MUSEU DA IMAGEM E DO SOM: UMA VIAGEM NO TEMPO
O Museu da Imagem e do Som (MIS), de Rio Preto, fundado pelo jornalista, músico e documentarista Fernando Marques, reúne mais de 1,5 mil peças que retratam a evolução dos meios audiovisuais e da memória rio-pretense. O local é um paraíso para os apaixonados por equipamentos raros que marcaram a história do rádio e do cinema.
Construído cuidadosamente ao longo de três décadas, o acervo conta com uma vasta coleção de câmeras filmadoras e fotográficas, incluindo modelos pioneiros do século XIX, além de rádios antigos de madeira e baquelite, rádios vitrolas, gramofones, grafonolas e projetores de filmes nos formatos 35 mm, 16 mm, 8 mm, Super 8 e 9,5 mm. Entre as raridades do museu também estão microfones históricos e gravadores de rolo e fita cassete, todos conservados e em perfeito estado de funcionamento.
No entanto, o maior patrimônio cultural e histórico do museu é o acervo de películas, com mais de 600 filmes, incluindo doações valiosas como as da família Curti, fundadora da maior rede de cinemas do interior paulista, do documentarista Aparecido Santana, que desde 1968 registrou mais de cinquenta cidades da região, e uma rica coleção de filmes brasileiros antigos, incluindo obras de diretores renomados como Glauber Rocha, Joaquim Pereira de Andrade, Alberto Cavalcanti e Amácio Mazzaropi.
Filho do saudoso Nelson Marques Alves, conhecido como Muca, Marques revela que iniciou o MIS de um jeito tão informal que jamais imaginou que acabaria reunindo uma quantidade e qualidade de peças como as que acabou juntando durante todos esses anos.
“Tudo começou com o equipamento de meu pai, que era fotógrafo e cinegrafista em Super 8. Eram apenas duas câmeras: uma fotográfica, Pentax K1000, e uma filmadora em Super 8, Canon. Além disso, havia filtros, lentes, flashes e dois projetores. Só. Quando vejo o MIS hoje, com um acervo de mais de 1.500 peças, tudo funcionando, sinto um orgulho enorme. Tem as digitais de muita gente lá”, afirma Marques.
Segundo o jornalista, o MIS funcionou por muitos anos em um espaço limitado no centro da cidade, onde as visitas eram permitidas apenas mediante agendamento e para um número reduzido de pessoas. Atualmente, o museu ocupa uma casa inteira, com amplos ambientes e um acervo cuidadosamente catalogado para oferecer aos visitantes uma experiência mais acessível e completa na história da imagem e do som.
Valor inestimável
Com o propósito de reorganizar sua coleção, o técnico em projetores cinematográficos, pesquisador e restaurador de equipamentos de fotografia e cinema Ubirajara Zambotto manteve uma parceria com o MIS. Para o especialista, o museu não tem valor inestimável apenas para o entorno ou para as pessoas de Rio Preto, mas para toda a humanidade, uma vez que os museus são locais que promovem o surgimento de novas ideias. Ele destaca que o local abriga itens tão antigos que, para a maioria das pessoas, parecem ser novidades.
Segundo Zambotto, o museu desempenha um papel fundamental, especialmente para adolescentes e estudantes. “Uma coisa é conhecer um equipamento, um objeto, através da internet, por meio de uma imagem. Outra é vê-lo de perto, frente a frente, podendo muitas vezes tocá-lo e observá-lo em todas as suas dimensões. Isso é muito impactante, pois, ao longo dos anos em que acompanho essas exibições e mostras, percebo que as pessoas saem encantadas. E o MIS é um lugar de encantamento”, afirma.
Para o fotógrafo profissional Jorge Maluf Filho, que tem 60 anos de experiência na área, o MIS tem uma importância extraordinária. O museu oferece uma rica coleção que abrange segmentos que os mais jovens não tiveram a chance de conhecer. Entre os itens, ele destaca câmeras fotográficas e filmadoras das décadas de 1920 e 1930, rádios e até um gramofone à manivela do século passado, além de peças que datam de 50 a 100 anos, muitas das quais são inéditas para a maioria das pessoas.
“Todo o acervo — desde aparelhos de som até câmeras e filmadoras — está em perfeito estado de funcionamento. Isso é admirável, já que muitos museus possuem peças quebradas ou malconservadas; no MIS, tudo está muito bem preservado. É fundamental para que as pessoas vejam o progresso que tivemos, desde o início do telefone até a era digital. Tenho um profundo respeito pelo trabalho que Fernando Marques iniciou e sugiro que todos que ainda não conhecem o museu, faça uma visita. O que ele tem lá é uma prova viva do que aconteceu, e daquela forma, jamais voltará a ser”, ressalta Maluf.
Conheça o MIS
O Museu da Imagem e do Som (MIS) de Rio Preto tem duas unidades, o acervo permanente fica na Delegado Pinto de Toledo 2635, Centro, e a praça de eventos está situada na rua Albuquerque Pessoa, nº 189, Vila Santo Antônio. Para mais informações e consultar a programação completa, visite o site www.misfernandomarques.com ou acesse o perfil no Instagram @misfernandomarques. O telefone para contato é o (17) 99733-1555.