No final de 2024, a NASA anunciou que um asteroide, com 60 m de diâmetro, tinha 3% de chance de colidir com a Terra em 2032. Novos cálculos descartam essa possibilidade. Caso a colisão ocorresse poderia destruir uma cidade, mas os danos seriam infinitamente menores que os do último grande asteroide que atingiu o planeta, causando uma extinção em massa.
As evidências do impacto desse asteroide foram analisadas nos anos 80 pela equipe de Luis e Walter Alvarez, pesquisadores da Universidade da Califórnia; dentre elas, a presença de uma camada de argila rica em irídio, quartzo triturado e vidro derretido em várias partes do planeta. O primeiro, raro na Terra, é abundante em asteroides; os seguintes são produzidos pelo calor intenso da explosão de meteoros na atmosfera. Essa camada, que tem 66 milhões de anos e é conhecida como limite Cretáceo-Paleogeno, revela uma redução drástica no registro fóssil entre esses períodos geológicos.
Propõe-se que Chicxulub, uma cratera com 180 km de diâmetro, sob a península de Yucatán, no Golfo do México, tenha sido o ponto de impacto do bólido, que teria 15 km de largura. Estima-se que o vidro derretido em suas paredes teria a mesma idade da camada de argila. A nuvem de poeira global formada pela colisão teria bloqueado a luz solar, afetando a fotossíntese e toda a cadeia alimentar. Vulcões, terremotos e chuva ácida intensificaram a catástrofe; 75% das espécies viventes foram extintas, incluindo os dinossauros.
Entretanto, essa não foi a maior das “Cinco Grandes” extinções em massa. A mais impactante foi a do Permiano-Triássico, há 250 milhões de anos. Causada pela movimentação dos continentes e pela intensa atividade vulcânica, ela teria lançado toneladas de CO2 e SO2 na atmosfera. Com a chuva ácida e a drástica redução dos níveis de oxigênio no ar e na água, 95% das formas de vida pereceram.
Diante de tantas extinções em massa, como se explica que existam cerca de 8 milhões de espécies no planeta hoje? Felizmente, após as extinções, os nichos ecológicos vagos podem ser ocupados por espécies remanescentes, que se diversificam e enriquecem a biota novamente; desde que os ambientes sejam saudáveis.
Todavia, a destruição dos habitats por ação humana está causando uma perda de biodiversidade sem precedentes. Em publicação na Biological Reviews, de 2022, Robert Cowie e seus coautores estimam que, nos últimos 500 anos, extinguiram-se de 300 a 520 espécies por ano; número de 100 a 1.000 vezes maior do que o previsto para extinções sem eventos catastróficos. Além disso, 1 milhão de espécies encontram-se ameaçadas (Relatório da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, de 2019).
Propõe-se que a “Sexta Grande” esteja em curso, resultado do “asteroide humano”. Seria um fato ou uma especulação? A redução da biodiversidade é real, mas, ao contrário dos asteroides, temos a chance de mudar de rota e adotar medidas para reduzir o impacto destrutivo das ações humanas no planeta. A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém, é uma oportunidade para que a comunidade global planeje o futuro da biosfera.
