A música que desperta emoções, inspira e gera prazer

Você sabia que a música tem um impacto poderoso na saúde cerebral ao despertar emoções, inspirar e gerar prazer e bem-estar? Sim! As melodias têm um efeito direto e profundo sobre o cérebro humano. Quando ouvimos uma melodia, diversas áreas cerebrais são ativadas simultaneamente – desde aquelas regiões cerebrais ligadas à emoção e à memória, como o sistema límbico e o hipocampo, até áreas responsáveis pela atenção, linguagem e movimento. Estímulos que são verdadeiros “exercícios cerebrais” que favorecem conexões neurais e liberam neurotransmissores associados ao prazer e ao bem-estar, como a dopamina, serotonina e a endorfina.
A afirmação é do médico psicanalista especialista em saúde mental e professor da Faculdade de Medicina Faceres, Augustus Cézar Polimeno. Segundo ele, os benefícios da música no cérebro são inúmeros e são importantes aliados da saúde mental. “A música melhora o humor, reduz sintomas de ansiedade e depressão, auxilia na regulação emocional e contribui para a concentração e o desempenho cognitivo”, afirma. Além disso, segundo ele, a música tem um papel importante na socialização, “fortalecendo vínculos afetivos e o senso de pertencimento”, complementa.
Aprender um instrumento
A música traz benefícios para o cérebro também quando é utilizada para aprendizado. Aprender a tocar um instrumento musical, segundo o professor da Faceres, é uma das atividades mais completas para o cérebro. “Envolve percepção auditiva, coordenação motora, memória, atenção e emoção, tudo ao mesmo tempo”, enumera. O especialista afirma que os benefícios são comprovados. “Estudos de neuroimagem mostram que músicos apresentam maior conectividade entre os hemisférios cerebrais e melhor desempenho em tarefas cognitivas complexas”, conta. Isso significa, segundo Augustus Cézar, que o processo de aprendizado da música não se limita a estimular a criatividade, “também fortalece habilidades como disciplina, paciência e foco”, reforça.
A música também é utilizada como terapia – processo chamado de musicoterapia. “Musicoterapia é a aplicação da música como ferramenta terapêutica para tratar condições de saúde física e mental, promover a comunicação e expressão, e melhorar o bem-estar geral”, explica o psicanalista. De acordo com o médico, a musicoterapia serve para auxiliar em tratamentos como ansiedade, estresse, depressão, autismo e AVC, “ajudando a melhorar a qualidade de vida, o humor, a memória e a interação social”, completa.
A enfermeira da Atenção Integral à Saúde e facilitadora em dançaterapia na Unimed Rio Preto, Danyara Assumpção Garcia, afirma que a música também tem se mostrado uma aliada poderosa no cuidado de pessoas com Alzheimer e outras demências. “Mesmo em fases avançadas da doença, muitas vezes o paciente ainda reconhece melodias que fizeram parte da sua vida e reage emocionalmente a elas”, afirma. Canções que, segundo ela, evocam memórias, estimulam o hipocampo e promovem momentos de conexão afetiva com familiares e cuidadores. “Além disso, o ato de ouvir ou cantar músicas conhecidas reduz a agitação, melhora o humor e contribui para uma rotina mais tranquila”, afirma.
De forma geral, segundo a enfermeira, o impacto da música como terapia depende do que a pessoa gosta de ouvir. “O impacto positivo da música é muito maior quando o ouvinte gosta do que está ouvindo”, afirmou. De forma geral, segundo ela, as músicas instrumentais e com ritmo mais lento, como clássicas ou lo-fi, favorecem o relaxamento. “Trilhas sem letra e sons da natureza auxiliam na concentração, enquanto batidas marcadas como as do pop, hip-hop ou eletrônico são mais indicadas para atividades físicas”, afirma.
Em contextos terapêuticos, Danyara explica que a escolha pela melodia pode ser adaptada, “ritmos regulares ajudam na reabilitação motora de pacientes com Parkinson”, exemplificou. Apesar das diferenças, o mais importante, segundo a enfermeira, é a música despertar prazer e envolvimento emocional, “é isso que potencializa seus efeitos sobre o cérebro e a mente”, reforça. Em Rio Preto, a Unimed oferece o curso de Dançaterapia em ações pontuais para gestantes do Beabá Bebê e outros programas de Atenção Integral à Saúde. O intuito é melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

A pediatra Gabriela Marcatto explica que a música atua em hemisférios cerebrais da criança e influencia positivamente desde a gestanção, “ajuda na anatomia deste órgão, estimulando o neurodesenvolvimento”, afirma. Estímulo que, segundo a pediatra, melhora o desenvolvimento intelectual e outras capacidades da criança. “Capacidade de atenção, criatividade, interação social e habilidades motoras, além da aquisição de memórias afetivas”, enumera.
Aprender um instrumento musical também tem uma série de benefícios para as crianças, pois, segundo a especialista, muitas áreas do cérebro são trabalhadas ao ler uma partitura, ao colocar em prática as notas ao mesmo tempo em que ouve a melodia. “A habilidade de manusear e utilizar um instrumento impacta no desenvolvimento da motricidade fina, da propriocepção, memória, ritmo e desenvolvimento cognitivo”, orienta.
No caso das crianças, a musicoterapia, de acordo com Gabriela, também pode ser trabalhada de várias maneiras e com indicações diferentes. “Sabemos hoje que existem inúmeros benefícios em sintomas ansiosos e episódios depressivos, que as crianças podem apresentar”, conta. Além disso, a pediatra afirma que a musicoterapia também é indicada no transtorno do espectro autista, “além de melhorar habilidades cognitivas e de interação e comunicação”, ressalta.
O que a música traz para a saúde cerebral?
Desperta emoções, inspira, gera prazer e bem-estar
Como as melodias agem no cérebro?
Ativa diversas áreas cerebrais de forma simultânea e em tempo real
Audição
Coordenação motora
Atenção
Linguagem
Emoções
Memória
Habilidades de raciocínio
Quais os principais benefícios?
Sensação de bem-estar
Redução do estresse
Facilita as relações interpessoais
Modula o sistema cardiovascular
Melhora o equilíbrio
Fortalece o sistema imunológico
Melhora qualidade do sono
Ajuda pacientes de AVC
Pode ajudar portadores da doença de Parkinson
Fonte: Relatório do estudo "Música em nossas mentes: O grande potencial da música para promover a saúde cerebral e o bem-estar mental", de 2020 feito pelo Conselho Global de Saúde Cerebral (GCBH, na sigla em inglês)