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Liderança no cooperativismo

EntrevistaLiderança no cooperativismo
À frente da agência do Sicoob em Votuporanga, Leandro Pontes Bergamini aposta na força do coletivo, na educação financeira e na formação de equipes de alta performance

Sobre o autor

Com uma trajetória profissional marcada por dedicação e foco em resultados sustentáveis, Leandro Pontes Bergamini, 36 anos, defende uma liderança humana, baseada na força do coletivo e na educação financeira como ferramenta de transformação social.

Atualmente, é gerente da agência do Sicoob em Votuporanga evem se destacando pelos resultados expressivos à frente da unidade e pela capacidade de reverter cenários desafiadores em outras. Antes de ingressar no cooperativismo, atuou como assistente, consultor e gerente de negócios em instituições como Itaú e Sicredi. Desde então, participou de projetos estratégicos, liderou equipes e ajudou a fortalecer o crescimento regional da cooperativa.

Nascido em Campo Limpo Paulista, é graduado em Administração pela Faculdade Futura, com pós-graduação em Gestão Financeira pela Unopar (PR) e MBA em Neurociências da Psicologia Positiva e Desenvolvimento Humano pelo IPOG (GO). Leandro é casado há 17 anos com Leticia Lourenço Bergamini e pai de Bernardo, de 6 anos.

Ele compartilha os aprendizados que marcaram sua trajetória, os desafios de liderar no interior e a visão de futuro.

Leia a seguir:

BE – Que aprendizados mais marcaram sua trajetória até assumir a diretoria da Sicoob em Votuporanga?

Leandro Bergamini – Ao longo da minha trajetória vivi aprendizados marcantes. O principal foi compreender o valor das relações humanas no ambiente de trabalho: ouvir, entender e apoiar as pessoas constrói confiança e forma equipes comprometidas. Também reconheci a importância da educação financeira e do cooperativismo como instrumentos de transformação social. Entender que o Sicoob UniCentro Br é mais do que uma instituição financeira, é um agente de desenvolvimento local, reforçou a responsabilidade e a oportunidade que temos como líderes.

Cheguei à cooperativa em 2020 como assistente de negócios em Votuporanga. Pouco tempo depois, fui promovido a consultor, e, em maio de 2021, assumi como gerente de negócios híbrido, atendendo cerca de 840 cooperados, entre pessoas físicas, jurídicas e do setor agro. Em seguida, candidatei-me à vaga de Gerente de Desenvolvimento da regional SP2, onde assumi, em janeiro de 2022, a responsabilidade pelo treinamento das equipes, apoio estratégico à superintendência e crescimento de receitas e volumes da região de São José do Rio Preto.

Nesse período, também atuei como gerente interino em diversas agências com desempenho abaixo do esperado, com o objetivo de reverter os resultados. Em Votuporanga, fiquei por quatro meses e entregamos a agência em alta performance ao novo gestor. Em São José do Rio Preto, após cinco meses, conseguimos viabilizar a unidade. Em Araraquara, alcançamos destaque em toda a cooperativa, e, em seguida, atuei em Ribeirão Preto, na agência do Shopping.

Em fevereiro de 2024, reassumi a agência de Votuporanga, então com resultados insatisfatórios. Encerramos o ano com 190% da meta alcançada, a única agência da cooperativa a atingir esse percentual, colocando-a novamente em posição de destaque.

Aprendi que os melhores resultados vêm da força do coletivo, da transparência e da ética. Assumir a agência de Votuporanga é, para mim, a continuidade de uma jornada pautada por esses valores.

BE – Quando atuou como consultor de negócios, obteve bons resultados em apenas seis meses. Qual foi sua estratégia para alcançar esse desempenho tão rapidamente?

Leandro Bergamini – Como consultor de negócios, foquei em resultados rápidos e sustentáveis. Logo nos primeiros dias, realizei um diagnóstico aprofundado e identifiquei a falta de alinhamento entre as metas comerciais e os processos internos. Para resolver isso, elaborei um plano de ação de 90 dias com metas claras e mensuráveis. Trabalhei junto às lideranças no redesenho de processos, implantação de indicadores-chave de desempenho e criação de rituais semanais de acompanhamento. Priorizei ações de curto prazo com impacto direto, como o aumento nas vendas de produtos e a recuperação de inadimplentes. Como resultado, aumentamos a receita, reduzimos custos e melhoramos a previsibilidade financeira por meio de um novo modelo de prospecção ativa. Esse desempenho foi alcançado graças à combinação entre análise estratégica, execução disciplinada e engajamento da equipe.

BE – Na função de gerente de desenvolvimento regional, você passou a coordenar quase 100 agências. Como foi lidar com esse crescimento tão expressivo?

Leandro Bergamini – Como gerente de desenvolvimento atuava em 14 agências da Superintendência da SP2, e esse cargo ainda não existia nas demais superintendências, por isso fui constantemente solicitado pelas unidades de SP1, GO, DF e TO, o que exigiu que eu aprendesse a delegar, organizar melhor as operações e desenvolver habilidades de liderança.

Com apoio do meu gestor, conseguimos atender todas as regiões com excelência. O resultado desse trabalho foi a oficialização do cargo em todas as superintendências em junho de 2023. Isso foi muito gratificante, pois mostrou que meu trabalho contribuiu diretamente para a valorização do papel estratégico do gerente de desenvolvimento.

Durante esse período, atendi toda a cooperativa por um ano e meio, e depois retornei a focar exclusivamente na SP2. Foi um grande aprendizado lidar com diferentes perfis, entender o mercado e identificar oportunidades. Um marco desse trabalho foi o aumento da receita mensal da SP2, que saiu de R$ 250 mil para mais de R$ 1,6 milhão quando deixei o cargo para assumir a agência de Votuporanga.

Outro grande desafio recente foi assumir uma agência que estava há dois anos sem resultados positivos e, em apenas oito meses, torná-la referência dentro da cooperativa.

Sempre digo: todos os dias aprendemos algo novo. Por isso, busco me desafiar constantemente.

BE – Qual foi o momento mais desafiador da sua carreira até agora?

Leandro Bergamini – Acredito que o momento mais desafiador da minha carreira foi pegar um projeto que era piloto e com força de vontade fazer acontecer e, principalmente, com brilho nos olhos. Foi gratificante ver os resultados surgirem e permitir que a cooperativa contratasse mais pessoas para fortalecer o time.

Como sempre falo: todos os dias aprendemos algo novo, por isso sempre me desafio constantemente. Outro caso que me recordo, mais recente, foi assumir uma agência que há dois anos não dava resultados positivos. Em apenas oito meses, conseguimos reverter a situação e torná-la uma das unidades de destaque da cooperativa.

BE – Quais são os principais desafios na gestão de uma cooperativa em uma cidade do interior?

Leandro Bergamini – A gestão de uma cooperativa em cidades do interior enfrenta desafios específicos, diferentes dos grandes centros urbanos. Um dos principais é fazer com que as pessoas compreendam que todos são donos da cooperativa e que os resultados retornam aos associados por meio das sobras. É essencial incentivá-los a participar das assembleias e exercer seu direito ao voto.

No estado de São Paulo, onde a cultura cooperativista ainda é pouco difundida, há o desafio adicional de explicar o modelo de negócio a quem está acostumado com bancos tradicionais. Para isso, algumas ações são fundamentais: capacitar os cooperados, mostrando os benefícios do modelo cooperativista, incentivar a participação nas decisões, especialmente nas assembleias, promover uma gestão financeira próxima, onde o gerente atua como assessor e parceiro do cooperado, e não apenas como um atendente bancário, Além de ensinar os sete princípios do cooperativismo: adesão livre e voluntária, gestão democrática, participação econômica dos membros, autonomia e independência, educação, formação e informação, intercooperação e interesse pela comunidade.

BE – O que você considera essencial para formar uma equipe de alta performance no cooperativismo?

Leandro Bergamini – Formar uma equipe de alta performance no cooperativismo exige atenção aos princípios cooperativistas, aliando-os à busca por eficiência, engajamento e resultados sustentáveis. Acredito que tudo começa com uma liderança que inspira, desenvolve e orienta, criando um ambiente onde todos se sintam parte do time, com senso de pertencimento e postura de dono. É essencial que cada um saiba claramente seu papel, receba o direcionamento adequado e tenha liberdade para aprender com os erros, ajustando a rota quando necessário. Quando a equipe está engajada na mesma causa, os resultados vêm naturalmente. Nada me realiza mais do que ver alguém sendo promovido e saber que contribuí para essa trajetória.

BE – Que tipo de capacitação ou atualização profissional considera essencial na sua função?

Leandro Bergamini – Acredito que temos que estar atualizado no mercado financeiro, que muda todos os dias. Isso nos permite tomar decisões estratégicas com mais segurança. Além disso, buscar certificações bancárias como CPA-10, CPA-20 e CEA, que amplia nossa visão e oferece uma base sólida sobre o funcionamento do setor.

BE – Você acredita que habilidades comportamentais são tão importantes quanto as técnicas no seu cargo? Por quê?

Leandro Bergamini – Sim. Acredito que, hoje, as habilidades comportamentais são fundamentais, pois refletem o caráter, a inteligência emocional, a comunicação e a resiliência das pessoas. Em um mundo cada vez mais imediatista, é essencial sermos flexíveis e agir com sabedoria em nossas atitudes e estratégias. Já as habilidades técnicas podem ser desenvolvidas continuamente, na prática do dia a dia.

BE – C omo o Sicoob mede o impacto das ações culturais que apoia? Como está sendo a participação da cooperativa na Polointer?

Leandro Bergamini – O Sicoob mede os impactos através de a avaliação social e regional, feedback da própria comunidade, parcerias com organizações locais e relatórios de transparecias.

No Sicoob UniCentro Br estamos empolgados com a participação do evento, visto que temos mais 12 mil associados em nossa região e com pré-aprovado que passam de 20 milhões somente para a pessoa pegar no app e liberação imediata, para que possam comprar os produtos na Polointer e assim girar a economia local.

BE – Qual é sua maior motivação hoje, após 14 anos no setor financeiro?

Leandro Bergamini – Saber que sou responsável pelas finanças das pessoas e posso ajudá-las a realizar seus sonhos, fazendo a diferença com propósito nas vidas de meus cooperados.

Quero ser um líder inspirador, uma referência para minha equipe, formando novos profissionais preparados para assumir cargos de gestão e, assim, deixar um legado positivo para as próximas gerações.

BE – Que conselho daria a um profissional que deseja seguir carreira no cooperativismo financeiro?

Leandro Bergamini – Faça tudo com amor, não pelo dinheiro, pois isso é consequência do trabalho.

Ajude o próximo, faça rede e contato com aquelas pessoas que você admira como gestor.

Invista em treinamentos e em seu desenvolvimento. A única coisa que ninguém pode roubar de você é o conhecimento.

Seja inovador e proativo, busque melhorias em seu ambiente de trabalhar e fale com seu gestor, para implementá-las.

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