do Estado, mas do País. E agora, após dirigir o Hospital Municipal Dr. Domingo Marcolino Braile, de sua inauguração, em 2022, até este ano, numa das experiências mais gratificantes e recompensadoras que tive, eu volto à diretoria executiva da Funfarme. Pela sua grandiosidade, este complexo hospitalar nos impõe enormes desafios e responsabilidade, mas é justamente isso que me dá mais energia. O ânimo é ainda maior porque, em poucos dias à frente da Fundação, constatei a qualidade e a motivação das lideranças e colaboradores. Tenho certeza de que vamos, a cada dia, transformar as nossas vidas e da população da nossa cidade e da região para melhor.

BE – É inegável o papel fundamental da Funfarme para a saúde da nossa região, atendendo moradores de mais de 100 cidades, mas o complexo hospitalar há muito ganhou relevância para além do noroeste paulista, não é?

Horácio Ramalho – O Hospital de Base, o Hospital da Criança e Maternidade (HCM), o Ambulatório Geral de Especialidades, o Hemocentro, o Hospital Municipal e a unidade do Instituto de Reabilitação Lucy Montoro oferecem atendimento e serviços essenciais para a população de Rio Preto e dos demais 101 municípios sob jurisdição do Departamento Regional de Saúde, o DRS XV. Somos um modelo hospitalar de alta complexidade, ou seja, reunimos profissionais altamente especializados e infraestrutura que nos permite realizar atendimentos, exames e procedimentos que poucas instituições no Brasil possuem. Nas últimas duas décadas, sobretudo, a Funfarme cresceu muito, com a construção do HCM e três blocos de oito andares, cada, além da Unidade do Instituto de Reabilitação Lucy Montoro. Hoje, somos o maior complexo hospitalar do interior do Estado de São Paulo e um dos maiores do País e, consequentemente, atendemos pacientes de todas as regiões brasileiras atraídos pela qualidade de nossos profissionais e serviços e pela alta tecnologia em diagnósticos e procedimentos e pela infraestrutura hospitalar moderna e humanizada.

BE – Dos pacientes de nossa região e de todo País, a maioria é atendida pelo SUS (Sistema Único de Saúde)?

Horácio Ramalho – Sim. São vocação e prioridade da Funfarme oferecer o melhor em saúde pública para a nossa população, o que buscamos oferecer diariamente. Tamanha é esta nossa vocação que o nosso complexo hospitalar é hoje o maior produtor SUS do Brasil e, em particular, o que mais prestou serviços da Tabela SUS Paulista, segundo dados do Governo do Estado de São Paulo. Cerca de 85% dos pacientes atendidos por ano são pelo SUS.

BE – Por que, apesar de ser referência para mais de 1,7 milhão de moradores dos 102 municípios do DRS XV, a Funfarme não atende a população rio-pretense?

Horácio Ramalho – Atendemos sim, pois somos referência para muitos procedimentos de alta complexidade, nas urgências e atendimentos ambulatoriais também para Rio Preto, o que representa um número considerável de atendimentos diariamente. A Funfarme tem orgulho de ser rio-pretense e constatamos no dia a dia que esta recíproca existe por parte da cidade a qual pertencemos.

BE – Qual o papel da pesquisa num complexo hospitalar do porte da Funfarme?

Horácio Ramalho – De protagonismo há décadas, sobretudo a partir de 2011, durante a minha primeira gestão, quando inauguramos o Centro Integrado de Pesquisa (CIP), considerado um dos cinco maiores da América Latina. O objetivo é desenvolver novos medicamentos, em parceria com outros centros do mundo. O CIP já realizou mais de 800 estudos clínicos, sendo 23 sobre vacinas e outros 23 sobre a Covid-19. É grande a satisfação, portanto, de termos participado do desenvolvimento das vacinas que salvaram a humanidade numa das maiores pandemias da história. O CIP reúne hoje mais de 130 pesquisadores, além de dezenas de profissionais de apoio. É fundamental destacar também a participação ativa dos mais de 3.000 pacientes que, como voluntários, participaram dos estudos. A pesquisa não é uma área que está tão em evidência no dia a dia, mas traz impactos muito positivos.

BE – O ser humano definitivamente deve estar sempre no centro de tudo, porém, a inteligência artificial e outras tecnologias ganham cada vez mais importância, inclusive na saúde. Como o senhor enxerga esta realidade?

Horácio Ramalho – Tecnologias são essenciais, desde que não se sobreponham ao ser humano. No ambiente hospitalar não é diferente, são fundamentais para proporcionarmos saúde às pessoas. Na Funfarme, sempre pensamos desta maneira, tanto que, durante a minha primeira gestão, promovemos o maior processo de informatização realizado de uma vez só numa instituição de saúde no Brasil. Implantaremos a telessaúde, integrando nossos médicos e profissionais de todos os municípios da região, oferecendo atendimento de qualidade aos moradores sem que precisem viajar dezenas, até centenas de quilômetros até Rio Preto. Já a inteligência artificial (IA) tem transformado a área hospitalar ao otimizar diagnósticos, agilizar processos e melhorar o cuidado com o paciente. Para nossos profissionais, a IA será uma aliada, oferecendo suporte à decisão clínica por meio da análise rápida e precisa de exames, prontuários e históricos médicos, além de automatizar tarefas administrativas e operacionais. Teremos mais tempo para aprimorar ainda mais o cuidado e atenção aos pacientes, além de seus familiares e todos que frequentam nosso complexo hospitalar, o que é ótimo. Pretendemos usar a IA também na gestão hospitalar, prevendo demandas, reduzindo desperdícios e aumentando a segurança. Enfim, os benefícios oferecidos pela IA e demais tecnologias em diagnóstico e tratamento são gigantescos e muitas sequer ainda visualizamos. O importante é sabermos utilizá-las com sabedoria e sempre pensando no benefício da população, principalmente, a mais carente.

BE – Quais são os principais desafios que a Funfarme enfrenta atualmente? E quais serão suas prioridades na gestão?

Horácio Ramalho – Os diretores da Fundação e suas unidades fizeram um excelente trabalho, mas temos muito a fazer sempre, cientes da enorme responsabilidade que tem um complexo tão gigante como este. Somos uma verdadeira “cidade”, com mais de 9.000 colaboradores, maior do que populações de muitas cidades da região. Todos os dias, cuidamos de 1.129 pacientes internados, além das centenas que passam por nosso ambulatório e hospitais. Por ano, realizamos mais de 1 milhão e 200 mil primeiros atendimentos gerais, mais de 130 mil atendimentos de emergência, 55 mil internações hospitalares, 52 mil cirurgias, das quais, 387 transplantes renais e de outros órgãos e tecidos somente no ano passado. No início desta nossa nova gestão, de imediato vamos garantir nossa sustentabilidade no relacionamento com a Secretaria de Estado da Saúde e Ministério da Saúde. Lembro de novo que somos o maior produtor SUS do Brasil. Ninguém produz mais do que nós e a sociedade está ao nosso lado para que possamos receber mais recursos para continuarmos investindo no aprimoramento de nossos profissionais, em novas tecnologias e na ampliação e melhoria de nossa infraestrutura. Logo que assumi a diretoria executiva, retomei uma iniciativa da minha primeira gestão, os cafés da manhã com os colaboradores realizados uma vez por semana. Em meio às demandas que ouço, as ideias e propostas que surgem são inestimáveis, muitas já adotadas. As pessoas querem ser ouvidas, participar do destino do complexo hospitalar onde permanecem boa parte de suas vidas. A Funfarme é a nossa vida e representa muito também para a população de Rio Preto e região. É por isso que nossa diretoria e os demais 9.000 profissionais do complexo hospitalar nos empenhamos, em meio a tantos problemas e desafios da saúde do Brasil. Porque, ao longo da vida, a gente perde vários sonhos, mas a única coisa que a gente não pode perder é a utopia. A utopia de um sistema de saúde exemplar. O ser humano não vive sem utopia. A sociedade não vive sem utopia. A utopia não pode ser realizada, mas ela traz esperança. A minha alma e o meu coração estão impregnados de utopia e nós vamos fazer uma gestão ampla e compartilhada. Tenho certeza de que, a cada dia, juntos vamos construindo um ambiente mais solidário e que nos permita sempre oferecer o melhor atendimento médico com segurança e alta resolutividade.

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