Com mais de 60 anos de história, a Banda Regimental de Música (BRM) do Comando de Policiamento do Interior Cinco (CPI-5) é um dos patrimônios históricos de São José do Rio Preto. O tombamento, ocorrido em 2014, simboliza o reconhecimento e o apreço da cidade e de seus representantes pelo trabalho desenvolvido ao longo de sua trajetória. O título foi recebido pela instituição com grande celebração, especialmente por coincidir com o cinquentenário da banda.
Fundada em 1964, a banda realizou sua primeira apresentação pública no desfile de 7 de setembro daquele ano, ao som do Dobrado Militar “Soldado Mineiro”. “Tudo começou com alguns alunos do curso de formação de soldados, que, utilizando instrumentos próprios, começaram a ensaiar e tocar os primeiros acordes de marchas, dobrados e hinos pátrios, tendo como mestre o então 2º Sargento PM José Lopes de Carvalho, que iniciou um trabalho que perdura até hoje”, afirma o 2º Sargento PM Gustavo Camargo, que, aos 50 anos, assumiu em 1º de janeiro deste ano, o comando da BRM. “Ingressei na Polícia Militar em 1996 e, desde 2001, faço parte da Banda Regimental de Música, onde atuo há 24 anos”, destaca.
Camargo ressalta que, ao longo de sua história, a BRM participou de grandes eventos da cidade, incluindo inaugurações de obras importantes, como o Viaduto Jordão Reis e a instalação da Bandeira Nacional no trevo das rodovias Washington Luís e BR-153. Além disso, a banda também já esteve presente em recepções a autoridades, como presidentes da República, governadores e membros do corpo consular de países como Japão, China, Espanha e Itália.
Além do repertório militar, que inclui hinos pátrios, voltado principalmente ao público interno, a BRM também oferece uma programação diversificada, cuidadosamente selecionada pelo maestro e pelos músicos, com o objetivo de agradar a todos os públicos, com uma ampla variedade de estilos musicais e ritmos. “O estilo mais solicitado nas apresentações é o sertanejo raiz, com clássicos como ‘Boate Azul’, ‘Ainda Ontem Chorei de Saudade’ e ‘Estrada da Vida’, que não podem faltar”, revela Camargo.
Anualmente, a banda realiza cerca de 120 apresentações, marcando presença em eventos militares, comemorações de aniversários de cidades, visitas a asilos, escolas municipais e estaduais, além de instituições sem fins lucrativos. O maior público registrado em uma apresentação foi de aproximadamente 3.000 pessoas, durante o Rodeo Country Bulls.
Segundo Camargo, o principal desafio atualmente é a formação do efetivo. Para ingressar na banda, o candidato precisa passar pelo processo seletivo para soldado, assumir a função de policial militar e, em seguida, realizar um exame de qualificação técnica. Somente após ser aprovado, ele se torna apto a ingressar em uma das bandas espalhadas pelo estado e, havendo vagas, pode ser convocado para integrar o quadro. “Como não temos uma escola de formação de músicos, tem se tornado um desafio encontramos profissionais qualificados e com o conhecimento musical necessário para compor nosso efetivo”, explica.
Missão nobre
Ao longo de décadas, mais de 150 músicos passaram pela Banda Regimental de Música do CPI-5, que atualmente é composta por 13 integrantes, incluindo o maestro e 12 músicos. Um deles é o Cabo Luiz Antonio Martimiano de Oliveira, de 42 anos, que atua como trompetista. Desde a adolescência, ele frequentava os ensaios no quartel, onde desenvolveu uma admiração profunda pelo trabalho da banda. “Já se passaram 15 anos desde que ingressei nesta corporação tão especial e única, que atua na região noroeste paulista, sob o comando do Interior 5. Fazer música levando o distintivo da Polícia Militar no peito é algo que tem completado minha trajetória de vida que um dia sonhei e hoje realizo esse sonho”, destaca.
Para o policial militar Wescley Viana dos Santos, de 35 anos, que integra a corporação há 12 anos e a BRM desde 2017, fazer parte tanto da Polícia Militar quanto atuar como músico na banda, é motivo de grande orgulho. “Sempre vi na banda da polícia militar um exemplo tanto de profissionalismo quanto de nobreza na missão que exercem. Temos a oportunidade de levar não apenas música e cultura às pessoas, mas também proporcionar um pouco de alegria. Realizamos diversas ações sociais em prol da comunidade, e meu sentimento é de gratidão. Espero sempre poder colaborar e fazer parte desse grupo, que tem uma missão tão nobre”, afirma.
