O artigo de hoje aborda novamente um pilar essencial da cultura inovadora humanizada: o da liderança. Sabemos que as emoções são elemento-chave para a alta performance de uma equipe, mas pouco se fala sobre a gestão das emoções ainda hoje nas empresas. No mapa de navegação da cultura inovadora humanizada, o sentir é uma das dimensões de desenvolvimento contínuo da equipe, somado ao pensar e ao agir.
Recentemente, aprofundei este tema em um bate-papo com a Especialista Tabi Batistela que trouxe uma citação do Antonio Damásio que acho interessante compartilhar: “não somos máquinas de pensar que sentem, somos máquinas de sentir que pensam”. Essa afirmação nos lembra a importância da emoção no ser humano que somos. Antes de decidir, agimos movidos por aquilo que sentimos. É o nosso estado emocional que define o tom das nossas interações, influencia a tomada de decisão e contagia o ambiente ao redor. Quando um líder compreende essa dinâmica, ele deixa de controlar pessoas e passa a cultivar a energia do time porque, como explicou Tati, emoção é energia em movimento.
Essa energia pode construir ou destruir, dependendo de como é canalizada. Líderes emocionalmente conscientes entendem que o primeiro território de liderança é o próprio coração. Cuidar de si, reconhecer as próprias emoções e praticar a autorregulação são atos de responsabilidade coletiva. Um líder que não se observa pode, sem perceber, transferir suas tensões para a equipe e comprometer o clima emocional do grupo. Por outro lado, quando a liderança pratica presença, escuta e empatia, cria um campo de confiança onde as pessoas se sentem seguras para pensar, criar e inovar.
Muitos precisam hoje de inovar nos negócios e buscam técnicas e ferramentas, que, com certeza, são fundamentais para auxiliar neste desafio. Porém, é importante considerar que inovar é um processo também emocional: envolve coragem para experimentar, humildade para aprender e abertura para lidar com o erro. Em uma cultura que valoriza apenas a racionalidade, o medo se torna o freio invisível da inovação. E raramente isso é percebido. Por outro lado, quando a organização investe em bem-estar emocional e em ambientes afetivos, o medo dá lugar à curiosidade e o resultado aparece em equipes mais engajadas, colaborativas e criativas.
Por fim, gostaria ainda de trazer outra citação feita pela Tati no encontro: “o estado emocional do líder é o primeiro ato de liderança”. Quando cuidamos da nossa própria gestão emocional, cuidamos também da nossa equipe. É o líder que define o humor coletivo, a energia que circula e, consequentemente, a qualidade das entregas. Emoções agradáveis ampliam criatividade, cooperação e resiliência; emoções desagradáveis, quando não reconhecidas, reduzem a capacidade de pensar e agir com clareza.
Portanto, o desafio das lideranças modernas não é apenas desenvolver habilidades técnicas, mas cultivar maturidade emocional. Liderar com o coração não é sinal de fraqueza, mas sim um sinal de força. É compreender que resultados sustentáveis nascem de relações saudáveis. É escolher influenciar, e não manipular; inspirar, e não impor. É criar ambientes onde as pessoas possam ser inteiras, com razão e emoção coexistindo, sem hierarquias. Quando as empresas abraçam essa visão, deixam de buscar produtividade a qualquer custo e passam a gerar prosperidade com propósito.
