Viscossuplementação com ácido hialurônico contra dores nas articulações
Normalmente produzido pelas células da membrana das articulações, o ácido hialurônico atua no organismo como um lubrificante e como um amortecedor, fundamentais para a saúde das articulações, além de fornecer nutrientes para a cartilagem articular. Em casos de doenças cartilaginosas, em especial na artrose (quando a articulação desgasta), a aplicação de ácido hialurônico, chamada de viscossuplementação, é uma importante aliada contra dores, rigidez articular e a consequente perda da mobilidade, funcionalidade e qualidade de vida do indivíduo.
O médico reumatologista e professor da Faculdade de Medicina Faceres, Matheus Gomes Giacomini, explicou que o ácido hialurônico é uma substância naturalmente presente no nosso organismo, na pele, nos olhos e, principalmente, nas articulações. “Em sua forma comercial é produzido por meio de processos biotecnológicos, como a fermentação bacteriana, garantindo alta pureza e segurança para uso médico”.
Em casos de desgastes de cartilagem sintomáticos, especialmente em quadros de artrose, a dor e a rigidez articular causadas pela doença, segundo o médico, podem afetar sobremaneira a funcionalidade e qualidade de vida do paciente. É neste momento, então, que entra a viscossuplementação com ácido hialurônico como aliada do tratamento em busca de alívio e até para adiar uma possível cirurgia. “É possível obter efeitos anti-inflamatórios e de lubrificação articular, aliviando os sintomas”, afirma Matheus Gomes.
O ortopedista da Unimed e especialista em joelho e cirurgia robótica, Marcos Zanovelo Bueno, ressalta que a aplicação diretamente na articulação melhora o deslizamento entre as superfícies articulares para, além de aliviar as dores, facilitar também os movimentos. A suplementação, segundo o ortopedista, pode ser feita por meio de uma injeção diretamente na articulação afetada. “Em um procedimento simples, realizado em consultório, com o auxílio de técnicas de imagem, como o ultrassom, quando necessário”. Segundo o especialista, é um procedimento minimamente invasivo. “Pode ser realizado em poucos minutos”, complementa.
O ortopedista afirma que articulações mais tratadas em consultórios são o joelho, o quadril e o ombro. “No entanto, outras articulações, como tornozelos e dedos, também podem se beneficiar, dependendo do caso clínico”, ressaltou. Já sobre o tempo de ação, de acordo com o especialista, varia conforme o tipo de ácido hialurônico utilizado e as características do paciente. “Em geral, os efeitos podem durar de seis meses a um ano. Em alguns casos, é possível repetir a aplicação periodicamente, conforme orientação médica”, explica.
O ortopedista e especialista em cirurgia do joelho e traumatologia do esporte, Gunter Sgarboza, complementa que em alguns pacientes, a aplicação única já ajuda. “Vejo na minha prática que existe pacientes que dependendo do desgaste a pessoa nunca mais precisa fazer uma nova infiltração com ácido hialurônico. Outros, com seis meses, já é necessário refazer”, disse. Gunter Sgarboza ressalta ainda que a prática de atividade física influencia no tratamento. “Quando a pessoa abre essa janela sem dor, se ela faz alguma atividade física para fortalecer a articulação machucada e se ela cuida do peso, são duas coisas que influencia muito na dor”.
A viscossuplementação, técnica que utiliza a aplicação de ácido hialurônico diretamente nas articulações, tem se mostrado eficaz principalmente no tratamento de artrose em estágios leves a moderados, além de ser uma alternativa para casos em que medicamentos e fisioterapia não surtem o efeito esperado. “Também pode ser recomendada para pacientes com dor articular causada por sobrecarga ou lesões, especialmente quando os tratamentos convencionais, como medicamentos e fisioterapia, não oferecem o alívio esperado”, explicou o reumatologista Matheus Gomes, da Faceres. Segundo ele, em determinadas situações, o procedimento pode até postergar a necessidade de cirurgia.
Contudo, o tratamento não é indicado para todos os pacientes. O ortopedista Gunter Sgarboza alerta que a viscossuplementação não deve ser realizada quando há infecção na articulação, mesmo que exista inflamação. “Lembrando que infecção difere de inflamação, a gente costuma fazer a infiltração para a articulação inflamada, ou seja, quando está inchada, com edema, calor, mas não pode ter infecção, quando tem bactéria e pus também”.
Pacientes com históricos de alergias aos componentes da fórmula que será aplicada ou portadores de doenças autoimunes, as quais afetam diretamente as articulações, precisam ser avaliados com cautela por especialistas antes de realizar as aplicações, de acordo com o ortopedista Marcos Zanovelo. “Além disso, como qualquer procedimento injetável, pode haver efeitos colaterais leves como dor, inchaço ou infecção local, porém que geralmente são leves e pouco comuns”.