Entre vinhedos que se estendem até onde a vista alcança e o branco eterno da Cordilheira dos Andes, o tempo ganha outro ritmo, o do vinho amadurecendo em silêncio. É uma terra onde o luxo está na simplicidade: uma taça servida com delicadeza, uma mesa posta ao pôr do sol, um aroma que fica na memória.
Entre tantas bodegas, quatro se destacam não apenas pelo vinho, mas pela experiência que oferecem.
A Bodega Lagarde, fundada em 1897, é um clássico que soube se reinventar. Hoje conduzida pelas irmãs Pescarmona, mescla tradição e contemporaneidade com naturalidade. O almoço sob as árvores, entre parreiras e luz filtrada, é um convite a desacelerar. Sua cozinha, premiada, valoriza ingredientes locais e harmoniza com vinhos que expressam o tempo e o terroir.
No Valle de Uco, a Bodega DiamAndes é uma ode à elegância. Pertencente ao grupo francês LVMH, une precisão enológica e estética impecável. As colunas de pedra, o design geométrico e o bistrô Diam’s compõem um cenário quase cinematográfico. Ali, o visitante degusta vinhos potentes e refinados enquanto observa as montanhas refletidas nas taças, uma experiência que é tanto visual quanto sensorial.
A poucos quilômetros, o Sítio La Estocada apresenta uma proposta ousada e biodinâmica. Sob a direção do enólogo Matías Michelini, tudo ali é feito em harmonia com a natureza. A experiência ultrapassa a degustação: o visitante pode participar das colheitas, sentir a textura da terra e compreender o ciclo das vinhas. O vinho é vivo, pulsante e, de certo modo, espiritual.
Por fim, a Finca El Paraíso Luigi Bosca é um mergulho no passado e no refinamento. A histórica residência da família Arizu, em Maipú, é um château neoclássico cercado por jardins e fontes. O passeio pelas vinhas conduz a um piquenique harmonizado ou a um almoço preparado em fogo aberto, uma celebração do tempo, do sabor e da beleza das coisas simples.
Mendoza encanta não apenas pelo vinho, mas pela forma como ele é vivido. Em cada bodega, há um gesto, uma história, uma mesa que acolhe. E é ali, entre taças e montanhas, que se entende: o verdadeiro luxo não está no rótulo, mas no instante em que o vinho encontra o olhar e o olhar se perde na paisagem.
