A talentosa Olivia Torres
Filha da atriz Sofia Torres e do produtor teatral Lucas Mansor, Olivia Torres desde cedo já sabia o caminho que iria trilhar. O primeiro trabalho foi aos 14 anos, como protagonista.
Olivia Torres, natural de Rio Preto, ascende a um novo patamar em sua trajetória profissional com sua participação no longa-metragem “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles. O Oscar de Melhor Filme Internacional conferiu ao trabalho de Olivia uma visibilidade internacional significativa.
No filme, Olivia Torres interpreta Maria Beatriz, a Babiu, filha de Eunice Paiva, personagem vivida por Fernanda Torres. Sua atuação ao lado de renomados nomes do cinema nacional, como Fernanda Montenegro e Selton Mello, contribui para a força dramática da narrativa. “Ainda Estou Aqui” oferece um retrato comovente da luta de Eunice Paiva contra a ditadura militar brasileira, enquanto enfrenta a angústia do desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva. O filme, ao explorar a resiliência, a busca por justiça e a importância da memória, consolida-se como uma obra de relevância histórica e artística, impulsionando a carreira de Olivia Torres.
Sua estreia no cinema foi no longa “Desenrola”, em 2010, em seguida atuou nos filmes “Somos tão Jovens”, “Confissões de Adolescente - O Filme” e “Continente”. Participou das novelas “Amor Eterno Amor”, “Saramandaia”, “O Rebu”, “Totalmente Demais”, “Tempo de Amar” e da série “As Canalhas”.
A atriz se prepara para um novo trabalho. O próximo papel será na sexta temporada da série “Sessão de Terapia”, com início das gravações previsto para este mês. Na nova temporada, ela interpretará a personagem Érica.
Leia a entrevista a seguir:
BE – Qual foi sua motivação para seguir a carreira de atriz?
Olivia Torres – Os meus pais já eram do meio artístico: meu pai é produtor de teatro, minha mãe atriz, então, sempre foi um ambiente muito familiar. Desde pequena eu brincava, dançava nos palcos e já estava acostumada com aquele mundo. Comecei bem nova, já que o primeiro trabalho foi aos 14 anos, como protagonista. A partir daí, fui me apaixonando cada vez mais pelo cinema. Atuar era meu sonho e sou grata por ter conseguido.
BE – Alguém em específico te inspirou de ser atriz?
Olivia Torres – Conforme a época e o que eu estou estudando, as inspirações vão mudando. Agora, estou dando uma revisada nos projetos do diretor dos Estados Unidos, John Cassavetes, que era casado com a atriz Gena Rowland. Atualmente, esses dois que estão sendo minhas principais inspirações. Além dos meus pais, claro.
BE – Na sua visão, qual a importância do filme “Ainda Estou Aqui” conquistar o primeiro Oscar para o Brasil?
Olivia Torres – É essencial que as pessoas saibam a história da família de Eunice, e consequentemente, a história brasileira. Por conta do filme, a certidão de óbito do Rubens Paiva foi corrigida, afirmando que foi morte violenta, causada pelo Estado brasileiro. Além disso, assim como o cinema coreano ficou mais conhecido quando “Parasita”, do diretor Bong Joon-ho, ganhou o Oscar em várias categorias, o cinema brasileiro também acaba ganhando bastante reconhecimento. Não só o cinema, mas a importância da história e da política brasileira.
BE – Você participou do filme ao lado de Fernanda Torres e outros artistas renomados. Como foi a experiência?
Olivia Torres – A Nanda é uma pessoa muito especial, muito doce e inteligente. Observo como ela se comporta, como trabalha e é, realmente, hipnotizante a maneira como está sempre pronta para criar, para atuar e conversar. Realmente, uma pessoa muito carinhosa e brilhante.
BE – E aprendizados desse projeto?
Olivia Torres – Nesse set, eu aprendi muito a como me sintonizar, respeitar meu tempo e me conectar ali com os outros atores. Muito disso, devido à Nanda (Fernanda Torres) e o Walter (Salles, diretor), pela paixão deles que inspirava a mim e a todos ali.
BE – Conte nos como era o clima nos bastidores das filmagens.
Olivia Torres – O clima era, praticamente, de muito compromisso de todos com o trabalho que tínhamos para fazer. Todos dando o seu melhor, olhando com calma tudo e criando intimidades ali, olhando nos olhos. No set, não podíamos usar celular, então, isso nos ajudava a criar conexões, a descobrir e aprender novas coisas, todos empenhados para fazer o seu melhor. Eu ficava ali, curiosa com tudo, mexia em algumas gavetas dos objetos que eram das cenas para ver se tinha alguma coisa nova para eu descobrir.
BE – Você tem algum hobby ou paixão que gosta de fazer no seu tempo livre?
Olivia Torres – Vejo filmes, leio vários livros, mas além disso, eu amo comer e cozinhar. Estou morando em São Paulo e aqui tem muitas opções diferentes de restaurantes. Esse eu acho que é meu maior hobby, nada muito especial, mas que eu, realmente, aprecio fazer.
BE – Como você enxerga a formação de artistas em Rio Preto? É possível se destacar mesmo estando no interior ou é preciso se deslocar para os grandes centros?
Olivia Torres – Não acompanho muito a cena de artistas rio-pretenses. Mas, hoje em dia, isso mudou. Há diversos projetos que são filmados em cidades diferentes. Você tem que criar conexões para participar de projetos. Mesmo não estando em uma cidade grande, basta você conseguir encontrar um grupo que você se identifique e consiga se destacar.
BE – Você tem alguma memória marcante em Rio Preto ou algum lugar da cidade que te traga boas memórias?
Olivia Torres – Ah, eu gosto muito de visitar as casas da minha família. Toda minha família, tios, primos e avós moram em Rio Preto. Pelo menos duas vezes ao ano vou visitar a minha família e nos divertimos muito. Tenho um grande carinho pela cidade.
BE – Se você pudesse dar um conselho para os atores de Rio Preto que estão começando a carreira, qual seria?
Olivia Torres – O principal conselho é encontre sua gangue, sua turma, porque é através dessas pessoas que você se conectar, que você irá encontrar projetos legais e que te conecte cada vez mais com esse mundo artístico. Estude muito também. Veja muitos filmes, estude sobre o cinema e se aprofunde bastante. Eu digo que só da para ser ator se você é apaixonado pelo cinema. Se você não se interessa tanto pelos assuntos do audiovisual, tem que repensar se é isso mesmo que você quer para o seu futuro. Para se destacar, tem que ler muito sobre cinema e assistir a muitos filmes, até para entender melhor sobre a sua atuação.
BE – Atualmente, você está envolvida em algum projeto? Poderia compartilhar alguns detalhes?
Olivia Torres – Agora que foi anunciada, eu já posso contar. Estou no elenco da 6ª temporada da série Sessão de Terapia. Eu estou muito, muito animada, pois era um trabalho que eu sempre quis participar, desde a primeira temporada. Sempre achei a série incrível e fiquei muito emocionada quando o Selton Mello me ligou para fazer parte. Vou fazer uma personagem de um episódio de segunda-feira, então, estou muito ansiosa e bem feliz.
BE – Como você vê o futuro da sua carreira? Existe algum papel ou gênero que você ainda não explorou e gostaria muito de vivenciar?
Olivia Torres – Terror era a minha principal vontade. Eu amo esse gênero, assisto muitos filmes de terror e era meu sonho trabalhar com ele. E eu consegui realizar esse sonho, gravando o filme “Continente”, que ganhou o prêmio de direção no Festival do Rio e diversos prêmios internacionais. Mas ainda tenho bastante vontade de participar de outros projetos de terror, é a minha paixão de atuação. Outro gênero que eu gostaria muito, e ainda não fiz, é musical. (Colaborou Eduarda Prieto)