VAMOS FALAR SOBRE FIBROMIALGIA?
A reumatologista Lucia Buffulin explica que a fibromialgia é um assunto desafiador, que “compõe de 10% a 15% das dores crônicas que frequentam os consultórios de reumatologistas e especialistas em dores crônicas”. A médica fisiatra e diretora do Instituto de Reabilitação Lucy Montoro, Regina Fornari Chueire, acrescentou que no geral, de 0,7% a 5% da população mundial podem sofrer com o problema. “No Brasil temos algumas pesquisas que falam que 1,7% a 2,5% da população brasileira podem desenvolver a condição”, afirma.
A fibromialgia, segundo Chueire, é caracterizada, principalmente, por uma dor intensa e difusa nos músculos, abaixo da cintura pélvica, do lado direito, do lado esquerdo, de acordo com a definição do Colégio Americano de Reumatologia. A médica esclarece também que os sintomas da fibromialgia, geralmente, começam aos 25 anos, com prevalência em mulheres, como no caso da cantora americana Lady Gaga, 38 anos, diagnosticada com a doença em 2017. Algumas crianças também já foram diagnosticadas.
O diagnóstico, de acordo com Lucia Buffulin, é clínico, por meio de um conjunto de sinais e sintomas. “Até o momento nós não temos especificamente um método de imagem ou um exame de sangue que seja absolutamente fiel”, pontua. Segundo a especialista, são levadas em conta semanas recorrentes de sofrimento doloroso associado à fadiga, sono leve e não reparador, entre outros fatores. “Dentro desse universo fibromiálgico, há presença da ansiedade, depressão, de distúrbios da memória, distúrbios intestinais e uma grande sensibilidade ao toque (alguns pontos)”, enumera.
As causas da fibromialgia, segundo a reumatologista, podem estar ligadas a fatos emocionais, psíquicos, traumas físicos e muitas vezes infecções subclínicas. Mas não só. “A fibromialgia pode estar sendo desencadeada por distúrbios metabólicos, por hipotireoidismo ou por um quadro de diabetes que está iniciando”, esclarece Buffulin. O problema também pode ter causas genéticas, segundo Chueire. “A gente pode pensar também que pode ter predisposição genética, também temos essa teoria”, diz.
A intensidade da dor pode variar com fatores emocionais e climáticos, dentre outros. A doença deve ser acompanhada com especialistas para adequação do sono, atividade física e, em casos indicados, antidepressivos, geralmente, em baixas doses e associados, mais uma vez, aos exercícios físicos. E quando o tema é prevenção, segundo Buffulin, as mulheres entre 30 e 60 anos, pessoas idosas ou multitarefas (sobrecarregadas) devem redobrar os cuidados. “Esse público acaba tendo dor e muitas das vezes não tem acesso ao serviço de saúde de uma forma rápida e acaba indo para automedicação”, reforça.
A grande arma contra o surgimento das dores intensas que geram, em muitos casos, incapacitação e isolamento social, é, de novo, a luta contra o sedentarismo e a busca constante por um sono restaurador. “Tornar o ambiente calmo, evitar levar o aparelho celular para o quarto, evitar ficar com a televisão ligada, observar se está com apneia, pois o ronco é um dos grandes fatores que também desencadeará dores da fibromialgia”, orienta Buffulin. “E não tem como prevenir fibromialgia se não fizer pelo menos 150 minutos semanais de atividades físicas”, reforça a especialista.
É uma síndrome caracterizada por dor crônica e difusa, principalmente nos músculos, fadiga, alterações de humor, problemas de memória, insônia, apneia, distúrbios intestinais, ansiedade, depressão e sensibilidade ao toque.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é clínico com uma soma de sintomas, sinais e exclusão de outras patologias. Exames como hemograma completo, testes de tireoide, dosagens de vitaminas e exame físico em pontos sensíveis são utilizados.
Como é feito o tratamento?
O tratamento é realizado por meio de medicações (antidepressivos relaxantes em baixas doses) associadas a terapias integrativas (fisioterapia, terapia ocupacional e até a psicoterapia) para redução de estresse, sono reparador e atividades físicas regularmente .
Como prevenir?
Busca constante para um sono de descanso com horários definidos para dormir e acordar, praticar atividades físicas regularmente, ter uma alimentação equilibrada, limitar o consumo de álcool, evitar o tabagismo, se hidratar ao longo do dia e, em casos de dores recorrentes, buscar ajuda profissional .
Fontes: Lucia Buffulin, médica especialista em reumatologia, e Regina Helena Morganti Fornari Chueire, médica fisiatra e diretora do Instituto de Reabilitação Lucy Montoro