Há uma mudança clara no perfil de quem consome experiências de alto padrão. O luxo deixou de ser medido pela visibilidade e passou a ser avaliado pela relevância, sendo funcional, emocional e até sensorial. Hoje, cresce o número de viajantes que não buscam aprovação, mas sim conveniência com sofisticação. Que não querem ser notados, mas bem atendidos. Para esse público, a classe premium representa mais do que um assento: é uma estrutura pensada para entregar conforto real, agilidade operacional e ambientes que respeitam o ritmo do passageiro.
É um espaço que não se promove com selfies na poltrona 1A, mas que entrega uma experiência contínua. Antes, durante e depois do voo. Cabines com portas deslizantes, travesseiros de linho, utensílios de verdade, espaços de descanso silenciosos e serviço ajustado ao perfil de cada cliente. Não há excesso, mas há precisão.
Companhias como a United redesenharam suas executivas com as Polaris Studios, que permitem refeições frente a frente entre passageiros. A Qatar elevou o conceito com as QSuites, que permitem viajar de casal sem interrupções. Já Cathay Pacific e JetBlue incorporaram inovações como telas de 27 polegadas, banheiros com acionamento por sensor e poltronas que garantem privacidade acústica e visual, criando ambientes de viagem altamente funcionais e respeitosos.
Na classe premium, o conceito de luxo está associado à eficiência, discrição e conforto planejado. Isso se traduz em elementos funcionais e bem executados, como iluminação ajustada ao ritmo do voo, atendimento atento sem excessos, poltronas com design ergonômico e isolamento acústico que garante privacidade. Cada escolha é feita para proporcionar bem-estar real, sem ostentação ou exageros. É uma experiência pensada para quem valoriza conforto consistente e atenção aos detalhes que fazem diferença, mas não precisam ser exibidos.
Carlos Ferreirinha costuma afirmar que o verdadeiro luxo é aquele capaz de provocar transformação. E eu arrisco ir além, com um ponto adicional relevante: ele transforma sem precisar chamar atenção para si.
A nova classe premium representa exatamente esse entendimento. Não se trata de uma categoria intermediária ou de uma concessão entre o conforto e o luxo. Trata-se de uma escolha intencional, feita por quem valoriza excelência silenciosa, praticidade elevada e bem-estar contínuo ao longo da jornada. Em vez de ostentação, oferece consistência. Em vez de exagero, inteligência aplicada ao conforto, mesmo a 10 mil metros de altitude.
O novo luxo
O crescimento da classe premium reflete uma mudança maior no perfil do viajante global. Cada vez mais, o consumo de luxo deixa de ser orientado por status e passa a ser guiado por critérios como tempo, propósito e bem-estar. A experiência em si, e não o símbolo externo dela, torna-se prioridade. Viajantes que antes optavam pela primeira classe passam a considerar a classe premium não como um “meio do caminho”, mas como uma decisão racional, coerente com o estilo de vida que levam em terra firme: produtivo, seletivo e centrado no essencial. Nesse cenário, o luxo silencioso não é tendência. É maturidade.
