Criado há 32 anos pelo casal Anísio e Hermelinda Gimenes, o Programa Amor-Exigente (AE) oferece apoio gratuito e contínuo a famílias e dependentes químicos em recuperação. Desde então, o trabalho é conduzido por 10 voluntários e acontece todas as segundas-feiras, na sede própria da entidade, localizada no Parque das Flores, em Rio Preto. Há também um segundo grupo de AE, que funciona na Casa de Cursilhos, às quartas-feiras.
A coordenadora do grupo em Rio Preto, Maria Izabel de Oliveira Massoni, também atua como membro da equipe de Prevenção Nacional e do Conselho Deliberativo da FEAE (Federação de Amor-Exigente), e explica que o Amor Exigente é um programa de auto e mútua ajuda, baseado em pilares que contribuem para a transformação de pessoas e famílias.
“A missão do PAE – Programa de Amor-Exigente é trabalhar o contexto da dependência química e também situações comportamentais difíceis na família e na comunidade”, afirma Maria Izabel.
Metodologia estruturada e voluntariado comprometido
O programa possui quatro pilares: 12 princípios básicos, 12 princípios éticos, responsabilidade social e espiritualidade pluralista. Toda semana, os encontros envolvem palestras sobre o princípio do mês, partilhas em grupo e a definição de metas de mudança ou resolução de conflitos.
Além do grupo voltado as famílias de dependentes, o Amor-Exigente também oferece apoio por meio de outros núcleos: família, sobriedade, cônjuges, sempre é tempo (para avós), e prevenção na família, na escola e na comunidade. Os encontros são coordenados por voluntários capacitados pela FEAE, pelas regionais do AE e também em encontros, congressos e lives promovidos pela entidade.
O grupo Amor-Exigente atua de forma direta no apoio emocional, comportamental e social de quem enfrenta os desafios da dependência química — tanto os usuários quanto suas famílias. “Atualmente, atendemos os grupos de familiares dos dependentes químicos e os próprios dependentes que querem abandonar o uso de substâncias.”
Todos trabalham de forma voluntária. “Precisamos de voluntários para otimizar nosso trabalho. Para integrar a equipe, a pessoa tem de passar por capacitação e vivência da proposta”, reforça a coordenadora.
Alcance nacional e parcerias locais
O AE existe no Brasil há mais de 40 anos e está presente em todos os estados do país, além da Argentina e do Uruguai. A iniciativa trazida para o Brasil pelo padre Haroldo Rhams. No município, o grupo funcionou em paróquias como a Igreja Nossa Senhora de Fátima e o Santuário das Almas, até a construção da sede própria, que conta com um amplo salão para 150 pessoas, 11 salas, cozinha, espaço para refeições e banheiros com acessibilidade.
Com estrutura pronta e equipe engajada, a entidade hoje amplia sua atuação com parcerias importantes, como a realizada com a Justiça Restaurativa, atendendo pessoas com medidas protetivas por violência doméstica. São grupos reflexivos, previstos na lei Maria da Penha, artigo 22, inciso VI. A AE faz parceria também com a Associação Bem Comum (ABC), que atua com mulheres, crianças e idosos.
No passado, o Amor-Exigente também atuou em prevenção com 240 crianças atendidas na Casa de Eurípedes, instituição espírita que oferecia atividades no contraturno escolar. Durante a pandemia, o projeto foi encerrado por falta de subsídios para manutenção da equipe. “Durou mais de dois anos e o trabalho era estendido às famílias também, com palestras mensais.”

