LIDERANÇA HOSPITALAR
Aos 38 anos, o oftalmologista Pedro Abbes Hueb assumiu a presidência
do Hospital Beneficência Portuguesa de Rio Preto, tornando-se o presidente mais jovem da instituição, entre os outros sete que já passaram pelo mesmo cargo, em seus 56 anos de história.
Pedro Hueb é natural de Bebedouro e graduado em Medicina pela Universidade de Uberaba (Unieube), completou sua residência em oftalmologia no HO Redentora e especializou-se em Catarata, Glaucoma e Córnea no Hospital Oftalmológico do Interior Paulista. Além de integrar o corpo clínico da Bene, é sócio da Associação Portuguesa de Beneficência (APB), na qual contribuiu no Conselho Deliberativo.
Proveniente de uma família de profissionais de saúde, ele segue a tradição. A sua mãe Elaine Tilelli Abbes é psicanalista, e o pai, Silvio Henrique Hueb da Silva, é o atual presidente da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas). Pedro é casado há seis anos com Renata Feres Hueb, com quem teve um filho, João Feres Hueb.
Pedro Hueb fala sobre como recebeu o convite para assumir o cargo de presidente do Hospital Beneficência Portuguesa de Rio Preto, enumera os desafios da gestão e as principais metas à frente da instituição.
Leia a entrevista a seguir:
BE – Poderia compartilhar como e quando decidiu que seu foco de atuação profissional seria medicina e saúde?
Pedro Abbes Hueb – Minha decisão pela medicina ocorreu logo na infância. Não me recordo de ter cogitado outro caminho. Desde jovem, sempre tive interesse pela ciência e pela biologia. Além disso, a complexidade e a constante evolução da medicina me atraíram, despertando minha curiosidade e desejo de aprender. Durante a faculdade, meu interesse pela oftalmologia começou a crescer ao ver como a visão é fundamental para a qualidade de vida. As possibilidades de ajudar as pessoas a recuperar ou melhorar sua visão me motivaram ainda mais a me especializar nessa área. Essa escolha se consolidou com as experiências práticas e a paixão pelo cuidado que desenvolvi ao longo do caminho.
BE – Recentemente, o senhor assumiu o cargo de presidente do Hospital Beneficência Portuguesa de Rio Preto. Como foi receber esse convite?
Pedro Abbes Hueb – Receber o convite para assumir a presidência do Hospital Beneficência Portuguesa de Rio Preto foi uma honra imensa. É uma instituição com uma história rica e um compromisso profundo com a saúde da comunidade. A responsabilidade é grande, mas estou animado para trabalhar com uma equipe dedicada e implementar melhorias que beneficiem nossos pacientes e a comunidade. Foi um momento de reflexão e motivação para enfrentar os desafios que virão!
BE – Quais os principais desafios que o senhor já observou na gestão?
Pedro Abbes Hueb – Os principais desafios que observei na gestão incluem a sustentabilidade financeira, que envolve garantir recursos adequados para manter a qualidade dos serviços em um cenário econômico difícil. Outro desafio é a atualização tecnológica, que exige integrar inovações na saúde sem comprometer o orçamento, além de acompanhar as mudanças do setor. Também é essencial investir na capacitação contínua da equipe médica e administrativa para assegurar um atendimento de excelência. A melhoria da infraestrutura é igualmente importante, pois modernizar as instalações contribui para criar um ambiente seguro e acolhedor para os pacientes. Por fim, promover um atendimento humanizado é crucial, já que essa cultura de cuidado é fundamental para a satisfação dos pacientes.
BE – Quais são suas metas à frente da instituição?
Pedro Abbes Hueb – Minhas metas à frente do Hospital Beneficência Portuguesa incluem renovação, inovação e profissionalização. Fortalecer a sustentabilidade financeira, implementando estratégias para otimizar recursos e garantir a estabilidade da instituição. Também pretendo aprimorar a qualidade do atendimento, focando na melhoria contínua dos serviços e promovendo práticas de atendimento humanizado e segurança do paciente. Além disso, é fundamental investir em tecnologia, integrando novas ferramentas e sistemas de gestão que melhorem a eficiência operacional e a experiência do paciente. Desejo desenvolver a equipe, criando programas de capacitação e bem-estar para os colaboradores, pois uma equipe motivada é essencial para um bom atendimento. Por fim, buscarei fortalecer parcerias, estabelecendo colaborações com outras instituições e organizações para potencializar a assistência e a prevenção em saúde. Essas metas são essenciais para garantir que o hospital continue a ser uma referência em qualidade e compromisso com a saúde da população.
BE – Como a Beneficência Portuguesa atua quanto à incorporação de novas tecnologias?
Pedro Abbes Hueb – A Beneficência Portuguesa tem em seu DNA o pioneirismo em saúde no interior paulista. Buscamos incorporar novas tecnologias de forma estratégica e alinhada às necessidades dos pacientes e da equipe. Recentemente, inauguramos nossa sala híbrida e uma ala de quartos totalmente renovada e automatizada, além de dois robôs cirúrgicos. As principais ações incluem a avaliação contínua das tecnologias disponíveis, realizando análises regulares que consideram suas efetividades e custos para garantir que as inovações sejam viáveis e tragam benefícios claros. Investimos na capacitação da equipe por meio de treinamentos e workshops, assegurando que nossos colaboradores estejam sempre atualizados e aptos a utilizar novas ferramentas e equipamentos. Também estamos implementando sistemas eletrônicos que otimizam a gestão de dados, agilizando processos administrativos e melhorando a experiência do paciente. Essas ações visam garantir que a instituição permaneça na vanguarda da saúde, proporcionando atendimento de qualidade e segurança.
BE – Qual o principal legado o senhor gostaria de deixar em seu mandato?
Pedro Abbes Hueb – Quero que o Hospital Beneficência Portuguesa seja reconhecido não apenas pela excelência técnica, algo que temos de sobra, mas também pela forma como trata cada paciente, valorizando suas necessidades e experiências. Além disso, busco deixar uma instituição mais sustentável financeiramente e tecnologicamente avançada, com uma equipe bem preparada e motivada. Acredito que, ao promover um ambiente de colaboração e inovação, conseguiremos impactar positivamente a saúde da comunidade de forma duradoura. Esse legado se reflete na qualidade do atendimento e na confiança que a população deposita em nós.
BE – Fala-se muito sobre essa questão da qualidade de algumas instituições privadas. Como preceptor dos setores de Catarata e Glaucoma do Serviço de Residência do HO Redentora, qual a sua avaliação da formação de novos profissionais? O atual momento do ensino da medicina é um problema a ser discutido?
Pedro Abbes Hueb – A formação de novos profissionais de saúde é um tema crucial e que merece atenção. Ser preceptor dos setores de Catarata e Glaucoma do HO Redentora e poder colaborar com a formação de jovens médicos, é muito gratificante. Atualmente, a integração de experiências práticas nos currículos é fundamental, mas ainda existem lacunas em termos de imersão em cenários clínicos variados. Por outro lado, hoje em dia podemos contar, por exemplo, com simuladores cirúrgicos de alta tecnologia, que possibilitam experiência próxima à situação real. Isso ajuda muito na complementação do ensino médico. A integração entre teoria e prática também deve ser aprimorada, para que os estudantes se sintam mais preparados ao entrar no mercado de trabalho. A necessidade de uma educação que valorize a aprendizagem contínua é evidente, especialmente em um campo tão dinâmico quanto a medicina. Graças à facilidade do acesso a informação, isso tem ficado cada vez mais simples de se conseguir. Discutir esses aspectos é essencial para garantir que os futuros médicos possam oferecer um atendimento de qualidade, humanizado e que faça a diferença na vida dos pacientes. O fortalecimento da formação é um passo fundamental para a evolução da profissão e para a saúde da população.
BE – Com as redes sociais há muita informação e, também, desinformação em saúde, por vezes disseminada até por alguns profissionais da área. Inclusive, no ano passado, o Conselho Federal de Medicina (CFM) apresentou uma série de regras sobre publicidades feitas por médicos do Brasil. Como o senhor enxerga essa atuação de médicos nas redes sociais?
Pedro Abbes Hueb – A atuação de médicos nas redes sociais é um tema complexo que merece uma análise cuidadosa. Essas plataformas oferecem uma oportunidade poderosa para disseminar informações e promover a saúde, mas também apresentam riscos significativos relacionados à desinformação. Um aspecto positivo das redes sociais é a educação e acessibilidade, pois médicos podem compartilhar informações valiosas, esclarecer dúvidas e aumentar a conscientização sobre temas de saúde, alcançando um público amplo. Além disso, as redes sociais permitem uma comunicação mais próxima entre médicos e pacientes, ajudando a construir confiança e promovendo um atendimento mais humanizado.
Por outro lado, os desafios e riscos incluem a desinformação, já que a disseminação de informações erradas ou não fundamentadas pode ter consequências graves. É crucial que os profissionais sejam criteriosos e baseiem suas postagens em evidências científicas. A ética e responsabilidade também são fundamentais; as informações devem respeitar as diretrizes éticas da profissão, e publicidades que exagerem resultados ou não sejam transparentes podem prejudicar a credibilidade da classe. As regras estabelecidas pelo CFM são importantes para orientar a atuação dos médicos nas redes sociais, protegendo tanto os profissionais quanto os pacientes e promovendo um uso responsável das plataformas. Em resumo, a presença dos médicos nas redes sociais pode ser altamente benéfica, mas exige responsabilidade, ética e compromisso com a veracidade das informações. O equilíbrio entre informar e respeitar a integridade da profissão é fundamental para que essa prática contribua positivamente para a saúde da população.
BE – Como imagina o futuro da oftalmologia?
Pedro Abbes Hueb – O futuro da oftalmologia promete avanços empolgantes. Entre eles, destaca-se a tecnologia avançada, com melhorias em diagnósticos por meio de ferramentas de inteligência artificial. As terapias genéticas estão trazendo inovações significativas no tratamento de doenças oculares hereditárias. Além disso, a educação contínua se torna mais colaborativa e acessível, permitindo uma formação mais flexível. A saúde preventiva ganha destaque, com uma ênfase maior em triagens e conscientização. Por fim, os tratamentos personalizados estão se tornando comuns, com abordagens adaptadas às características individuais dos pacientes. Essas tendências devem melhorar tanto a qualidade de vida dos pacientes quanto a eficiência do atendimento oftalmológico.