Liderança Regenerativa
Tenho trazido nos artigos da coluna diversos conceitos que contribuem para o desenvolvimento da nossa liderança para lidar com o cenário de negócios atual que é cada vez mais incerto e imprevisível. Afinal, o pilar liderança é estruturante para a cultura e é o líder quem habilita ou limita a transformação da cultura nas empresas. É, portanto, sempre uma grande responsabilidade assumir um papel de liderança, se olharmos por essa ótica, pois responsabilizar a equipe por algo que não funciona se torna apenas uma desculpa ou uma forma de aliviar a própria pressão. Mas como lidar com tanta responsabilidade em meio a um ambiente que já provoca tanta pressão, mantendo a saúde mental e a força necessária para executar as ações no dia a dia?
O conceito de Liderança Regenerativa vem nos ajudar a entender justamente essa necessidade de transformação da própria consciência do nosso papel como líderes. Para aprofundar neste conceito, recebi na comunidade Reinvente Ana Lícia Reis, especialista em desenvolvimento organizacional. Ela traz uma metáfora interessante de que temos usado o limite do nosso cartão de crédito psico-ecológico-social e, por isso, temos visto sinais de esgotamento de recursos naturais, na saúde mental e nos vínculos humanos. Essa é uma lógica que não sustenta mais o nosso futuro. Uma liderança regenerativa traz uma nova lógica para lidar com esse contexto a partir da ampliação dos níveis de consciência na organização.
No encontro, exploramos os sete níveis de consciência que descrevem o amadurecimento do olhar de um líder sobre si, os outros e o mundo. Nos níveis mais baixos, agimos por instinto de sobrevivência (nível 1) ou desejo de controle (nível 2). São camadas onde o medo ainda rege decisões. À medida que avançamos, passamos por estágios como pertencimento (nível 3), reconhecimento (nível 4) e propósito (nível 5), até alcançar integração (nível 6) e serviço (nível 7). Esse último representa o líder regenerativo em sua forma mais plena: alguém que age com intenção sistêmica, guiado não só por metas, mas também por significado.
Líderes no nível 3, por exemplo, priorizam a aceitação do grupo, mas ainda evitam conflitos mais profundos. Já no nível 4, o desejo de reconhecimento pode gerar tanto motivação quanto rigidez. No nível 5, o propósito começa a alinhar decisões com valores mais amplos. Nos níveis 6 e 7, vemos o nascimento de uma liderança regenerativa: uma presença capaz de enxergar as interdependências, acolher a complexidade e agir com responsabilidade coletiva. É nesse campo que a liderança deixa de ser reativa e se torna intencional, consciente e profundamente conectada ao bem comum.
Isso significa reconhecer que a transformação que queremos não acontece apenas com foco em metas e processos, mas com a qualidade da presença de quem lidera para se conectar e engajar seus liderados. Regenerar não é somente restaurar o que se perdeu. É criar as condições para florescer uma nova forma de liderar — mais madura, mais conectada e mais comprometida com o todo. Uma liderança que se reconhece em construção, disposta a subir cada degrau da consciência com coragem e humildade. É essa liderança que nutre culturas organizacionais verdadeiramente inovadoras e humanas: aquelas que não apenas mudam, mas se regeneram. Os encontros da comunidade Reinvente são uma grande oportunidade de aprendermos e nos desenvolvermos juntos já que a realidade é que ninguém mais está pronto para os desafios que enfrentamos ao liderar! Que possamos sempre nos inspirar pelo nosso propósito para exercermos uma liderança cada vez mais inovadora e humanizada.
Daniel Rodrigues
Fundador da CCLi Consultoria Linguística, Empreendedor, Mentor e Palestrante