Com o advento da inteligência artificial e sua enorme repercussão na vida das pessoas, algumas questões têm surgido sobre onde estão e do que se alimentam os data centers, que geram esses produtos intangíveis. Por meio de informação e de serviços digitais, que são essenciais para o funcionamento da internet e da tecnologia moderna, eles armazenam e gerenciam dados para o funcionamento de aplicativos, comunicação em rede, acesso a bancos de dados online e nuvens virtuais.
Os data centers são instalações físicas para servidores, imensas bibliotecas de computadores com sistemas de armazenamento e equipamentos de rede, sendo que a escolha da sua localização é estratégica e depende da disponibilidade de energia elétrica confiável e renovável, infraestrutura e conectividade de rede, proximidade de centros populacionais e de negócios, segurança em relação a desastres naturais, bons custos operacionais, incentivos governamentais e grande quantidade de água.
O volume pode chegar a milhões de litros por dia, o equivalente ao uso de uma cidade pequena e a água é utilizada principalmente para resfriamento, especialmente em modelos de refrigeração evaporativa, e pode ser significativo, especialmente com a expansão da inteligência artificial (IA), que exige mais refrigeração, por exemplo: um texto gerado por IA com 100 palavras pode gastar cerca de meio litro de água. Além do lixo eletrônico, já que os equipamentos são substituídos periodicamente em busca de maior eficiência de processamento, e a poluição sonora com níveis de ruído significativos e persistentes que podem chegar a 80 dBA, afetando comunidades próximas e animais silvestres. Com o volume de operações crescendo exponencialmente em dado momento haverá disputa acirrada por recursos naturais.
Em um cenário de intensificação, eventos climáticos extremos, com maior frequência de secas severas e crises hídricas em vários locais, a presença de consumidores intensivos e persistentes pode agravar pressões já existentes nas estruturas disponíveis. Por isso, cidades que comemoram os empregos e a movimentação da economia que a implementação desses empreendimentos trazem precisam contabilizar também a repercussão real na vida da população, pois a sobrecarga aos sistemas de distribuição existentes pode se tornar insustentável.
Arquiteta Deise Costa
Possui formação em Direito e Arquitetura e Urbanismo, pós em: Tratados Internacionais de Direitos Humanos (UNISUL), Políticas Públicas em Qualidade Ambiental Urbana (FAMERP) e Meio Ambiente e Sustentabilidade (FGV). Escritório especializado em projetos sustentáveis, residenciais, comerciais e urbanísticos. Participa de exposições artisticas e faz curadoria de arte.
@deisecosta.arq
