Doenças cardíacas frequentemente evoluem de forma silenciosa e, antes dos sintomas clássicos como dor no peito ou falta de ar, o corpo pode apresentar sinais discretos. Pele, olhos, unhas e extremidades podem ajudar na detecção precoce, especialmente em pessoas com fatores de risco como hipertensão, diabetes, colesterol elevado, tabagismo ou histórico familiar.
Um dos sinais externos mais conhecidos é o sinal de Frank, uma prega diagonal no lóbulo da orelha que pode indicar envelhecimento vascular. É mais relevante quando aparece profundo e bilateral em pessoas mais jovens, embora não sirva como diagnóstico isolado.
As manchas amareladas nas pálpebras, chamadas xantelasma, são depósitos de colesterol sob a pele. Mesmo com exames sanguíneos normais, o xantelasma aumenta o risco cardiovascular e pode refletir o mesmo processo de acúmulo de gordura que ocorre nas artérias do coração. Depósitos maiores, chamados xantomas, podem surgir nas mãos e pés em doenças genéticas como hipercolesterolemia familiar, que elevam muito o risco de obstrução arterial precoce.
Outro achado é o arco corneano, um anel branco-acinzentado ao redor da íris. Embora comum após os 60 anos, ele merece atenção quando surge antes dos 45, podendo indicar alterações nos lipídios sanguíneos.
Certas alterações na pele podem sugerir amiloidose, doença em que proteínas anormais se depositam em órgãos, inclusive no coração, tornando-o rígido. Sinais incluem pequenas protuberâncias cerosas ao redor dos olhos e orelhas, aumento da língua com sulcos laterais (macroglossia) e hematomas fáceis ao redor dos olhos (“olhos de guaxinim”). A detecção precoce é fundamental para evitar insuficiência cardíaca.
A pele em padrão de rede arroxeada, chamada livedo reticularis, pode ser normal quando desencadeada pelo frio, mas quando persistente pode indicar má circulação, micro êmbolos de colesterol ou doenças autoimunes como lúpus eritematoso sistêmico.
Nas unhas, o sinal de Quincke — pulsação visível ao pressionar a ponta do dedo — pode indicar regurgitação aórtica, quando a válvula aórtica permite refluxo do sangue para o coração, alterando a pressão arterial.
O inchaço nas pernas e tornozelos, principalmente ao final do dia, pode ser um dos primeiros sinais de insuficiência cardíaca. O acúmulo de líquido deixa marcas na pele quando pressionada (“edema com cacifo”) e deve ser avaliado, sobretudo se acompanhado de falta de ar ou cansaço.
A coloração azulada de lábios ou pontas dos dedos (cianose) indica baixa oxigenação e pode refletir doenças cardíacas ou pulmonares. Já o baqueteamento digital (pontas dos dedos arredondadas e volumosas) aparece em condições crônicas que reduzem o oxigênio no sangue e merece investigação.
Nas pernas, feridas que não cicatrizam, pele fria, dor ao caminhar e perda de pelos podem indicar doença arterial periférica, causada pelo estreitamento das artérias por placas de gordura.
Falta de ar ao deitar-se, tosse noturna, respiração rápida ou sensação de sufocamento podem indicar acúmulo de líquido nos pulmões por insuficiência cardíaca. Aumento do abdome (ascite) pode surgir quando o lado direito do coração perde eficiência.
Outros sinais não menos importantes, incluem extremidades constantemente frias, suor frio em repouso e fadiga persistente, são sintomas que não devem ser ignorados de doença cardíaca.
Nenhum desses sinais isoladamente confirma um problema no coração, mas servem como alerta importantes. Reconhecê-los e buscar avaliação médica precoce pode evitar complicações, melhorar o prognóstico e proteger sua saúde cardiovascular.
