A crise climática é social e não só ambiental, amplia desigualdades e escancara contrastes que a justiça climática aborda com o intuito de evidenciar os impactos desiguais das mudanças climáticas, criar mecanismos de proteção das populações vulneráveis e assegurar sua participação nas decisões. Estudos mostram que o 0,1% mais rico do mundo emite, em um dia, mais gases de efeito estufa do que a 50% mais pobre da população em um ano. Há urgência na troca da matriz energética baseada no petróleo, estratégias sustentáveis e redução das emissões de CO2 e metano, cada molécula de metano é 84 vezes mais danosa ao aquecimento global do que uma molécula de CO2. Atualmente, 45% do aquecimento global é devido ao metano. Agropecuária (76%), lixões (15%) e combustíveis fósseis (3%) são os maiores emissores de metano (CH4) no Brasil. Esses são os grandes desafios da COP30/Belém que deve discutir como garantir recursos para países emergentes enfrentarem os extremos climáticos e avançarem rumo a uma economia menos poluente.
A agenda do clima depende do diálogo de governos, sociedade civil, movimentos, ONGs, institutos, e universidades sob a perspectiva sobrevivência da humanidade e da defesa dos direitos fundamentais. Todos devem estar envolvidos no enfrentamento da emergência climática, na transição para uma economia de baixo carbono e nas ações para a mitigação e adaptação aos eventos extremos. Merece atenção os impactos sobre trabalhadores, periferias e subúrbios, situação que expõe mais uma faceta complexa da crise, qual seja, o racismo ambiental.
A criação de cidades mais equitativas e resilientes, focando em proteger os mais vulneráveis e promovendo soluções sustentáveis e justas é um caminho viável e possível. O papel da arquitetura e do urbanismo são cruciais no planejamento e construção de espaços públicos que suportem inundações mobilidade sustentável, edificações adaptadas as novas condições climáticas, cuidado com os mananciais de água, arborização urbana e a incorporação e participação das comunidades afetadas nas tomadas de decisão.
Arquiteta Deise Costa
Possui formação em Direito e Arquitetura e Urbanismo, pós em: Tratados Internacionais de Direitos Humanos (UNISUL), Políticas Públicas em Qualidade Ambiental Urbana (FAMERP) e Meio Ambiente e Sustentabilidade (FGV). Escritório especializado em projetos sustentáveis, residenciais, comerciais e urbanísticos. Participa de exposições artisticas e faz curadoria de arte.
@deisecosta.arq
