LifestyleArlec: 16 anos promovendo a cultura em Rio Preto
Fundada por pesquisadores, artistas e intelectuais, a Academia Rio-pretense de Letras e Cultura (Arlec) consolida-se como guardiã do conhecimento na região, com ações que incluem palestras, cursos, concursos e publicações
Posse de novos acadêmicos da Arlec (Arlec/Divulgação)
Uma academia que nasceu do desejo de preservação e valorização da cultura local. Assim pode ser definida a Academia Rio-pretense de Letras e Cultura (Arlec), uma instituição que há 16 anos reúne intelectuais, artistas e escritores com o propósito de fomentar a literatura, a arte e o conhecimento na região.
A ideia de criar uma Academia de Letras e Cultura em São José do Rio Preto surgiu em encontros despretensiosos, mas inspiradores, realizados no Taí Café, no Praça Shopping, localizando no Centro. Ali se reuniam Agostinho Brandi, Neon de Mello e Oliveira, Paulo Coelho Saraiva, João Roberto Saes, Antônio Florido, Amadeu Sebastião Pereira e o Capitão Jaime Amaral e Silva.
Foi Paulo Coelho Saraiva quem trouxe à tona o questionamento que ecoaria por muito tempo: por que Rio Preto, uma cidade pujante e culturalmente ativa, ainda não possuía uma Academia de Letras e Cultura como outras cidades menores, como Barretos? Essa provocação foi o estopim para que a ideia ganhasse força.
Com objetivos semelhantes, Agostinho Brandi e Antônio Carlos Del Nero se uniram ao movimento. Coube a Brandi apresentar Paulo Coelho Saraiva a Del Nero, e o grupo começou a tomar forma. Antônio Florido, por sua vez, contribuiu com a divulgação da proposta ao publicar um artigo no jornal Diário da Região, reivindicando a criação de uma entidade cultural que representasse a literatura e a cultura da cidade.
O primeiro passo concreto foi dado em 31 de julho de 2008, quando ocorreu uma reunião na praça de alimentação do Riopreto Shopping. Ali estavam presentes Antônio Carlos Del Nero, Paulo Coelho Saraiva, Antônio Florido, João Roberto Saes e Agostinho Brandi, que formaram o núcleo fundador da Arlec.
Em 7 de agosto do mesmo ano, a segunda reunião marcou a adesão da jornalista Cecilia Demian ao grupo. O encontro, presidido por Antônio Carlos Del Nero e secretariado por Antônio Florido, foi decisivo para o avanço do projeto. Além da eleição do conselho diretor, foi aprovado o modelo do estatuto da academia. Na sequência, foi estabelecido o lema que orienta a entidade até hoje: “Verba volante, scripta manent” (As palavras voam, os escritos permanecem), proposto por Antônio Florido.
Na ocasião, a diretoria da Arlec foi composta por Antônio Carlos Del Nero, Paulo Coelho Saraiva, Jaime Signorini, Antônio Florido, Cecilia Demian, Alberto Gabriel Bianchi, João Roberto Saes, Agostinho Brandi, Waldner José Lui e Capitão Jaime Amaral e Silva.
Diferencial
Desde então, a Arlec se consolidou como uma instituição que valoriza a cultura e promove ações que visam disseminar o conhecimento e preservar a memória de Rio Preto. Sua trajetória, construída com dedicação e paixão, é um testemunho vivo de que ideias genuínas podem se transformar em realidade e deixar um legado duradouro.
Atualmente, a Academia Rio-pretense de Letras e Cultura é liderada por Toufic Anbar Neto, médico-cirurgião e diretor da Faceres. No entanto, Antônio Carlos Del Nero esteve à frente da instituição de 2008 a 2016. Em seguida, a Arlec foi presidida por Rosalie Gallo Y Sanches, de 2016 a 2019, e por Alberto Gabriel Bianchi, de 2019 a 2022.
CRESCIMENTO ECONSOLIDAÇÃO DA ARLEC
Lançamento do livro “Espectros”, do acadêmico Dr. Wilson Daher (Arlec/Divulgação)
O crescimento da Arlec se consolidou com a realização da primeira reunião ordinária do Conselho Superior, em 14 de outubro de 2008, na sede do IHGG/Comdephact. A partir desse marco, a Academia passou a promover diversas atividades culturais, como palestras e cursos abertos ao público, fortalecendo sua missão de disseminar o conhecimento e valorizar a cultura, assim como novos membros foram indicados e aceitos.
De acordo com Alberto Gabriel Bianchi, ex-presidente da Arlec, desde 2016, com a aprovação de um novo estatuto, o número de membros passou a ser limitado a 45. Atualmente, o organograma estrutural da Academia é composto por 45 cadeiras, sendo 25 na área de letras, 15 na área de cultura e 5 destinadas aos membros eméritos (fundadores).
Objetivos
A Academia Rio-pretense de Letras e Cultura (Arlec) tem como principal objetivo a difusão da cultura, por meio de ações culturais que beneficiem a população e promovam o conhecimento dos membros da instituição.
Entre suas iniciativas estão a realização de cursos, seminários, atualizações de professores, concursos para estimular a participação de estudantes, publicações, palestras mensais com entrada gratuita e apresentações musicais abertas ao público. A proposta é incentivar o gosto pela cultura e aproximar a comunidade.
Atividades atuais da Arlec
Jantar anual de confraternização da Arlec (Arlec/Divulgação)
Atualmente, a Arlec desenvolve diversas atividades culturais que consolidam seu papel como instituição de fomento ao conhecimento e à arte. Entre essas atividades, destaca-se a publicação semestral da revista Kapiiuara, que adota uma abordagem mais leve e inclusiva. Cada edição da revista conta com três convidados não acadêmicos — um para produção em prosa, outro para poesia e um terceiro para produção artística. Essa proposta visa divulgar talentos que ainda não pertencem formalmente à Arlec.
Outro projeto importante é o Concurso Anual de Crônicas “Prof. Sérgio Vicente Motta”, que promove a participação de estudantes matriculados em qualquer escola, oferecendo um desconto de 50% na inscrição como forma de estímulo.
A Academia também organiza palestras mensais abertas ao público no evento conhecido como Café Cultural, abordando temas variados com convidados renomados e oferecendo entrada gratuita. Além disso, realiza eventos de grande porte em comemoração ao seu aniversário, como exposições e concertos.
Outro destaque é o anuário intitulado Arlequinas, uma publicação mais densa e direcionada a ensaios, artigos científicos e textos literários aprofundados, que refletem o rigor acadêmico e literário da instituição.
Para Agostinho Brandi, a Academia possui iniciativas que não apenas despertam talentos, mas também oferecem oportunidades para que as pessoas expressem sua cultura, além de valorizarem os acadêmicos. “O grupo está cada vez mais atuante. É uma alegria ver as reuniões mensais na Faceres cada vez mais movimentadas, com palestrantes compartilhando seus conhecimentos e enriquecendo o ambiente”, afirma.
Cultura para todos
A resposta do público e a importância dessas atividades para a comunidade local têm sido bastante positivas. “No geral, pouco a pouco, o Café Cultural, realizado no Auditório da Faceres (Faculdade de Medicina), parceira fundamental para essa ação, em particular, tem conseguido maior público dada a diversidade de temas abordados e de nomes atraentes”, afirma Rosalie.
O Concurso Anual de Crônicas “Prof. Sérgio Vicente Motta” está finalizando sua terceira edição com um crescente número de participantes e uma qualidade literária cada vez mais elevada, segundo avaliação dos jurados convidados.
Além do concurso, a Arlec também desenvolveu outras ações importantes em seus primeiros anos de existência. Cursos e seminários realizados no Automóvel Clube atraíram um público seleto e fiel de apreciadores da cultura, consolidando o prestígio da instituição na cidade.
Uma iniciativa de grande destaque foi o curso voltado para professores da rede de Ensino Médio de Rio Preto, com o objetivo de atualizá-los na leitura das obras exigidas pelos principais vestibulares do estado. O curso, que teve início com 30 participantes, surpreendeu pela adesão crescente, finalizando com mais de 40 professores após três meses de aulas contínuas, realizadas aos sábados de manhã, no Monsenhor Gonçalves.
Agenda
Lançamento do livro “Visgo”, do acadêmico Angelo Soares Neto, na Galeria de Arte Norma Vilar (Arlec/Divulgação)
Os encontros culturais promovidos pela Arlec acontecem mensalmente e são totalmente gratuitos, oferecendo à comunidade uma oportunidade única de acesso à cultura e ao conhecimento. Esses encontros, conhecidos como Cafés Culturais, acontecem na segunda quinzena de cada mês, no auditório da Faceres, e contam com a participação de renomados palestrantes que abordam temas variados. Além do conteúdo enriquecedor, os participantes podem desfrutar de um agradável momento de confraternização, com direito a café, suco e biscoitos.
Toufic Anbar Neto afirma que na faculdade também funciona, em sala própria, a sede da Academia. "Normalmente, o calendário é definido no começo do ano. Já temos atividades previstas até agosto de 2025. Frequentemente os acadêmicos são convidados a participar de lançamento de livros, abertura de exposição de artes e outras atividades do rico calendário cultural de Rio Preto”.
Planos, parcerias e programação
Os planos da Arlec estão voltados para a expansão de suas atividades e o alcance de um público ainda maior na comunidade literária. A ideia central é fortalecer e expandir os projetos existentes, além de atrair novos participantes para as iniciativas culturais e literárias da instituição.
“Pensamos em parcerias que nos permitam expandir pequenos projetos em andamento, como a publicação da revista Kapiiuara, por exemplo. Já foi obtida a Declaração de Utilidade Pública Municipal, o que nos abre estradas. Participar de ações a serem gerenciadas pelo Poder Público, como Feiras de Livro, palestras em escolas para que os alunos conheçam um escritor, um artista, um cientista é de fundamental importância para despertar na criança e no jovem a vontade de ser algo maior. O exemplo vivo é a força motriz que ajuda um sonho a se tornar realidade”, afirma Rosalie.
Novos membros
Das 45 cadeiras, 36 estão ocupadas. Em breve, a Arlec irá abrir processo de admissão de novos membros para 9 cadeiras que estão vagas. Rosalie Gallo y Sanches explica como é o processo de seleção para se tornar um membro. “A Arlec possui um cabedal de 45 cadeiras distribuídas para letras e cultura. Nem todas estão preenchidas. Algumas que estavam lotadas por um patrono, com sua morte, recebeu um ocupante. A escolha anterior, feita por indicação e votação em aberto, foi substituída pelo processo de inscrição através de edital publicado nos jornais e nas redes sociais. O interessado envia a documentação solicitada e aguarda a análise feita por uma comissão. Após é realizada uma Assembleia na qual os candidatos são apresentados a todos os membros da Arlec que votam e escolhem quem deve preencher a cadeira a ser lotada. A sequência é a informação e posse do acadêmico eleito em cerimônia oficial.”
Produção literária local
A Arlec também se destaca pelos projetos individuais de seus acadêmicos, que contribuem significativamente para o enriquecimento da produção literária local. Em 2018, celebrando seu 10º aniversário, a Academia promoveu 14 lançamentos de livros, consolidando o papel da instituição como promotora da leitura e da escrita.
Pérsio Luís Marconi, um dos acadêmicos, afirma que, desde a sua fundação, a Arlec tem por finalidade precípua a promoção e a divulgação das artes e cultura, em suas variadas formas. “Assim, reúne expoentes intelectuais da cidade, com representantes de todas as áreas, como escritores, pintores, professores, cientistas, críticos literários, escultores, fotógrafos, músicos, etc. Fazer parte da Arlec é, além de uma honra e um privilégio, uma grande responsabilidade, já que representamos a intelectualidade de uma cidade com meio milhão de habitantes”.