Mapa da IA no Brasil

A Inteligência Artificial Generativa (GenAI) transcendeu o status de tendência e se consolidou como um motor de transformação global. Seu potencial pode injetar até US$ 4,4 trilhões anuais na economia, segundo estimativas do Fórum Econômico Mundial em 2025. No Brasil, a pesquisa "O mapa da GenAI no Brasil", conduzida pelo TEC.Institute em parceria com a MIT Technology Review , revela um descompasso entre o entusiasmo da discussão e a maturidade da implementação em nosso país.
O primeiro ponto de atenção é o pilar Estratégia e Liderança. A GenAI está no radar: 73% das organizações já debatem o tema em fóruns de decisão. Nas grandes empresas, esse índice se aproxima de 89%.
Contudo, a discussão não se traduz em planos formais. Mais da metade dos respondentes (52,6%) está apenas em fase de construção de uma estratégia , e 31,4% sequer iniciaram o processo. Apenas 15,9% afirmam ter uma estratégia formal implementada.
A liderança dedicada ao tema também é escassa. A adoção é uma função compartilhada por equipes internas em 47,3% das empresas. Há uma carência de frameworks claros e consistentes, com 27,5% das organizações sem um responsável definido para a estratégia.
Avançando para Capacitação e Cultura Técnica , outro gargalo crucial é a preparação dos profissionais. A GenAI exige a capacidade de desenvolver talentos internos.
O cenário de capacitação interna é preocupante. Apenas 17,7% das equipes envolvidas na jornada de GenAI possuem um alto nível de conhecimento. A maior parte se concentra nos níveis médio (35,4%) e baixo (35,4%) , havendo ainda 7,5% com capacitação nula.
A baixa maturidade de treinamento potencializa o risco do chamado Shadow AI. Esta é a prática na qual colaboradores utilizam ferramentas de IA sem o conhecimento formal da empresa. Tal comportamento pode distorcer a percepção da liderança sobre o domínio da tecnologia pelas equipes e aumentar a exposição a riscos de segurança e compliance.
Outro aspecto que merece atenção é o pilar Implementação e Integração. A transformação da GenAI exige a capacidade de integrar a tecnologia aos processos existentes de forma estratégica. Os dados mostram que 36,7% das empresas estão na fase de projetos-piloto , 25,7% têm integração parcial , e 29,7% não apresentaram quaisquer iniciativas. Apenas 7,9% afirmam ter alcançado a integração total. Embora a implementação aconteça, apenas 5% das empresas tiveram retorno concreto sobre o investimento (ROI).
Por fim, o panorama nos leva à reflexão sobre a posição do Brasil no ecossistema global. O país opera majoritariamente com ferramentas que dependem de modelos e infraestruturas desenvolvidas no exterior. Essa dependência gera vulnerabilidade estratégica e econômica.
O futuro da GenAI no Brasil será definido pelas decisões que transformarão a intenção estratégica em ação ágil, com preparo técnico e responsabilidade ética. Superar a escassez de profissionais qualificados, a ausência de governança e os conflitos internos é crucial para garantir que o país não se restrinja ao consumo passivo de tecnologias estrangeiras.