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Câncer de pâncreas de Edu Guedes alerta para a importância do diagnóstico precoce 

SaúdeCâncer de pâncreas de Edu Guedes alerta para a importância do diagnóstico precoce 
Silencioso e agressivo, o tumor pancreático costuma ser descoberto em estágios avançados. Especialistas explicam os principais sintomas, fatores de risco e formas de acompanhamento da doença
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Em julho, o apresentador e chef Edu Guedes passou por uma cirurgia para remoção de um tumor no pâncreas

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O apresentador e chef de cozinha Edu Guedes foi diagnosticado neste ano com um tumor no pâncreas. O problema de saúde veio à tona após ele passar mal em decorrência de uma crise renal que evoluiu para uma infecção. Durante um procedimento cirúrgico de emergência, os médicos identificaram a doença. Edu foi submetido a uma cirurgia de mais de seis horas para a remoção do tumor, que teve resultado positivo. Um mês após a operação, o apresentador já havia retomado sua rotina de trabalho.

Em suas falas públicas, ele tem destacado a importância do otimismo no enfrentamento da doença. Recentemente, esteve em Rio Preto para a inauguração da terceira unidade da Casa de Acolhimento Thales Carvalho Zacharias, instituição que oferece hospedagem, alimentação e apoio emocional gratuitos a pacientes em tratamento hospitalar e seus familiares. Padrinho do Instituto desde março de 2024, ao lado da apresentadora Ana Hickmann, Edu emocionou o público com um discurso sobre a vida e os verdadeiros valores.

O caso chama atenção para a necessidade de falar sobre o câncer de pâncreas. Silencioso e raro, ele costuma ser agressivo e de difícil diagnóstico. Por isso, especialistas alertam para a importância de exames regulares e atenção a sinais precoces, ainda que discretos. Ana Luiza Bonini Domingos, cirurgiã oncológica e professora da Famerp, afirma que o câncer de pâncreas é um tumor raro, que corresponde a cerca de 1% dos cânceres diagnosticados no País.

Mais frequente após os 60 anos de idade, a doença se origina nos tecidos do pâncreas, que é um órgão localizado atrás do estômago, responsável pela produção de enzimas digestivas e hormônios como a insulina. O tipo mais comum é o adenocarcinoma. A médica explica que a doença costuma se manifestar com sintomas em casos mais avançados, tornando o diagnóstico precoce uma tarefa difícil.

Ana Luiza explica que a doença pode se apresentar como uma dor na região do abdômen (principalmente superior) e com irradiação para a parte posterior (dorso). “Quando ele se localiza na cabeça do pâncreas, pode ocasionar obstrução das vias biliares, causando a icterícia, que é a coloração amarelada da pele e mucosas, além de urina escurecida, fezes esbranquiçadas e coceira no corpo. Apresenta sintomas comuns a outros tipos de neoplasias também, como perda de peso de forma não intencional e náuseas e vômitos. Pode também se apresentar como diabetes de início recente por destruição das células pancreáticas produtoras de insulina”.

O oncologista Felipe Coimbra, do Centro de Referência em Tumores do Aparelho Digestivo Alto, alerta que alguns sintomas podem ser notados pelo paciente, mas nem sempre são investigados, como por exemplo, indigestão, perda de peso, dor abdominal ou nas costas, inchaço, piora ou aparecimento rápido de diabetes e evacuações com gordura.

O médico ressalta também a presença de diabetes no paciente com câncer no pâncreas. “O câncer e o diabetes têm vários fatores de risco em comum, como obesidade, tabagismo, envelhecimento, sedentarismo e alimentação não saudável. No câncer pancreático, isso toma uma proporção maior, pois o pâncreas é uma glândula responsável por produzir a insulina, um hormônio essencial no aproveitamento da glicose como fonte de energia para as células trabalharem. A doença altera o funcionamento desse órgão, que passa a produzir menos insulina, levando ao diabetes, por isso alguns pacientes já chegam com diabetes mesmo sem saber do diagnóstico do tumor”.

Diagnóstico precoce e a importância da atenção aos sintomas

Tumores de causa pancreática, como no caso do Edu Guedes, tendem a dar poucos sintomas e normalmente são descobertos de forma mais avançada ou com exames de imagem, como foi o caso.

Marcelo Uchôa, coordenador de oncologia do Hospital Anchieta Ceilândia, afirma que o câncer de pâncreas é um dos tumores mais agressivos justamente pela dificuldade de ser detectado nas fases iniciais. “Trata-se de um tipo de câncer que, na maioria dos casos, não apresenta sintomas específicos até atingir estágios mais avançados. Por isso, quando há um diagnóstico precoce, como no caso de Edu Guedes, consideramos um fator muito positivo, pois aumenta as chances de um tratamento com potencial curativo.”

O oncologista destaca que a doença ainda é relativamente rara, mas vem crescendo entre adultos acima dos 45 anos. Entre os fatores de risco estão o tabagismo, o consumo excessivo de álcool, obesidade, histórico familiar e doenças crônicas como pancreatite e diabetes. “Infelizmente, como muitos tumores pancreáticos não dão sinais evidentes, é comum que o paciente só procure ajuda quando surgem dores abdominais persistentes, perda de peso sem explicação ou icterícia. Por isso, é fundamental ter um olhar atento para qualquer sintoma que fuja da normalidade”, afirma Uchôa.

Ana Luiza Bonini Domingos, cirurgiã oncológica e professora da Famerp, afirma que pessoas com alto risco (histórico familiar ou genético mais fatores de risco) devem fazer o acompanhamento, que podem incluir exames mais específicos. “Em caso de suspeição da doença pode-se solicitar uma tomografia de abdômen, visto que o ultrassom, apesar de mais amplamente disponível, pode não identificar algumas lesões pancreáticas pela própria localização do órgão”.

A ressonância magnética pode ser solicitada para melhor avaliação, visto que é um exame mais específico, além do PET-CT, porém devem ser indicados pelo médico especialista que está realizando a investigação. “No caso de alta suspeição de doença, podemos solicitar exames laboratoriais com marcadores tumorais específicos, que costumam estar aumentados nessa doença. Para a confirmação deverá ser realizada uma biópsia, que pode ser realizada por via percutânea, ultrassom endoscópico ou cirúrgica”, afirma a médica.

O caminho da remissão

O tratamento mais indicado atualmente é a cirurgia, desde que seja possível realizá-la. Isso depende do estágio em que a doença é diagnosticada e também das condições de saúde do paciente. Ana Luiza Bonini Domingos, cirurgiã oncológica e professora da Famerp, explica ainda que se pode ainda realizar ainda quimioterapia e radioterapia, antes ou após a cirurgia, após discussão com médico especializado.

Edu Guedes, que se submeteu a uma cirurgia para remover um câncer no pâncreas, não precisou passar por quimioterapia nem radioterapia. Atualmente é considerado em remissão. Em linhas gerais, significa que ele está respondendo positivamente aos tratamentos feitos até o momento. Nessa fase, ele está sendo acompanhado periodicamente pela equipe médica para monitorar a saúde e garantir que o câncer não reapareça.

Após a confirmação da remissão do câncer e a suspensão dos tratamentos, o acompanhamento médico continua sendo essencial. O paciente deve realizar exames periódicos para verificar se o tumor não voltou a se manifestar. Esses controles incluem análises laboratoriais, exames de imagem e avaliação clínica regular, fundamentais para garantir um diagnóstico precoce em caso de recidiva.

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