MULHERES, CARREIRA E FAMÍLIA
Esta semana, tive a honra de ser convidada para uma celebração em homenagem a grandes nomes do setor da saúde em nossa cidade, coincidindo com 30 anos de dedicação à profissão, um número que me enche de satisfação. Aproveito este espaço para agradecer formalmente aos colegas que, de maneira ímpar, colaboram nos bastidores para que esta coluna possa divulgar e valorizar a minha especialidade. São esses profissionais, muitas vezes não mencionados, que tornam possível a qualidade do conteúdo que vocês leem. Agradeço, também, aos leitores que, ao longo desses 12 anos, têm sido uma fonte constante de incentivo e inspiração. Meu mais sincero agradecimento a todos!
Aproveitando a ocasião e refletindo sobre minha própria trajetória, considero importante refletir que, no cenário atual, o maior inimigo da conciliação entre trabalho e família não é o tempo dedicado à carreira, mas sim a cultura do individualismo. Ao longo da minha trajetória, convivi com homens e mulheres que, apesar de rotinas extensas e múltiplas responsabilidades, mantiveram-se pais e mães atentos e comprometidos. Não usaram o trabalho como justificativa para a ausência, seja ela física ou emocional.
O problema não está em uma carreira ambiciosa ou não, as mulheres devem sim aspirar a espaços de liderança, mas no individualismo que valoriza o bem-estar, os desejos e as necessidades pessoais acima das coletivas. Esse foco na realização individual pode, de fato, gerar conflito. A dinâmica familiar exige compromisso, colaboração e empatia. De ambos os lados.
A presença física faz diferença para os filhos? Sem dúvida. Especialmente nos primeiros anos de vida, mas sendo planejado fará parte do desenvolvimento profissional. Aspirem posições de liderança, as mulheres têm muito a contribuir no cenário social.
O vínculo de responsabilidade e confiança será mantido, como sempre o é, quando há interesse genuíno. As ausências emocionais, por sua vez, nem sempre estão relacionadas à distância física. O tempo gasto em distrações como o uso excessivo de celulares, a falta de interesse pelo desenvolvimento dos filhos ou pela dinâmica familiar pode criar um vazio emocional tão prejudicial quanto a ausência física.
É fundamental reconhecer que a família não é composta apenas pela mãe e os filhos. Um pai presente é igualmente indispensável. A família deve ser uma rede de apoio para o cuidado das crianças, um dever compartilhado. Nesse sentido, é uma bênção poder contar com os avós, que, além do apoio diário, oferecem contribuições afetivas valiosas.
Por outro lado, a autonomia individual é crucial para qualquer relacionamento saudável. O trabalho, além de dignificar, ensina e traz recursos importantes. O desafio está em encontrar o equilíbrio entre manter a individualidade e o compromisso com o parceiro e a família. É esse equilíbrio, baseado em diálogo e cooperação, que nos permitirá enfrentar as dificuldades futuras, sem comprometer os vínculos familiares.