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CAR-T (Receptor de Antígenos Quiméricos dos linfócitos T) 

ArtigoCAR-T (Receptor de Antígenos Quiméricos dos linfócitos T) 

Sobre o autor

A terapia com células CAR-T (Receptor de Antígenos Quiméricos dos linfócitos T) representa uma das mais promissoras e inovadoras abordagens no tratamento do câncer. Utilizando a própria força do sistema imunológico, esta terapia tem mostrado resultados extraordinários em casos em que outros tratamentos falharam.

A terapia CAR é uma técnica de modificação genética das células do paciente para reconhecer e atacar células cancerígenas. No sangue existem três tipos de linfócitos, as células T, que é um glóbulo branco essencial para a resposta imunológica do corpo e os linfócitos B e NK, com percentuais menores e que exercem funções diferentes, mas que se associam na defesa do organismo. Na terapia CAR, é inserido um receptor antígeno quimérico (CAR) na superfície dos linfócitos capacitando-as para identificar e destruir células malignas.

As células são coletadas do sangue do paciente através de um procedimento chamado aférese, onde o sangue é filtrado em uma máquina para separar os glóbulos brancos, os linfócitos, enviadas para um laboratório, onde são modificadas geneticamente para expressar o receptor CAR. Este receptor permite que as células T, em especial, reconheçam antígenos específicos presentes na superfície das células cancerígenas.

As células assim modificadas são multiplicadas em grande quantidade para garantir que haja células suficientes para combater o câncer quando reinfundidas no corpo do paciente em um processo que pode levar até um mês para estar disponível.

Em seguida, as células geneticamente modificadas são reintroduzidas no corpo do paciente através de uma infusão. Uma vez no organismo, estas células procuram e atacam as células cancerígenas.

A terapia CAR-T tem sido utilizada com êxito em casos de leucemia linfoblástica aguda, linfoma difuso de grandes células B, mieloma entre outros tipos de câncer hematológico. Estudos clínicos também estão investigando sua eficácia em cânceres sólidos como o câncer de mama, pulmão e próstata. Já existem relatos propondo a técnica para o tratamento de doenças imunes graves e progressivas.

Os resultados dos ensaios clínicos de terapia CAR-T têm sido extremamente promissores, com alguns pacientes mostrando remissão completa de seus cânceres após o tratamento. A durabilidade da resposta também tem sido um destaque, sugerindo que esta abordagem pode oferecer uma solução de longo prazo para muitos pacientes. Embora esta terapia represente um avanço significativo, existem ainda desafios a serem superados: dentre eles podemos citar os efeitos colaterais que podem ser graves nos quais se incluem a síndrome de liberação de citocinas (CRS) e problemas neurológicos. A CRS pode causar febre alta, baixa pressão arterial e dificuldades respiratórias. Existe a necessidade de expertise e estrutura para este tratamento que é de longa internação e seguimento dos pacientes.

O custo da terapia CAR-T é extremamente alto, limitando seu acesso a muitos pacientes. O desenvolvimento de métodos mais econômicos para produzir e administrar esta terapia é crucial. Este aspecto tem sido muito discutido nos eventos da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea e Terapia Celular (SBTMO).

O futuro da terapia CAR é promissor, com pesquisas contínuas focando em ampliar suas aplicações e melhorar a segurança e eficácia. A combinação de terapia CAR com outras modalidades de tratamento, como a quimioterapia e a radioterapia, também está sendo explorada para potencializar os resultados.

A terapia CAR-T tem transformado o panorama do tratamento oncológico, oferecendo esperança a pacientes cujo câncer não respondeu a outras formas de tratamento. Com contínuos avanços científicos e tecnológicos, espera-se que esta terapia se torne cada vez mais acessível e eficaz, proporcionando uma nova era de combate ao câncer. A terapia celular é a medicina do presente e do futuro.

MILTON ARTUR RUIZ

Médico, coordenador da Unidade de TMO e Terapia Celular do Hospital Infante Dom Henrique da Associação Portuguesa de Beneficência de Rio Preto, Ex-professor de Hematologia/Hemoterapia da USP

@dr.miltonruiz

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