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UMA LIVREIRA EM PARIS...!

Coluna | LiteraturaUMA LIVREIRA EM PARIS...!

Sobre o autor

Há pessoas e lugares que fazem história. Esse é o caso de Sylvia Beach com a sua icônica livraria Shakespeare and Company. Fundada em Paris, em 1919, e especializada em livros em língua inglesa, ela funcionou até 1941, quando foi obrigada a fechar as portas devido à ocupação nazista na França. Nos mais de vinte anos em que existiu, a Shakespeare and Company, livraria e biblioteca, foi ponto de encontro dos escritores da Lost Generation.

Ezra Pound, Ernest Hemingway e F. Scott Fitzgerald eram frequentadores assíduos. James Joyce se tornou amigo próximo de Sylvia. E quando tentava publicar seu colossal “Ulisses”, proibido e objeto de polêmica discussão jurídica nos EUA, Sylvia Beach, com os recursos escassos da Shakespeare and Company, foi quem assumiu todos os riscos e editou o romance, então considerado pornográfico e contra os bons costumes, em 1922, em Paris.

A história incrível dessa livreira – sua famosa livraria, sua aventura na editoração, o amor vivido com Adrienne Monnier – é retratado em um romance publicado em 2022. “A livreira de Paris”, da estadunidense Kerri Maher. O livro é definido pela autora como uma ficção biográfica. Para compor a narrativa, Maher, graduada em Artes pela Universidade de Columbia, fez extensa e profunda pesquisa. E contou, é óbvio, com a imaginação. Sylvia Beach, Maher nos lembra, nos deixou em 1962 e, assim como os demais personagens baseados em pessoas reais, só pode existir em nossa imaginação.

“A livreira de Paris” aborda as várias fases da Shakespeare and Company que, de uma ideia, passa a ser realidade e, com o tempo, proporciona à sua dona realizações, desafios e dissabores. O relacionamento de Beach com Monier é enfatizado talvez na tentativa de seduzir pela temática LGBTQIAPN+. As cenas de amor entre Sylvia e Adrienne não são o ponto forte do romance. São artificiais e forçadas. Qualquer leitor sensível perceberia o espírito liberto e audacioso das duas mulheres.

A publicação de “Ulisses” é aspecto relevante em “A livreira de Paris”. A editoração da obra e a amizade entre Beach e Joyce, a qual enfrentará desgastes ao longo do tempo, funcionam como uma espécie de pano de fundo para a história da livraria. A opção de Maher é a de interromper a história antes do início da Segunda Guerra, cujos prenúncios ela deixa registrado ao colocar aqui e ali notícias da perigosa consolidação do nazismo na Alemanha.

“A livreira de Paris” informa, diverte e fomenta nossa curiosidade. Fiz várias pesquisas na internet. Encontrei fotos, cartas, livros sobre os envolvidos na história. Lembro, ainda, que há uma segunda Shakespeare and Company, que funciona ainda hoje em Paris. Em 1963, George Whitman renomeou sua livraria (Le Mistral) em homenagem a Sylvia Beach. O local foi point dos escritores da geração Beatnik e continua fazendo história.

A LIVREIRA DE PARIS

kerri Maher

  • Editora: Intrínseca

  • Páginas: 368

  • Preço: R$ 69,90 (Em sebos virtuais a partir de R$ 36) 

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