Moramos em cidades totalmente dependentes de energia elétrica para funcionar e o sistema elétrico é extenso, complexo, sensível, interligado e envolve diferentes fontes de energia. Todos esses fatores estruturais passam desapercebidos na rotina diária e sua falha causou um cenário caótico quando entrou em desequilíbrio com o apagão ibérico de 28 de abril de 2025. No escuro e sem planos de emergência e mitigação para eventos dessa natureza, o medo e a insegurança tomam conta da população.
A maior parte da demanda é atendida por fontes renováveis, como energia solar fotovoltaica, que representava pouco mais da metade do total, sendo que a regulação é realizada com energia hidrelétrica e chegou um ponto em que essa fonte esgotou sua capacidade de ajuste. Paralelamente, houve um rápido aumento na geração de energia eólica, que, combinada com a energia solar, resultou na injeção de mais eletricidade na rede. Concomitantemente, as usinas nucleares receberam um sinal de sobrecarga e foram desconectados automaticamente seguindo protocolo de segurança.
As pistas apontam para um problema na sincronização da rede com a diminuição atípica de energia fotovoltaica, pois todas as fontes que fornecem energia à rede deveriam estar sincronizadas na mesma frequência: 50 hertz. Para facilitar essa sincronização, é necessária uma energia de base estável, no entanto, todas falharam e deu-se a escuridão.
Esse evento é um alerta ao configurar uma situação que pode se repetir local ou globalmente causando grandes prejuízos e cenários apocalípticos. É essencial que decisões políticas criem sistemas de controle de energia, tenham suporte técnico independente, análise de dados rigorosa e transparente. Tivemos uma pequena amostra do terror generalizado que o apagão promove quando subestimamos nossa total dependência da eletricidade e da comunicação digital.
