Aline Favaro, manicure, 36 anos, já tinha passado diversas vezes pelo ciclo de emagrecer e voltar a engordar. Em algumas tentativas, até conseguiu bons resultados, mas eles nunca duravam. Desta vez, porém, algo mudou: ela eliminou 28 quilos e conseguiu manter o peso. “O melhor é que não tenho a sensação e a pressão de estar presa a uma dieta. Isso fez toda a diferença para eu sustentar o resultado. Ainda tenho planos de perder mais cinco quilinhos”, afirma.
O administrador Rodrigo Nascimento, 42 anos, também conheceu de perto essa dificuldade. “Eu era daqueles que começava a dieta na segunda e desistia na quarta. Viajava muito a trabalho, comia fora quase todos os dias e nunca conseguia seguir um planejamento alimentar. Sentia que era impossível conciliar minha rotina com um cardápio rígido”, relembra.
O ponto de virada dos dois foi a tecnologia, que transformou sua relação com a comida sem exigir que abrisse mão dos pequenos prazeres do dia a dia. Com o apoio de um aplicativo de nutrição, ela aprendeu a lidar com situações comuns sem culpa. “Se bate vontade de comer um pedaço de bolo ou de dividir uma pizza com a família, não preciso me proibir. O app me orienta a ajustar o restante da alimentação, seja ao longo do mesmo dia ou no seguinte. Isso me mantém firme na minha decisão de emagrecer”, explica.
A experiência dos dois, porém, está longe de ser a regra. A maioria dos brasileiros ainda enfrenta dificuldades para manter uma dieta: segundo levantamento do Instituto Real Time Big Data (2024), 65% não conseguem alcançar as metas que estabelecem ao iniciar um programa de emagrecimento.
Aplicativos de saúde podem ser aliados importantes no processo de emagrecimento, especialmente para quem tem uma rotina agitada ou não dispõe de orçamento para serviços especializados, como nutricionista, médico e personal trainer ou até mesmo uma academia. Além de planos alimentares, muitos desses apps oferecem treinos rápidos que podem ser feitos na sala de casa, em menos de 30 minutos e sem equipamentos.
Alimentação
Apesar da praticidade, o uso dessas ferramentas exige cautela. A nutricionista Daiane Cabral explica que, embora úteis, elas não substituem a orientação profissional. “Os aplicativos ajudam a organizar a rotina e podem motivar o usuário, mas não conseguem avaliar nuances importantes do comportamento alimentar”, diz.
As plataformas funcionam a partir de informações básicas inseridas pelo próprio usuário — nome, idade, peso, altura e objetivos. No entanto, esse tipo de dado não contempla fatores subjetivos essenciais para um emagrecimento seguro e eficiente. “Questões emocionais, histórico de saúde, hábitos familiares e até a relação da pessoa com a comida impactam diretamente no resultado. Isso nenhum aplicativo consegue captar sozinho”, destaca Daiane.
Atividade física
A tecnologia tem se consolidado como uma aliada valiosa para quem busca adotar uma rotina mais saudável. O personal trainer e educador físico Augusto Tobias explica que, hoje, ferramentas digitais fazem parte do dia a dia de quem treina, mesmo sem perceber. “Às vezes parece algo distante, mas não é. Os relógios inteligentes, os aplicativos de treino, as máquinas que contam repetições automaticamente… tudo isso já integra a prática de atividade física. A tecnologia está aí para acompanhar e potencializar o progresso”, diz, “A verdade é que a tecnologia veio para somar, não para substituir. Ela facilita, organiza e motiva, desde que seja usada com consciência e com orientação profissional”.
A presença da inteligência artificial em aplicativos de treino é um dos exemplos mais visíveis dessa evolução. Mas, segundo o treinador, ainda há limitações importantes. “A IA até consegue montar um treino básico, mas não enxerga o corpo humano como um profissional enxerga. Ela não percebe cansaço, dor, postura inadequada ou falta de mobilidade. Dados sem interpretação podem levar ao erro”, explica.
Para Augusto, o treino é uma experiência que envolve sensibilidade, algo que nenhuma plataforma consegue replicar. Por isso, ele defende que o usuário tenha um mínimo de conhecimento sobre treinamento, nutrição e saúde para evitar riscos. “Não dá para seguir cegamente o que o algoritmo manda. É preciso entender o próprio corpo, ajustar a intensidade, saber quando descansar e quando avançar. Tecnologia ajuda, mas não substitui consciência e acompanhamento qualificado”, reforça.
