Quem, de ti, sobreviveu,
quando de mim, nasceste,
essa criança
vulnerável, destemida?
Sentes tocar,
com os teus pezinhos de terra,
serras invisíveis, estrelas lilases
horizontes sublimes que o teu
coração deixou de vislumbrar
com a venda que amarraste ao teu
corpo cego; tomado por olhos vazados de
solidão habitada por multidões
a brincar de cabra-cega.
Não te lembras mais como é brincar
de pega-pega?
Vai, pega a minha mão…
Agora, teus passos estão descalços de todas as proteções
que te cercearam ao ter cercarem de
gigantescos minaretes onde poucos
ousaram cantar, lá do alto, os hinos de
uma liberdade que ninguém jamais conseguiu ouvir
perto do chão.
Vai….
Chegou a hora de fechar os olhos.
Só assim. Só assim, criança,
é que irás perceber,
é que irás enxergar
sem perder-te de ti,
esse que, a todo tempo,
não deixou
de Estar Aqui.