Nos últimos anos, o pão de fermentação natural deixou de ser exclusividade de padarias especializadas e passou a ocupar lugar de destaque nas mesas de quem busca mais sabor, qualidade e saúde. Diferente dos pães industrializados, ele é produzido de forma lenta, artesanal e com fermento vivo, o levain, resultando em um alimento de digestão mais fácil, nutritivo e cheio de história. A aparência também é um diferencial. Geralmente, ele tem uma casca mais firme e é alveolado por dentro.
A revista Bem-Estar conversou com três especialistas que vivem essa paixão: Ana Luiza Campos, Sócia proprietária da Padaria Corsini 27; Mauro Silva, chef de cozinha da Tria Bakery; e Paulo H. Ruggiero, proprietário da Farine. Todos trabalham com uma grande variedade de pães feitos com fermento natural e com características únicas de sabor e textura.
Fermentação natural
Enquanto o pão industrial utiliza fermentos biológicos ou químicos de ação rápida, a fermentação natural é conduzida pelo levain, uma colônia de leveduras e bactérias cultivadas apenas com farinha e água. Esse fermento vivo precisa ser alimentado diariamente e se mantém ativo por décadas.
O processo de fermentação pode levar até 62 horas, dependendo do tipo de pão e das condições de temperatura. “A fermentação permite o desenvolvimento da acidez ideal e de aromas complexos. Ao final, o pão é modelado, descansado e assado, resultando em um produto de sabor único, nutritivo e saudável”, explica Paulo H. Ruggiero, proprietário da Farine ao lado da esposa Ana Elisa B. Ruggiero.
A lentidão é o grande segredo do método. Durante a fermentação, o glúten é parcialmente degradado, os açúcares da massa são consumidos e compostos aromáticos se formam. O resultado é um pão mais leve, de casca crocante, miolo aerado e sabor levemente ácido, um perfil sensorial impossível de ser reproduzido em escala industrial.
Mais saúde no dia a dia
Além do sabor, os pães de fermentação natural oferecem benefícios comprovados para a saúde. Por ser fermentado lentamente, o pão tem índice glicêmico mais baixo, não provoca picos de açúcar no sangue e garante maior saciedade. Ana Luiza Campos afirma que isso o torna uma opção mais indicada para quem tem restrições ao açúcar ou busca controlar o consumo de carboidratos. “Ele é um pão que digere muito mais fácil.”
Outro diferencial é a presença de lactobacilos vivos, bactérias benéficas para o intestino. “A principal diferença entre trabalhar somente com levain, sem as químicas, é a qualidade do pão, que traz muito mais benefícios como: maior valor nutritivo, sabor infinitamente mais complexo e agradável, o índice glicêmico é bem mais baixo do que outros pães; tem digestão mais fácil, mesmo para aqueles que são sensíveis ao glúten, devido a sua fermentação mais lenta e ‘quebra’ do glúten durante o processo. Com tudo isso, a sensação de saciedade também é prolongada”, complementa Mauro Silva, da Tria Bakery.


