Com uma trajetória que se entrelaça com a história do Sesi, Silvia Helena Marchi construiu, ao longo de décadas, uma relação que vai muito além do trabalho. De aluna e atleta na juventude a professora, gestora e hoje gerente regional do Sesi Rio Preto, ela testemunhou, e ajudou a construir, a evolução de uma instituição que transforma comunidades por meio da educação, cultura, esporte, saúde e qualidade de vida.
Com formação em gestão de políticas públicas, pedagogia, licenciatura em educação física, além de especializações em gestão no terceiro setor e em fisiologia, Silvia percorreu um caminho que vai da infância em uma vila industrial à gestão de uma das principais unidades do Sesi no Estado.
Casada há 36 anos com Benielte Moreira e mãe de Arthur e Maria, ela conta que gosta “de praticar esportes, atividades ao ar livre, yoga, leitura, e estou procurando outros hobbies, como cerâmica e costura”.
Ela compartilha os desafios e conquistas recentes, o compromisso com a democratização do acesso à cultura e os projetos que impulsionam jovens, artistas e atletas.
Leia a entrevista a seguir:
BE – Silvia, você tem uma trajetória longa e muito marcante dentro do Sesi. Como começou sua relação com a instituição?
Silvia Marchi – Minha relação com a instituição começou muito antes da minha trajetória profissional.
Fui criada numa Vila industrial na zona leste de São Paulo e o meu primeiro contato com o Sesi foi na unidade Catumbi (primeira unidade a proporcionar todos os serviços sociais em um local só). Membros da minha família utilizavam os programas de saúde, de economia doméstica, de esportes e eu tenho uma lembrança de quando era bem pequenininha de mãos dadas com a minha avó, caminhando pelos corredores daquela unidade.
Já adolescente comecei a praticar esportes e fui atleta do Sesi nessa mesma unidade. Sempre gostei muito da atividade física então cursei a faculdade de Educação Física. Um dia, trabalhando numa academia, uma colega disse que ia prestar um serviço para o Sesi. Ela me incentivou a entregar um currículo. Ingressei como professora na entidade ministrando aulas de natação, ginásticas e de outros esportes.
Depois trabalhei com o programa que hoje se chama Sesi Esporte, que é um programa de formação esportiva para crianças e adolescentes e fui seguindo minha carreira. Comecei a trilhar os rumos da gestão, coordenando a área de esportes na unidade Sesi A.E.Carvalho.
Fui para a sede do Sesi, onde passei por todos os cargos técnicos. Nesse momento procurei aprimorar minhas habilidades de gestão. Dirigi as áreas de esporte e saúde e tive a alegria de voltar para a unidade operacional, como gerente regional.
A minha relação com o Sesi é muito profunda porque ela não é só profissional, é uma relação de convivência nos espaços e ambientes e onde realmente a educação, cultura, a qualidade de vida, o esporte, a saúde e o bem-estar acontecem.
BE – Depois de tantos anos no Sesi, o que essa experiência te ensinou sobre empatia, liderança e propósito?
Silvia Marchi – Acredito que um propósito deve mover o ser humano. No Sesi, o propósito da entidade se alinha perfeitamente ao meu. Acredito num movimento constante e perene de evolução, de melhoria contínua, de obtenção de resultados audaciosos e alcance de patamares de excelência. Isso, no entanto, só é alcançado com pessoas. Pessoas alinhadas ao propósito, que confiam em seus gestores e são confiáveis aos seus liderados. A gestão das pessoas perpassa por princípios inegociáveis de verdade, honestidade, coerência e consistência. Todos os conhecimentos, habilidades e atitudes devem estar subordinados a esses princípios.
BE – O Sesi Rio Preto tem se destacado por democratizar o acesso à cultura, oferecendo espetáculos, exposições e oficinas gratuitamente. Qual é a importância de garantir esse acesso gratuito à população?
Silvia Marchi – É importante salientar que todas as ações na área de cultura são gratuitas. O acesso aos bens culturais é um dos preceitos do Sesi, no que tange à educação não formal. Poder oferecer à toda comunidade, de forma 100% gratuita, não apenas uma programação cultural, mas uma programação advinda de uma curadoria, com atrações de altíssima qualidade e que certamente irão acrescentar muito a cada pessoa, é um compromisso e algo que nos orgulha muito.
BE – Como é feita a curadoria das atrações culturais desde as exposições até os shows e espetáculos?
Silvia Marchi – Temos uma área técnica de Cultura, que atua na formação, produção e difusão nas diversas linguagens no campo da arte em todo o Estado. Essa ação resulta numa programação vibrante, diversificada e de ampliação de repertórios. A difusão da programação ocorre em mais de 50 unidades no Estado de São Paulo.
BE – Vocês também desenvolvem atividades formativas para artistas locais. Como essas ações contribuem para o fortalecimento da cena cultural regional?
Silvia Marchi – A contribuição do Sesi nesse cenário advém da valorização de diversos gêneros artísticos, com a seleção das iniciativas por meio de editais, num processo democrático e transparente. Além disso, vários grupos que se apresentam na cidade promovem oficinas e workshops gratuitos, o que é muito significativo.
BE – O Sesi é parceiro de eventos importantes como o FIT (Festival Internacional de Teatro de Rio Preto). Como você vê essa parceria e o impacto dela para o público e para os artistas?
Silvia Marchi – A parceria com o FIT já é uma tradição em nossa cidade. Ao apoiar iniciativas de democratização de acesso e propor uma programação abrangente e aderente ao FIT, consolidamos nossos objetivos de difusão da riqueza cultural do nosso País.
BE – Na sua opinião, o que diferencia o Sesi de outros espaços culturais, especialmente no interior do estado?
Silvia Marchi – O Sesi promove uma diversidade de experiências em sua programação: artes cênicas, música, cinema, exposições, literatura, além de cursos de formação em teatro e dança. Tudo 100% gratuito e acessível à população. Uma programação de altíssima qualidade para que todos possam ter acesso irrestrito.
BE – A missão do Sesi é muito ampla – envolve educação, cultura, saúde e lazer. Como vocês equilibram tudo isso para manter um impacto positivo na comunidade?
Silvia Marchi – São ações realmente muito diversas, mas que se consolidam por meio de um objetivo potente: melhorar a qualidade de vida das pessoas. Nesse sentido, tudo o que fazemos perpassa uma crença: educação forte, indústria forte, país forte.
Tudo isso é possível graças à indústria paulista, que criou, mantém e administra essa organização há quase oitenta anos.
BE – Quais projetos te deixaram mais orgulhosa recentemente?
Silvia Marchi – Temos muito orgulho dos resultados alcançados em nossas parcerias nos municípios da região, com os Programas de Alfabetização Responsável, Programa Alfabetiza Juntos, Escola de Robótica. Nossos alunos de Robótica seguem sendo premiados nas competições, temos três alunos que estudarão no Exterior com o Programa Passaporte para o Futuro.
Atingimos nossa meta de Matrícula no Programa de Educação de Jovens e Adultos (em parceria com o Senai). Nossos atletas da Natação e Badminton têm alcançado resultados expressivos no cenário Nacional e Internacional. Temos seis municípios da região premiados pelo Sesi com a implantação de um Espaço Sesi Maker. Enfim, realizamos muitas coisas e queremos ainda mais.
BE – Olhando para o futuro, quais são seus principais objetivos à frente do Sesi, o que ainda gostaria de realizar dentro da instituição?
Silvia Marchi – Tenho alguns projetos de formação de jovens lideranças, estamos tratando de pautas de equidade e diversidade e inclusão. Fomos certificados com o selo GPTW (Great Place to Work). Pretendo desenvolver ações de fortalecimento do propósito, engajamento e bem-estar.
BE – E para encerrar: o que você diria para alguém que ainda não conhece o Sesi ou acha que ele é “só para quem trabalha na indústria”?
Silvia Marchi – O Sesi é um universo de possibilidades: um espaço acolhedor, diverso, respeitoso. Nossas escolas possuem padrão de excelência, nossos atletas encontram espaço de desenvolvimento e evolução, nossos cursos e espetáculos alcançam milhares de pessoas. E qualquer pessoa pode fazer parte e frequentar nosso Centro de Atividades (CAT), não é preciso ser trabalhador da indústria. Temos diversos planos disponíveis, como o Plano Básico ou o Academia, por exemplo. Para mais informações basta acessar riopreto.sesisp.org.br/catsesiriopreto. Além disso, nossas instalações são abertas aos sábados e domingos para diversas atividades de lazer.
