A família, chamada célula mater da sociedade por Rui Barbosa, enfrenta crises e vem se desestabilizando. A sociedade atribui à escola responsabilidades além do ensino formal. Atualmente, quando um aluno não aprende, a culpa recai sobre os professores e o papel da família e do próprio aluno são ignorados. Pouco se considera o impacto de condições externas a escola que quando não equilibradas, comprometem o desenvolvimento educacional. Antes do conhecimento formal, é essencial garantir bases como família, saúde e subsistência. Sem isso, a aprendizagem e, consequentemente, a cultura e o desenvolvimento profissional acontecem de forma precária.
O Brasil tem a tendência de adotar teorias educacionais puramente ideológicas. Discursos bonitos substituem as práticas anteriores sem evidências científicas. Assim, caímos em modernismos que sobrecarregam a escola com funções que não são suas. Embora equívocos sempre existam, consultar práticas anteriores é visto como retrocesso, mesmo que estas fossem eficientes e assim, lamentavelmente, a sabedoria do passado fica nele.
A função da escola é instruir e ensinar o que a sociedade considera essencial para o desenvolvimento biopsicossocial. Não é papel da escola formar o caráter de alunos infratores. Essas funções pertencem ao próprio indivíduo, à família, à justiça. Contudo, a escola tem assumido essas funções e em razão disso, dedicado muito tempo a projetos socioemocionais e pautas identitárias. Embora relevantes, essas iniciativas acabam diminuindo muito o tempo para as aulas dos conteúdos básicos, o “arroz com feijão” fundamental para o progresso acadêmico e profissional. Por exemplo: ensinar sobre o valor e o respeito que se deve a toda vida humana é algo muito maior do que fragmentar a sociedade em grupos como se um ou outro merecesse maior destaque. Alfabetizar e ensinar a norma culta da Língua Portuguesa é indispensável, sem a preocupação com palavras que ativistas tentam retirar do vocabulário atribuindo-lhes falsas origens pejorativas. Jovens tem oportunidades de trabalho perdidas por dificuldades em produção e interpretação de textos, sem contar a matemática! Trabalhar a biologia sem melindres ao ensinar que a divergência de percepções de gênero não altera a natureza daquilo que somos.
Fala-se muito do protagonismo dos alunos, mas os professores não são apenas coadjuvantes. São instrutores, guias, condutores do processo educacional. Sua autoridade deve ser reconhecida com dignidade e respeito. Além disso, a escola deve ser apartidária, apresentando diversas perspectivas sobre política, religião e filosofia, para que os alunos formem suas opiniões e façam suas próprias escolhas.
A prioridade da escola deve ser o desenvolvimento sociocultural e profissional dos estudantes, focando nos conteúdos e habilidades essenciais que garantam uma boa formação acadêmica e reais chances de desenvolvimento profissional.