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DANÇAS NO UNIVERSO E SUSTENTABILIDADE

ArtigoDANÇAS NO UNIVERSO E SUSTENTABILIDADE

“Universo em Expansão” é considerada uma das grandes revoluções científicas do século XX. Foi alicerçada em descobertas do astrônomo norte-americano Edwin Hubble, que constatou ser a Via Láctea uma entre centenas de bilhões galáxias no Universo - cada qual com suas estrelas e vastos espaços vazios (1924) - que se afastam umas das outras em todas as direções do espaço (1929). Com contribuições do cosmólogo russo Alexander Friedmann (1922), do físico e matemático belga Georges Lemaitre (1927, 1931), e do físico russo-americano George Gamow (1947), foi o pilar para a construção do modelo do “Big Bang” (Grande Expansão) - a teoria cosmológica dominante sobre o desenvolvimento do Universo.

O “Big Bang” teria se iniciado a partir de um único ponto de altíssima temperatura e densidade infinita há 13,8 bilhões de anos, não como uma explosão, mas uma colossal expansão, na qual nossa galáxia se distancia das demais, girando lentamente. Estrelas orbitam seu centro, como o Sol, que se move à espantosa velocidade média de 700 mil km/h, junto com seus planetas, asteroides e cometas. Essa é “A Dança do Universo” (2006), visionada pelo físico e astrônomo brasileiro Marcelo Gleiser. E nós, na Terra? Somos apenas espectadores ocasionais ou protagonistas nessa dança?

O Homo sapiens originou-se no continente africano entre 300 e 200 mil anos atrás, e lá evoluiu, unindo-se a essa dança ao migrar para fora da África. Espécies arcaicas do seu gênero já haviam partido para a Eurásia, ensaiando os primeiros passos, em novo compasso, desse novo bailado no Universo. Foram todas extintas. Apenas o Homo sapiens restou. Foi explorar a Ásia e a Europa há cerca de 70 mil anos, em pleno rigor da Última Glaciação, e lá se refugiou em regiões menos hostis. Época nada favorável para deixar a pátria-mãe equatorial. Aproximando-se o final da Era do Gelo, a onda migratória se dirigiu para além do Velho Mundo, entre 17 e 13 mil anos atrás, cruzando a congelada Beringia (hoje submersa no Estreito de Bering), e se distribuiu pelo continente americano. Enfrentando diferenças em temperatura, umidade, alimentos, patógenos e intensidade de luz ultravioleta, os humanos adaptaram-se, acumularam variações na forma do corpo, dos olhos, da pele, cor e textura do cabelo… A dança seguiu no compasso da vida moderna, com muitas consequências no planeta.

Sabe-se estar ocorrendo uma aceleração da expansão do universo, assim como da população mundial: de nossa população ancestral africana, com pouco mais de 30 mil pessoas, somos hoje 8,2 bilhões, com previsão de atingirmos o pico populacional em 2.080 (10,3 bilhões), seguido de um decréscimo para 10,2 mil milhões até o final do século (relatório da ONU, 2024). E os impactos das atividades humanas no ambiente são imensos: poluição, desmatamento, aquecimento global, perda da biodiversidade... Alguns analistas questionam a sustentabilidade desse crescimento, enquanto outros consideram que inovações tecnológicas poderão suportar essa expansão. O grande desafio para o futuro será promover um desenvolvimento sustentável, responsabilidade de todos nós.

Somos todos parceiros da mesma dança. Até quando?

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