Comum, mas não inofensivo
Com a queda das temperaturas, os casos de resfriado voltam a preocupar, especialmente em crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas. E o principal responsável por esse incômodo tão típico dos meses mais frios é o rinovírus, um velho conhecido dos otorrinolaringologistas e pediatras. Embora costume causar sintomas leves, como coriza, espirros e dor de garganta, ele pode representar risco em quadros mais sensíveis ou se não for tratado corretamente. Para esclarecer dúvidas e orientar a população sobre cuidados, prevenção e quando é hora de procurar ajuda médica, a Bem-Estar ouviu quatro especialistas.
Mesmo sendo uma infecção leve na maioria dos casos, é importante estar atento a sinais de alerta. “A maioria dos casos de infecção por rinovírus melhora espontaneamente em poucos dias. Porém, é importante procurar atendimento médico se houver febre persistente por mais de três dias; dificuldade para respirar; dor de ouvido e tosse intensa ou produtiva por mais de uma semana”, orienta o otorrinolaringologista Rubens Huber.
O tratamento, segundo ele, é baseado no controle dos sintomas, já que não há um medicamento antiviral específico para o rinovírus. “Não existe um antiviral específico para o rinovírus. O tratamento é sintomático, com foco no alívio dos sintomas: hidratação oral; analgésicos e antitérmicos (como paracetamol); lavagem nasal com soro fisiológico e repouso”, explica.
Apesar de, em muitos casos, provocar somente sintomas leves, o rinovírus pode ser confundido com outras infecções respiratórias. “O rinovírus geralmente causa quadros mais leves, como o resfriado comum. Já o vírus da gripe (influenza) e o SARS-CoV-2 (Covid-19) têm maior potencial de causar sintomas sistêmicos e complicações respiratórias graves”, afirma o otorrinolaringologista Maury de Oliveira Faria Jr.
Segundo ele, o quadro clínico costuma ser autolimitado, ou seja, melhora espontaneamente em poucos dias. No entanto, em alguns casos, é preciso redobrar a atenção. “Embora seja geralmente autolimitado, o rinovírus pode se tornar preocupante em crianças pequenas, podendo evoluir para otites ou bronquiolite; idosos, devido ao risco de descompensação de doenças crônicas; pessoas com asma ou DPOC, nas quais pode desencadear crises respiratórias; e pacientes imunossuprimidos, que podem ter infecções prolongadas ou mais intensas”, alerta.
As manifestações também podem variar de acordo com a faixa etária. “Nas crianças, o rinovírus pode causar febre, irritabilidade, perda de apetite e predisposição a infecções secundárias como otites e sinusites. Nos idosos, mesmo sintomas leves podem descompensar condições como insuficiência cardíaca, DPOC ou diabetes, levando a quadros clínicos mais graves ou hospitalizações”.
As infecções por rinovírus são particularmente frequentes entre as crianças, especialmente durante os meses mais frios do ano. “O rinovírus é um dos vírus mais comuns que causam o resfriado. Ele se espalha com facilidade pelo ar ou por contato com superfícies contaminadas — algo muito comum no ambiente escolar e nas brincadeiras”, explica a pediatra Gabriela Marcatto.
Ambientes fechados e pouca ventilação favorecem a disseminação do vírus. “Nas épocas mais frias, tendemos a ficar em ambientes mais fechados e com menos ventilação, favorecendo a circulação dos vírus”, afirma. Segundo a médica, o próprio clima também contribui para a maior vulnerabilidade. “Além disso, o ar seco pode ressecar as vias respiratórias e facilitar a entrada do vírus. As crianças são mais vulneráveis porque ainda estão desenvolvendo o sistema imunológico e, muitas vezes, levam as mãos ao rosto com frequência, aumentando o risco de contaminação”.
Quando levar ao médico
Embora o rinovírus costume causar apenas resfriados leves, é fundamental que pais e cuidadores estejam atentos a sinais que podem indicar complicações. “Embora o rinovírus costume causar apenas resfriados leves, é importante ficar atento a sinais de alerta que podem indicar complicações ou outra infecção associada. Os principais são: febre alta persistente; dificuldade para respirar ou respiração rápida; chiado no peito; falta de apetite ou sonolência excessiva e irritabilidade fora do comum ou prostração”, alerta a pediatra.“Se a criança apresentar qualquer um desses sintomas, é importante procurar avaliação médica para garantir que está tudo bem”.
Prevenção e tratamento
Apesar de ser quase impossível evitar totalmente o contato com o rinovírus, alguns hábitos simples podem fazer a diferença na prevenção. “Embora não seja possível evitar totalmente o contato com o vírus, algumas atitudes simples ajudam muito a reduzir o risco de infecção: incentivar a lavagem frequente das mãos com água e sabão; manter os ambientes bem ventilados; evitar contato próximo com pessoas gripadas ou resfriadas e manter uma alimentação equilibrada e uma boa rotina de sono, que fortalecem a imunidade. Esses cuidados são ainda mais importantes em escolas e creches, onde a exposição ao vírus é maior.”
O tratamento, como em adultos, é baseado no alívio dos sintomas. “O tratamento é semelhante ao dos adultos: o objetivo é aliviar os sintomas enquanto o corpo combate o vírus. Isso inclui lavagem nasal diária, repouso, boa hidratação e, se necessário, medicamentos para febre e dor, sempre com orientação médica. Se houver dúvida ou piora do quadro, o ideal é sempre procurar o pediatra”.