SETEMBRO AMARELO: ESPAÇOS QUE VALORIZAM A VIDA
Estima-se que 800 mil pessoas morrem por suicídio anualmente no mundo, de acordo com a OMS, e no Brasil são cerca de 14 mil casos por ano. Diante desse cenário, a campanha anti-estigma “Setembro Amarelo” incentiva a conscientização e a prevenção desse tema que ainda é tabu através do apoio a organizações que promovem a saúde mental. A neuroarquitetura pode ser uma ferramenta importante em projetos que promovem o bem-estar e a interação humana criando ambientes acolhedores. A experiência cotidiana ligada a poética dos espaços caminha do monótono ao monumental, cria sensações e emoções por meio de volumes, vazios, silêncios, linearidade, caos, inspirando e permitindo experiências sensoriais decorrentes das interações com materiais, formas, iluminação, ventilação e com a natureza.
O ambiente construído obtuso, com ângulos retos, afasta o ser humano da biofilia, gera sentimentos negativos, como o aumento do estresse, solidão e melancolia. Naqueles indivíduos que já tem algum transtorno mental, há tendência de reações exacerbadas ou subestimuladas em ambientes inadequados e é muito desconfortável. Com foco na natureza subjetiva da arquitetura e sua capacidade imaterial de gerar pertencimento ou repulsa diante da experiência espacial, é necessário que haja alinhamento entre os espaços e a saúde mental, construindo casas, escritórios, clínicas e espaços públicos que gerem bem-estar e valorizem a vida.
Um caminho possível para contribuir com uma vida plena e feliz seria o foco no humano com projetos que criem cenários que foquem nas relações com o entorno em simbiose com a natureza, o fortalecimento do senso de comunidade, adaptação das cidades para considerarem os sentimentos e as emoções dos cidadãos. A experiência humana completa e digna no planeta precisa de espaços seguros, confortáveis e acolhedores e não apenas quanto a edificações destinadas ao tratamento de doenças mentais, mas também espaços públicos que inspirem e retirem da borda a pulsão de morte latente.