O Acidente Vascular Cerebral (AVC), conhecido popularmente como derrame, segue entre as principais causas de morte e incapacidade física no Brasil e no mundo. Um levantamento recente da consultoria Planisa, especializada em gestão e custos hospitalares, revela a dimensão do problema: a cada seis minutos e meio, uma pessoa morre em decorrência do AVC no Brasil.
Entre 2019 e setembro de 2024, foram registradas mais de 85 mil internações por AVC na rede hospitalar brasileira, com média de quase oito dias de permanência por paciente. Nesse período, os custos acumulados ultrapassaram R$ 910 milhões, sendo um quarto das diárias realizadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Apenas nos nove primeiros meses de 2024, os gastos já superavam R$ 197 milhões.
O aumento expressivo acompanha o crescimento no número de casos: as internações praticamente triplicaram nos últimos cinco anos, passando de 8,3 mil em 2019 para mais de 21 mil em 2023. Os números reforçam a necessidade de investimento em prevenção, diagnóstico precoce e tratamento rápido, fatores decisivos para reduzir sequelas e salvar vidas.
Segundo a Sociedade Brasileira de AVC, a doença é responsável por 11% das mortes globais, sendo a segunda principal causa de óbito no mundo. O cardiologista Luciano Folchine Trindade afirma que o derrame ocorre quando há interrupção do fluxo sanguíneo para uma área do cérebro, o que provoca a morte de células cerebrais por falta de oxigênio e nutrientes.
Trindade explica que existem dois tipos principais: o isquêmico e o hemorrágico. O isquêmico ocorre quando há obstrução de uma artéria, representando cerca de 85% dos casos. Já o hemorrágico acontece quando o vaso sanguíneo se rompe, provocando sangramento cerebral. Entre os principais fatores de risco estão pressão alta, diabetes, colesterol elevado, tabagismo, sedentarismo, alcoolismo, doenças cardíacas, idade avançada e uso de anticoncepcionais orais.
Atenção aos sinais e ao tempo
Os sintomas do AVC surgem de forma súbita e exigem ação imediata. “O principal é a perda repentina de força ou sensibilidade em um lado do corpo, afetando o braço, a perna ou o rosto, o famoso ‘boca torta’. Outros sintomas importantes incluem dificuldade para falar ou entender o que as pessoas dizem, alteração súbita da visão, tontura intensa com desequilíbrio, dor de cabeça forte e diferente do habitual e queda inexplicável”, afirma o neurocirurgião Denildo Veríssimo.
Diante de qualquer um desses sinais, o médico afirma que o tempo é o fator mais importante. “Cada minuto conta, porque o cérebro começa a sofrer lesões rapidamente. Por isso, a pessoa deve ser levada imediatamente a um hospital com atendimento de emergência”, afirma Veríssimo.
A neurologista Mariana Neves Marques Battaglini, do Hospital de Base de Rio Preto, reforça que é fundamental estar atento aos sinais de alerta. Segundo ela, o tempo é um fator determinante no atendimento ao paciente com AVC. A partir do início dos sintomas, o paciente tem até quatro horas e meia para administrar, quando indicado, a terapia trombolítica, um medicamento aplicado na veia periférica que ajuda a desobstruir a artéria comprometida nos casos de AVC isquêmico. Já nos casos hemorrágicos, o foco é controlar rigorosamente a pressão arterial e avaliar a necessidade de cirurgia para drenagem do sangramento.


