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O zagueiro Lucas Galvão

EntrevistaO zagueiro Lucas Galvão

Sobre o autor

O jogador rio-pretense Lucas Galvão brilha nos gramados dos campos de futebol da Áustria, vestindo a camisa do Austria Wien.

Após aventurar-se em diversas ligas, incluindo passagens pela Grécia, no time Atromitos; Al-Wasl, dos Emirados Árabes e o Ingolstadt, da Alemanha, foi na Áustria que Galvão consolidou sua experiência. Defendendo equipes como SCR Altach, Austria Lustenau e Rapid Viena, o zagueiro se tornou um nome respeitado no futebol austríaco.

Lucas foi da base da Ponte Preta, passou também por XV de Piracicaba, Oeste e Caxias, antes de se aventurar no futebol do exterior. Depois que saiu, nunca mais retornou ao País para jogar.

Com vasta experiência na Áustria, Lucas Galvão, um dos pilares do Austria Wien na temporada, entrou na mira de dois times da Série A e um da Série B, contudo, as negociações não prosperaram.

Com contrato perto do fim, o brasileiro está livre para assinar vínculo com qualquer equipe. Apesar de seu sucesso no exterior, o jogador expressa o desejo de retornar ao Brasil, vislumbrando uma nova etapa em sua carreira. A trajetória de Lucas Galvão exemplifica a busca por oportunidades e a consolidação de um talento brasileiro no futebol europeu.

Leia a entrevista a seguir:

BE – Como foi seu início no futebol? E como você notou que zagueiro seria a posição ideal?

Lucas Galvão – Aconteceu naturalmente, quando criança, já sempre brincando de jogar bola no bairro. E com seis anos foi montado um time ali mesmo para disputar um campeonato municipal de futsal. Dali em diante o futebol foi virando minha vida. Como zagueiro, aconteceu também de forma natural, pois na minha formação de base, e até mesmo já no profissional, sempre fui lateral-esquerdo e em muitas ocasiões atacante pela ponta. Foi em 2016 quando em um jogo o técnico precisou que eu jogasse na zaga, depois dali já faz nove anos que me tornei zagueiro.

BE – Quando você percebeu que poderia fazer do futebol a sua profissão?

Lucas Galvão – Estava no juvenil da Ponte Preta, eu havia acabado de me profissionalizar. Tudo foi muito rápido, isso aconteceu em setembro, em janeiro joguei a Copa São Paulo e já subi para o profissional de vez para o Campeonato Paulista, assim a Ponte Preta já me ofereceu um contrato de cinco anos. Foi com 17 anos que o sonho começou virar realidade.

BE – Como é a sua rotina de treinamentos? Você segue alguma preparação específica antes dos jogos?

Lucas Galvão – Aqui na Áustria, temos treinamentos diariamente com um dia de folga por semana. Antes dos jogos o importante mesmo é ter um bom descanso, se alimentar corretamente e estar bem hidratado. Pois a preparação mesmo já veio durando toda a semana de treino.

BE – Você mora há mais de dez anos no exterior. Como é a experiência de viver longe de casa?

Lucas Galvão – A primeira vez que saí de Rio Preto pra morar fora foi aos 12 anos de idade, já para jogar futebol na base do Cruzeiro, em Belo Horizonte. Foi bem difícil, chorei por uma semana todos os dias até ir me acostumando. Hoje entendo que era apenas uma criança, mas sempre foi o meu sonho. Voltei para Rio Preto de 14 aos 16 anos e retornei para o Cruzeiro. A partir daí volto a Rio Preto só passar férias. No começo não foi fácil, mas cheguei aqui para agarrar a oportunidade da minha vida através do futebol. Então pouco a pouco fui me adaptando com a distância da família, idioma e costumes de outro país. Agora, já, com todo esse tempo, aproveito cada momento.

BE – Quais são seus hobbies fora do campo? O que você gosta de fazer no tempo livre?

Lucas Galvão – No tempo livre costumo aproveitar para conhecer mais da cidade, cafés, restaurantes, museus, etc. Agora, sobre hobbies, nada de mais, hoje em dia posso dizer que cozinhar é meu hobby.

BE – Como a sua família lida com a distância?

Lucas Galvão – Assim como eu, minha família teve que se adaptar com essa distância, mas entendem os meus motivos. Jogando aqui na Áustria, normalmente a cada 6 meses consigo ir ao Brasil passar em torno de 15 dias. Sempre vou para Rio Preto, pois meus tios, minha avó e meu pai moram aí. Minha mãe faleceu em 2020 e minha irmã mudou, agora, para São Paulo.

BE – Como foi a sua adaptação no futebol europeu quando você chegou na Áustria?

Lucas Galvão – Não foi fácil, mas vejo que foi rápido. Mesmo sem falar o idioma, consegui entender e assimilar rápido a forma como eles gostam e veem o futebol e tive também a sorte de ter dois brasileiros com anos de Áustria na equipe, isso me ajudou muito nessa adaptação.

BE – Qual foi o maior obstáculo para se adaptar na Europa em questão de alimentação, cultura?

Lucas Galvão – Desafiador talvez tenha sido nos Emirados Árabes, por conta do calor excessivo. Eram bem desgastantes os treinamentos e jogos.

BE – Qual foi o jogo ou lance mais marcante de sua carreira até agora?

Lucas Galvão – Um lance, com certeza, mais marcante foi o gol de voleio que fiz aqui na Áustria, onde ficou entre os cinco mais bonitos da história na Bundesliga.

BE – Quem foi o jogador mais difícil que você teve que marcar ao longo de sua carreira?

Lucas Galvão – Teve muitos bons atacantes que enfrentei, mas pra escolher um pode ser o dinamarquês Rasmus Højlund, que hoje joga pelo Manchester United.

BE – Qual a principal diferença que você percebe entre o futebol brasileiro e o europeu?

Lucas Galvão – Acredito que a diferença maior seja a mentalidade, na parte de disciplina e tática. No Brasil melhorou muito essa parte atualmente, mas ainda se depende muito da habilidade e técnica para fazer a diferença.

BE – Qual foi a sua experiência ao jogar na UEFA Europa League e na Conference League? Como você descreveria a atmosfera e a pressão desses campeonatos?

Lucas Galvão – Foi bem emocionante, tem a pressão maior, mas, por outro lado, é uma atmosfera diferente, que contagia e faz dos jogos especiais. Foi um sonho realizado.

BE – Como Rio Preto influenciou sua formação pessoal e profissional?

Lucas Galvão – Sou muito bairrista e gosto muito de Rio Preto, uma cidade grande no interior. E é um celeiro de jogador, não tenho dúvida que, na infância, ter sempre disputado torneios na cidade e enfrentado ótimos adversários me fez ser competitivo e preparado para novos desafios.

BE – Tem algum lugar especial na cidade que você costuma visitar quando está por aqui?

Lucas Galvão – Especial é poder reunir a família e amigos para matar a saudade, mas claro que não pode faltar uma churrasqueira. Como a nossa culinária não existe igual.

BE – Você se vê voltando a jogar aqui no Brasil, mais especificamente em clubes próximos a sua cidade natal?

Lucas Galvão – Penso que seja um bom momento para retornar ao futebol brasileiro, depois de todo esse tempo fora, tenho vontade de estar mais próximo à família. E, com certeza, hoje o Mirassol e o Novorizontino vivem grandes fases. Se aparecer essa possibilidade de jogar próximo de casa, hoje seria um bom momento.

BE – Você tem algum conselho que pode servir de inspiração para os jovens de Rio Preto que sonham em seguir no futebol profissional?

Lucas Galvão – Acredito que o essencial é se empenhar, acreditar no seu talento, mas treinar muito em buscar de melhorar dia após dia, abdicar de certas “diversões” e cuidar do corpo que é seu instrumento de trabalho. E não desistir, mesmo se portas se fecharem, siga em frente porque vai aparecer uma nova oportunidade e tem que estar melhor e mais preparado para conseguir agarrar a chance. (Colaborou Eduarda Prieto)

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