O apresentador e chef de cozinha Edu Guedes foi diagnosticado neste ano com um tumor no pâncreas. O problema de saúde veio à tona após ele passar mal em decorrência de uma crise renal que evoluiu para uma infecção. Durante um procedimento cirúrgico de emergência, os médicos identificaram a doença. Edu foi submetido a uma cirurgia de mais de seis horas para a remoção do tumor, que teve resultado positivo. Um mês após a operação, o apresentador já havia retomado sua rotina de trabalho.
Em suas falas públicas, ele tem destacado a importância do otimismo no enfrentamento da doença. Recentemente, esteve em Rio Preto para a inauguração da terceira unidade da Casa de Acolhimento Thales Carvalho Zacharias, instituição que oferece hospedagem, alimentação e apoio emocional gratuitos a pacientes em tratamento hospitalar e seus familiares. Padrinho do Instituto desde março de 2024, ao lado da apresentadora Ana Hickmann, Edu emocionou o público com um discurso sobre a vida e os verdadeiros valores.
O caso chama atenção para a necessidade de falar sobre o câncer de pâncreas. Silencioso e raro, ele costuma ser agressivo e de difícil diagnóstico. Por isso, especialistas alertam para a importância de exames regulares e atenção a sinais precoces, ainda que discretos. Ana Luiza Bonini Domingos, cirurgiã oncológica e professora da Famerp, afirma que o câncer de pâncreas é um tumor raro, que corresponde a cerca de 1% dos cânceres diagnosticados no País.
Mais frequente após os 60 anos de idade, a doença se origina nos tecidos do pâncreas, que é um órgão localizado atrás do estômago, responsável pela produção de enzimas digestivas e hormônios como a insulina. O tipo mais comum é o adenocarcinoma. A médica explica que a doença costuma se manifestar com sintomas em casos mais avançados, tornando o diagnóstico precoce uma tarefa difícil.
Ana Luiza explica que a doença pode se apresentar como uma dor na região do abdômen (principalmente superior) e com irradiação para a parte posterior (dorso). “Quando ele se localiza na cabeça do pâncreas, pode ocasionar obstrução das vias biliares, causando a icterícia, que é a coloração amarelada da pele e mucosas, além de urina escurecida, fezes esbranquiçadas e coceira no corpo. Apresenta sintomas comuns a outros tipos de neoplasias também, como perda de peso de forma não intencional e náuseas e vômitos. Pode também se apresentar como diabetes de início recente por destruição das células pancreáticas produtoras de insulina”.
O oncologista Felipe Coimbra, do Centro de Referência em Tumores do Aparelho Digestivo Alto, alerta que alguns sintomas podem ser notados pelo paciente, mas nem sempre são investigados, como por exemplo, indigestão, perda de peso, dor abdominal ou nas costas, inchaço, piora ou aparecimento rápido de diabetes e evacuações com gordura.
O médico ressalta também a presença de diabetes no paciente com câncer no pâncreas. “O câncer e o diabetes têm vários fatores de risco em comum, como obesidade, tabagismo, envelhecimento, sedentarismo e alimentação não saudável. No câncer pancreático, isso toma uma proporção maior, pois o pâncreas é uma glândula responsável por produzir a insulina, um hormônio essencial no aproveitamento da glicose como fonte de energia para as células trabalharem. A doença altera o funcionamento desse órgão, que passa a produzir menos insulina, levando ao diabetes, por isso alguns pacientes já chegam com diabetes mesmo sem saber do diagnóstico do tumor”.
