Será que lavar o cabelo com água quente faz mal mesmo? Por que a queda de cabelo parece aumentar nessa época do ano? E a coceira no couro cabeludo, será que tem solução? Durante o inverno – que se encerra no dia 21 de setembro –, não são só a pele e os lábios sentem os efeitos do frio: o couro cabeludo, que nada mais é que uma extensão da pele, também sofre com o ressecamento, as mudanças de temperatura e os hábitos típicos da estação.

A médica tricologista Romana Novais alerta que esse é o momento ideal para redobrar os cuidados com a saúde dos fios. “Alguns hábitos precisam ser mantidos o ano todo, mas no frio é essencial dar atenção especial à hidratação, usar corretamente o secador, controlar o estresse e ficar de olho na alimentação. Tudo isso impacta diretamente a saúde dos fios e do couro cabeludo”, afirma.

Um dos principais inimigos da saúde capilar nesta época é o banho quente. O profissional de beleza Silvio Amaral, do Bioma Laces, em Rio Preto, compara os efeitos da temperatura elevada com o cozimento de vegetais. “É como comparar um fio de cabelo a uma verdura, como a alface: em temperatura ambiente, ela se mantém bonita; na água quente, cozinha. A água muito quente desequilibra a camada lipídica do couro cabeludo, deixando o cabelo muito seco ou muito oleoso, causando opacidade e ressecamento”, explica. Segundo ele, os danos não se limitam ao inverno. “Esses prejuízos podem durar meses, porque a fibra capilar danificada leva tempo para se recuperar.”

Outro hábito comum no frio é reduzir a frequência das lavagens, o que pode agravar ainda mais o problema. “Se antes a pessoa lavava o cabelo três vezes por semana, passa a lavar apenas uma. Isso favorece a proliferação de bactérias ruins no couro cabeludo, causando caspa, coceira, queda e até pequenas feridas”, alerta Silvio. Ele também destaca o uso inadequado de ferramentas térmicas, como secadores, chapinhas e escovas. “Muitas vezes, a pessoa não deixa o cabelo secar naturalmente, não usa protetor térmico, faz escova de forma inadequada ou passa chapinha no cabelo ainda úmido, o que é extremamente nocivo. Esse mau uso retira completamente a água que deveria ser absorvida pelo fio, deixando-o quebradiço”, reforça. “A água muito quente é destruidora tanto para o fio quanto para o couro cabeludo.”

O profissional de beleza Rique Mano, proprietário do HM Beauty Lounge, também em Rio Preto, complementa que o ar seco e o uso de roupas de inverno podem agravar a situação. “A baixa umidade do ar e os banhos mais quentes retiram a oleosidade natural, deixando os fios mais opacos, sem movimento e propensos a frizz e quebra. Além disso, o uso frequente de gorros e cachecóis pode gerar atrito, aumentando o risco de nós e embaraços”, aponta. O calor excessivo ainda intensifica outros danos, como pontas duplas e perda de vitalidade da cor.

Para evitar esses efeitos, ele orienta: “Use sempre protetores térmicos — a Schwarzkopf, por exemplo, tem ótimas opções como a linha OSiS+ e BC Bonacure, que blindam o fio contra altas temperaturas. Reduza a frequência de uso de fontes de calor, alterne com secagem natural e finalize com produtos que selam e protegem, como óleos leves ou sprays de brilho.”

Cuidados simples, mas eficazes

A boa notícia é que, com pequenas mudanças na rotina, é possível manter os fios saudáveis mesmo nos dias mais frios. Silvio resume: “Nunca deixe de lavar o cabelo na frequência que o seu couro cabeludo precisa, isso é individual. Se o ideal for lavar três vezes por semana, mantenha, mesmo no inverno, para evitar queda, coceira, fungos e excesso de oleosidade. Não use água excessivamente quente. Se precisar de um banho mais quente, enxágue os cabelos em uma temperatura mais amena. E use protetor térmico em qualquer estação, especialmente no frio”.

Perder alguns fios por dia é absolutamente normal: em média, até 100 fios caem naturalmente como parte do ciclo capilar. No entanto, é importante ficar atento a sinais que podem indicar um problema maior. Queda excessiva percebida na escova, no travesseiro ou no ralo do chuveiro pode ser um alerta. Assim como o surgimento de falhas visíveis no couro cabeludo, descamação, coceira ou sensibilidade na região. Nesses casos, a recomendação é procurar um médico especialista para investigar possíveis deficiências nutricionais, desequilíbrios hormonais ou outras causas que podem estar por trás do enfraquecimento dos fios.

Para manter os fios saudáveis:

• Uso de óleos ajuda a reduzir o frizz

• Se deixar o cabelo secar naturalmente, proteja-o com um bom leave-in, que também atua contra o vento, poeira, poluição e fumaça típicos da época

• Evite ferramentas térmicas em temperatura alta

• Use máscaras muito hidratantes, ricas em manteigas e óleos naturais, e prefira produtos com baixa carga de silicone e ativos mais naturais

• Se o cabelo já é oleoso, produtos com muito silicone podem deixá-lo mais opaco e com sensação de sujeira, pois o excesso de gordura não limpa adequadamente

Fonte: profissional de beleza Silvio Amaral, do Bioma Laces