Autocontrole
A série dos artigos sobre autoliderança explorando diferentes competências que a fortalecem ganha um novo artigo! E já fazendo um paralelo, essa é a tônica do mundo de hoje mesmo. Nada mesmo concluído precisa de fato estar terminado se seguimos nos movendo e buscando inovar e evoluir. Eu teria fechado o ciclo com o artigo publicado duas semanas atrás sobre automotivação, mas um bate-papo com a especialista Patrícia Pedri me fez escrever hoje sobre autocontrole, ampliando a séria e incluindo essa competência fundamental para nossa liderança.
O autocontrole está bastante conectado com a autorregulação sobre a qual já conversamos. Quando nos conhecemos e nos regulamos emocionalmente, nos tornamos catalisadores de confiança, clareza e coerência nas nossas relações com nossa equipe. Autocontrole não é sobre reprimir emoções, mas sim sobre criar espaço entre o impulso e a resposta. Nesse intervalo, nasce a liderança madura — aquela que age com intenção, e não apenas reage às pressões diárias. Esse ponto de virada pessoal é também o ponto de virada cultural nas organizações: quando líderes se observam, se compreendem e se cuidam, tornam-se exemplos vivos da cultura que desejam ver florescer, tornando possível liderar uma cultura inovadora humanizada na prática.
Neste encontro, a Patrícia nos apresentou três pilares fundamentais do autocontrole: autoconsciência, gestão de significado e regulação emocional. Esses pilares nos lembram que não é o fato em si que nos desestabiliza, mas o significado que damos a ele. Líderes que aprendem a reinterpretar os eventos com mais empatia e consciência não apenas se protegem do desgaste emocional, mas criam ambientes onde o erro vira aprendizado, e não punição. Essa abordagem favorece a inovação, pois reduz o medo e convida à experimentação.
O autocontrole também está profundamente conectado à qualidade das relações. Uma liderança equilibrada comunica-se com clareza, evita explosões desnecessárias e promove conversas construtivas mesmo nos momentos mais desafiadores. Isso fortalece vínculos e aumenta a credibilidade, abrindo espaço para relações de confiança. Empresas que querem inovar de verdade não podem negligenciar esse aspecto invisível, mas essencial, da convivência.
O fortalecimento do nosso autocontrole exige treino e é algo que acontece no dia-a-dia nas nossas vidas. Não é algo que vamos conseguir atingir plenamente, pois os contextos dinâmicos despertam emoções e reações que muitas vezes não conseguimos controlar como gostaríamos. Mas a atenção plena a nós mesmos, ao nosso comportamento e aos nossos sentimentos, nos ajuda a aprender e a evoluir com o próprio exercício da nossa liderança. Termos um grupo de apoio de desenvolvimento contínuo, certamente favorece esse espaço para autorreflexão. E por isso que há 5 anos mantenho os encontros da Comunidade Reinvente. Nesta comunidade, não apenas compartilho um pouco do que já aprendi na liderança de uma cultura inovadora humanizada, mas especialmente ganho a oportunidade de seguir me desenvolvendo continuamente.
Nenhuma transformação de cultura organizacional acontece apenas com grandes discursos, mas de pequenas mudanças comportamentais no cotidiano pelos líderes que buscam ser exemplo do que esperamos na nossa cultura. Para liderarmos qualquer pessoa, precisamos primeiramente liderar a nós mesmos. Desenvolver o autocontrole é essencial para uma liderança consciente e focada no propósito que governa cada cultura.