A ozonioterapia é considerada uma prática integrativa e complementar que vem ganhando espaço em diferentes áreas da saúde. O tratamento utiliza a aplicação de uma mistura de oxigênio e ozônio em diferentes vias de administração, com finalidade terapêutica. De acordo com o Ministério da Saúde, o ozônio medicinal pode estimular mecanismos naturais do organismo e contribuir para a recuperação da capacidade funcional, tanto em seres humanos quanto em animais. Por esse motivo, a técnica tem sido estudada e aplicada em quadros variados, como dores crônicas, inflamações, doenças infecciosas e feridas de difícil cicatrização.
Setores como odontologia, neurologia e oncologia já incorporam a ozonioterapia em seus protocolos, seja para potencializar os tratamentos convencionais, seja para oferecer maior qualidade de vida aos pacientes. Além de baixo custo, especialistas destacam que a prática pode atuar como aliada no controle de sintomas e no fortalecimento do organismo, embora ainda seja considerada complementar e não substitua terapias tradicionais.
No dia 28 de agosto, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou a Resolução nº 2.445/2025, regulamentando o uso da ozonioterapia como prática médica em situações específicas. A decisão representa um marco importante após anos de debates técnicos e pedidos da classe médica, ao oferecer respaldo científico e ético para os profissionais que já utilizavam a técnica de forma complementar. Pela primeira vez, o uso clínico do ozônio passa a ter diretrizes detalhadas, regulamentando a Lei 14.648/2023, que havia autorizado a prática, mas ainda carecia de normas precisas.
De acordo com o CFM, a ozonioterapia poderá ser indicada em seis situações: úlceras venosas crônicas, úlceras arteriais isquêmicas, úlceras decorrentes do pé diabético, feridas infecciosas agudas, osteoartrite de joelho e dor lombar associada à hérnia de disco. O tratamento será permitido de duas formas principais: pela aplicação tópica na pele, voltada para feridas e lesões de difícil cicatrização, e por meio de injeções intra-articulares ou intradiscais, recomendadas para os casos de osteoartrite de joelho e dor lombar causada por hérnia de disco.
Um trecho da resolução diz: “a avaliação de eficácia demonstrou resultados distintos para cada tipo de ferida. A indicação com evidência mais sólida é a úlcera de pé diabético. Para esta condição, diversas revisões sistemáticas e estudos primários de qualidade metodológica moderada apontaram benefícios consistentes e clinicamente relevantes.”
A resolução também estabelece protocolos rigorosos para a realização do procedimento, que incluem diagnóstico médico prévio, uso de equipamentos certificados pela Anvisa, registro completo em prontuário e aplicação somente em ambiente adequado.
Bruno Landim, médico integrativo e presidente do Instituto Brasileiro de Terapia Neural, afirma que agora os profissionais têm respaldo oficial para aplicar a ozonioterapia dentro de protocolos reconhecidos e seguros, trazendo benefícios para pacientes que convivem com dores crônicas ou feridas de difícil cicatrização. “A regulamentação do CFM garante que a prática seja exercida com responsabilidade, protegendo o paciente e fortalecendo a medicina baseada em evidências. Mais do que uma autorização, é um convite para a ciência continuar avançando.”
A fisioterapeuta Regina Pereira explica que a ozonioterapia é feita a partir do oxigênio medicinal, que recebe uma descarga elétrica e se transforma em ozônio (O₃). “A técnica é muito utilizada para tratar diversas condições de saúde, incluindo a redução de inflamação. Ela age promovendo a oxigenação dos tecidos e ativando processos de regenerativos no organismo. A ozonioterapia, como tratamento auxiliar, se destaca por sua capacidade de modular a resposta inflamatória.”
A ozonioterapia, segundo Regina, reduz a inflamação porque atua no sistema imunológico, estimulando a liberação de substâncias anti-inflamatórias. “A ozonioterapia é uma aliada ao cuidado da saúde, como doenças crônicas, como fibromialgia, dores crônicas, feridas, distúrbios intestinais, e outras mais. Na estética a ozonioterapia é utilizada nas cicatrizes, pós-operatório, na redução de gordura localizada e estrias, e também no emagrecimento.”
O uso da ozonioterapia também já está regulamentado em algumas áreas da saúde. O Conselho Federal de Odontologia, por exemplo, possui normas específicas que autorizam cirurgiões-dentistas a aplicarem a técnica dentro de suas especialidades. Já a Sociedade Brasileira de Estética e Cosmética reconhece o procedimento como uma prática que pode ser realizada por profissionais graduados e devidamente registrados como responsáveis técnicos, garantindo segurança e respaldo legal aos pacientes.
