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Filha de um rei, dona de seu próprio trono

EntrevistaFilha de um rei, dona de seu próprio trono
Claudette King fala sobre suas raízes, identidade musical, inspirações e a emoção de se apresentar para o público rio-pretense

Sobre o autor

Dinâmica, entusiasmada e ousada, Claudette King carrega no sangue o legado de um dos maiores nomes do Blues mundial – seu pai, o lendário B.B. King. Mas não se engane: Claudette não vive à sombra do sobrenome que carrega. Com uma voz marcante, presença forte no palco e uma trajetória construída com dedicação, ela mostra que tem identidade própria.

A artista cresceu na região da baía de São Francisco, onde desde cedo esteve cercada por música. Claudette cantava nos clubes locais e no coral da Igreja Batista do Reverendo Brown. Seu talento, que ela reconhece ter herdado do pai, foi lapidado com influências como Aretha Franklin, Chaka Khan, Mahalia Jackson e Michael Jackson, absorvidas nas sessões de rádio e na coleção de discos da mãe.

Indicada ao Grammy Awards em 2023 e 2024, e reconhecida pelo Blues Hall of Fame, Claudette também já foi duas vezes nomeada ao Blues Music Awards, nas categorias de Soul Blues Female Artist e Best New Artist Debut.

No próximo final de semana, dias 9 e 10 de agosto, Claudette King se apresenta em Rio Preto, durante o 8º Festival Internacional de Blues e Jazz, na Praça José Generosa (Vivendas), ao lado da Bruno Marques Band, grupo liderado pelo renomado guitarrista e produtor brasileiro Bruno Marques, idealizador do projeto Rota do Blues. O evento é realizado pela empresária Laís Accorsi.

O show promete ser uma grande celebração: clássicos do Blues, soul e R&B, músicas autorais e, claro, homenagens emocionantes a B.B. King e outros ícones do gênero.

Confira a entrevista:

BE – Claudette, do que você está mais ansiosa em relação à sua apresentação no Brasil este ano?

Claudette King – Para as pessoas me aceitarem como uma artista do Blues, a filha do grande B.B. King, e me amarem pela forma como entrego meu Blues.

BE – Você sempre soube que queria seguir uma carreira na música ou tinha outros planos antes?

Claudette King – Eu sempre soube que queria ser artista na carreira musical.

BE – Quais foram as lições mais valiosas que você aprendeu com B.B. King — tanto como pai quanto como artista?

Claudette King – A lição mais valiosa que aprendi com meu pai é ser dedicada naquilo que faço e continuar sendo, sem hesitar.

BE – Como você equilibra a preservação do legado do seu pai com o desenvolvimento da sua própria identidade musical?

Claudette King – Represento meu pai da melhor forma que posso, mostrando dedicação em tudo o que faço no palco e sendo criativa. Desenvolver e preservar o legado dele significa também desenvolver minha própria identidade — e a única maneira de fazer isso é sendo Claudette King. Eu não toco nenhum instrumento, mas uso minha voz. Minha voz é meu instrumento e eu canto com a alma — é assim que honro o legado dele. A versatilidade que representa o Blues contemporâneo está em mim, ao misturar R&B com o chamado “new wave blues”. É basicamente tudo isso junto, uma mistura de vários estilos, mas, no fim, ainda é Blues.

BE – Como você descreveria a sua identidade musical?

Claudette King – Minha identidade é ser uma mulher poderosa, que gosta de se expressar com muita alma, através das letras, e de transmitir essa emoção por meio da interpretação. Minhas influências moldaram meu estilo — tenho uma voz rouca, e essa rouquidão me permite cantar com força, com definição, e isso funciona muito bem pra mim.

BE – Seu repertório inclui músicas autorais. O que te inspira a escrever e compor?

Claudette King – Acho que a melhor forma de me expressar é através dos meus próprios sentimentos, dos meus próprios pensamentos. Por isso, o repertório inclui canções autorais. É fácil compor, porque ouço vários estilos musicais, diferentes tipos de vozes, e isso torna tudo mais criativo – porque a criatividade sou eu. No festival, o público pode esperar um verdadeiro amor ao Blues e também ao jazz. E sim, talvez haja alguma crítica sutil no meu setlist, algo que fortalece minha música e envolve a plateia.

BE – Você pode nos dar uma prévia do setlist do seu show em Rio Preto? Você vai tocar algumas das músicas clássicas do seu pai?

Claudette King – Sim! Definitivamente tocarei algumas canções do meu pai, mas também músicas autorais.

BE – Como você descreveria a energia e a atmosfera que tenta criar durante suas apresentações ao vivo?

Claudette King – Espíritos de energia que dançam pelo ar e espalham amor, felicidade e muito Blues para todo mundo.

BE – Além de tocar as músicas do seu pai, que outras músicas te inspiram e influenciam seu próprio estilo como artista de Blues?

Claudette King – Há tantos outros artistas que me influenciam — é assim que consigo criar uma mistura cheia de alma de R&B, pop, country e outros estilos. Aretha, James Brown e tantos mais... A música deles ajudou a moldar meu som. Consegui criar e expressar minha própria interpretação do Blues, inspirada pelo amor desses artistas e das pessoas ao meu redor.

BE – Você já mencionou receber muito carinho do público brasileiro. Como essa energia influencia suas apresentações aqui?

Claudette King – O amor que sinto do público brasileiro é incrível, mesmo que algumas pessoas não entendam todas as palavras ou letras — elas sentem a música, sentem a alma. E isso tem um impacto enorme, é uma sensação maravilhosa.

BE – Quais aspectos da música ou da cultura brasileira você considera mais cativantes?

Claudette King – Amo a música brasileira, especialmente a percussão. O estilo é tão diferente, mas, ao mesmo tempo, tão completo, tão satisfatório.

BE – Você já considerou gravar com artistas brasileiros ou incorporar ritmos brasileiros em seus trabalhos futuros?

Claudette King – Adoraria trabalhar com um artista brasileiro para incorporar esse ritmo, esse estilo, no meu trabalho futuro. Seria um presente, uma bênção, um prazer.

BE – Como é tocar Blues com uma banda de brasileiros?

Claudette King – É incrível, muito amor e uma energia boa. Simplesmente maravilhoso!

BE – Se você pudesse definir sua missão como artista em uma frase, qual seria?

Claudette King - Se eu pudesse definir minha missão, seria: ganhar um Grammy, ser uma artista única, uma artista de soul e Blues, uma artista de “new wave blues”, enfim… uma grande artista, uma artista que define, que entrega, que é crítica com o próprio trabalho, mas que canta com alma, acredita em si mesma, se conecta com o público e mostra o quanto ama o que faz.

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