A saúde dos pés é um termômetro de como anda o nosso sistema circulatório. Alterações na temperatura, geralmente com pés frios, pálidos, com dormência, formigamento, inchaço, dores e até feridas podem ser sinais de que o sistema circulatório não vai bem. E por que estes sintomas servem de alerta para existência de problemas no sistema circulatório? Porque os pés estão na extensão mais distante do coração, considerado a bomba da circulação de sangue no corpo. Além de sinais para doenças da circulação, os pés também podem emitir sintomas de problemas relacionados à diabetes.

O médico vascular Sthefano Atique Gabriel explica que os pés são responsáveis pela sobrecarga do corpo e pode sofrer alterações que refletem manifestações do sistema circulatório. Pés frios, pálidos, dormentes, com formigamento, inchaço e dor, segundo o médico, são alerta importantes para problemas da circulação de sangue. “Estes sinais e sintomas representam manifestações de alterações circulatórias, que devem servir de alerta para procurar o atendimento médico especializado”.

O médico vascular acrescenta que outros sintomas, como pés roxos, alterações na sensibilidade, presença de feridas ou úlceras que demoram cicatrizar ou até mesmo não cicatrizam e necroses também são sinais de alerta para má circulação, “que se caracteriza pela dificuldade na perfusão tecidual em decorrência de obstruções arteriais promovidas pela aterosclerose (doença inflamatória crônica que causa placas nas artérias)”, afirma Sthefano.

Em relação à presença de feridas, segundo o vascular, lesões na base dos pés, típicas de pacientes diabéticos, também são importantes sinais de agravamentos do sistema circulatório. “Devido à perda da arquitetura dos pés e consequente mudança no centro de apoio e de pressão plantar dos pés durante a deambulação (caminhar sem suporte)”, explica. De acordo com o médico, as feridas também são portas de entrada infecções, “representa um alerta para a viabilidade do membro inferior acometido”, ressalta o médico.

Má circulação

A professora doutora e cirurgiã vascular Camila Beteli explica que má circulação de sangue é um termo popular usado, geralmente, para apontar uma condição de que o sangue não está circulando adequadamente como deveria no sistema circulatório. “O nosso organismo possui três tipos de circulação (arterial, venosa e linfática) e, dependendo do tipo acometido, os sintomas e a gravidade do quadro podem ser muito diferentes entre si”.

A professora doutora explica que os pés são onde os sinais de doenças circulatórias são mais evidentes, principalmente em caso de doenças venosas. “O sangue tem que sair dos pés e voltar ao coração, contra a gravidade e, se houver alguma dificuldade nesta circulação, os sintomas aparecerão no ponto de maior pressão, que são os pés”. No caso de doença arterial, segundo a médica, quanto maior for o caminho de vasos que o sangue tem que percorrer, maior o risco de apresentar problema no trajeto.

E como diagnosticar a má circulação?

Além dos sintomas elencados acima, a médica acrescenta outros sinais como câimbras durante atividades físicas, dores nas pernas ao caminhar e lesões dolorosas. “Sensação de peso ou queimação nas pernas, inchaço, manchas castanhas próximas ao tornozelo, presença de vasinhos ou de varizes podem ser indicativos de doença venosa”, acrescenta. Já inchaços, geralmente em uma das pernas, sem dor, com alterações da pele e com potencial para deformidade pode ter outro diagnóstico, “pode ser indicativo de doença linfática”, reforça Camila.

Com um ou mais desses sintomas, a recomendação da professora doutora é procurar um médico vascular. “É necessário passar em consulta para uma adequada avaliação e exame físico bem realizado”, orienta. O ultrassom doppler é o exame solicitado com frequência nesses casos, “pois ele não é invasivo e traz muitas informações relevantes. Outros exames como tomografia, linfocintilografia e ressonância podem ser realizados, dependendo do caso”, afirma Camila Beteli.

Já o tratamento vai depender do diagnóstico. “A intervenção pode envolver desde orientações de estilo de vida, incentivo à atividade física, uso de meia elástica e medicação, até procedimentos invasivos, que podem ser realizados no consultório ou então em ambiente hospitalar”, diz a cirurgiã vascular.